Campanha explica por que algumas mulheres acompanham atentamente a Copa do Mundo
Levantamentos realizados na Costa Rica e na Inglaterra apresentam lado sombrio do Mundial; agência inglesa faz o alerta
No fim do comercial, depois do olhar aterrorizado da mulher (a Inglaterra foi eliminada ainda na fase de grupos), o texto é: “Ninguém, mais do que as mulheres, gostaria que a Inglaterra tivesse ganhado na Copa do Mundo. A violência doméstica aumenta 38% quando a seleção sai da competição mundial.”
A campanha foi criada pela instituição Tender Education and Arts. “Ânimos exaltados com o jogo e maior consumo de bebidas deixam as emoções à flor da pele, mas nada disso justifica a violência. Queremos que pessoas e organizações se levantem e digam que não há 'desculpa'”, explicam os organizadores.
A mesma pesquisa que apontou o dado de 38% (quando o time é derrotado no Mundial) indica ainda que, mesmo diante de uma vitória da seleção nacional, as ocorrências aumentam 26%. Pesquisadores da Universidade de Lancaster acompanharam as últimas três competições e destacam, no estudo, a necessidade de criação de campanhas educativas e de novos planos para prevenir e coibir a violência doméstica.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) cerca de 70% das mulheres do mundo sofrem algum tipo de violência no decorrer da vida. Além disso, uma em cada cinco mulheres será vítima de estupro ou tentativa de estupro, por desconhecidos, pelo companheiro ou por pessoas de seu círculo social.
A seleção da Costa Rica só caiu nas quartas de final diante da Holanda no último sábado, em campanha inédita e surpreendente. Mas, fora de campo, o resultado foi semelhante ao inglês: o número de casos de violência de gênero também explodiu. A polícia local registrou uma média de 300 ocorrências em cada um dos dias de jogos do time nacional. Em relação a dias comuns, o crescimento foi de 200%.
Os próprios jogadores realizaram uma campanha nas redes sociais, com mensagens contra a violência.
Para saber mais sobre as várias formas de violência contra a mulher, leia:
Assédio na rua: 'mimimi' de rede social ou violência contra a mulher?