Qual é o limite do corpo?
É difícil definir até que ponto o ser humano suporta atividades extremas. O jornal Estado de Minas foi atrás de atletas que se superam em busca de adrenalina e felicidade
Paula Takahashi
Publicação:13/07/2014 08:00Atualização: 13/07/2014 09:32
É por conta dessa briga que parece não ter fim que a enfermeira e atleta Carla Goulart, de 38 anos, ainda não foi capaz de definir qual é o seu limite. Daqui a duas semanas, ela vai passar por mais uma prova de fogo em busca dessa resposta. O cenário não poderia ser mais inóspito: o Vale da Morte, deserto no estado norte-americano da Califórnia, onde a temperatura pode chegar facilmente aos 50 graus centígrados com umidade que gira em torno de 30% a 40%. Serão de 30 a 40 horas correndo com paradas apenas para ir ao banheiro. Até mesmo as refeições serão realizadas ao longo do percurso de 135 milhas, o equivalente a 217 quilômetros. “Acho que todo mundo tem limites. A diferença é que quando eu os supero, crio novos”, afirma.
Carla não está sozinha no que, para quem houve sua história, parece ser uma grande loucura. A jornalista Daniela Santarosa, de 37, e o empresário Fernando Nogueira, de 55, também competem nas chamadas ultramaratonas – provas com distância acima de 42 quilômetros – ao redor do mundo e reconhecem que, mais do que vontade, há uma predisposição para esse tipo de atividade. “É uma fórmula diferente em que a pessoa tem mais resistência do que velocidade. Tem relação com a genética, mas também envolve muito treino, dedicação, foco, força de vontade e um pouco de teimosia”, afirma Fernando. Para Daniela, a vibração no momento exato da conquista também dá início a uma série de questionamentos. “E agora? Qual será a próxima?”
VICIADOS
“A adrenalina que senti foi uma energia que ainda não havia experimentado. E isso virou um vício saudável: perseguir meus limites e liberar endorfina.” O sentimento que despertou o advogado Thiago Torres, de 32, para a corrida veio à tona quando ele concluiu sua primeira prova de 10 quilômetros, há quatro anos. Hoje, com os 21 quilômetros recém-superados, ele começa a traçar seu caminho rumo à prova Ironman 70.3, que consiste em 1,9km de natação, 90km de ciclismo e 21km de corrida. “Superar esse desafio é o que me movimenta. É o que me permite encontrar a plenitude e ser feliz”, conta, com brilho nos olhos e determinação que parece caber apenas aos atletas patrocinados, mas que Thiago mostra que pode fazer parte da vida de qualquer pessoa, basta querer e se preparar para isso.
O advogado Thiago Torres é movido a desafios e se prepara agora para o Ironman 70.3, prova que inclui natação, ciclismo e corrida
Saiba mais...
A resposta é tão diversa quanto as pessoas que se propõem a responder essa pergunta. Para alguns, dedicar uma hora, três vezes por semana, a uma atividade física é o máximo. Outros não veem problema em treinar todos os dias. Há quem corra cinco quilômetros e esgote as energias, enquanto os maratonistas ainda têm fôlego de sobra. A grande diferença entre esses perfis não está apenas no condicionamento físico, mas também na forma como encaram o limite apresentado pelo corpo e na própria predisposição para atividades extremas. Enquanto para muitos esse é o ponto de chegada e marca o fim do treinamento, para um grupo de aficionados por adrenalina é apenas o início de uma batalha travada com a mente para ir além e fixar novos desafios a serem superados.- Boas lembranças de atividades físicas feitas na infância ajudam adultos a não se tornarem sedentários
- Atividade física regular aumenta em sete vezes chance de envelhecer em forma e com saúde
- Predisposição do corpo para atividades intensas explica melhor desempenho
- Atletas de alta performance travam uma luta diária para melhorar seu desempenho e testar os próprios limites
É por conta dessa briga que parece não ter fim que a enfermeira e atleta Carla Goulart, de 38 anos, ainda não foi capaz de definir qual é o seu limite. Daqui a duas semanas, ela vai passar por mais uma prova de fogo em busca dessa resposta. O cenário não poderia ser mais inóspito: o Vale da Morte, deserto no estado norte-americano da Califórnia, onde a temperatura pode chegar facilmente aos 50 graus centígrados com umidade que gira em torno de 30% a 40%. Serão de 30 a 40 horas correndo com paradas apenas para ir ao banheiro. Até mesmo as refeições serão realizadas ao longo do percurso de 135 milhas, o equivalente a 217 quilômetros. “Acho que todo mundo tem limites. A diferença é que quando eu os supero, crio novos”, afirma.
Carla não está sozinha no que, para quem houve sua história, parece ser uma grande loucura. A jornalista Daniela Santarosa, de 37, e o empresário Fernando Nogueira, de 55, também competem nas chamadas ultramaratonas – provas com distância acima de 42 quilômetros – ao redor do mundo e reconhecem que, mais do que vontade, há uma predisposição para esse tipo de atividade. “É uma fórmula diferente em que a pessoa tem mais resistência do que velocidade. Tem relação com a genética, mas também envolve muito treino, dedicação, foco, força de vontade e um pouco de teimosia”, afirma Fernando. Para Daniela, a vibração no momento exato da conquista também dá início a uma série de questionamentos. “E agora? Qual será a próxima?”
VICIADOS
“A adrenalina que senti foi uma energia que ainda não havia experimentado. E isso virou um vício saudável: perseguir meus limites e liberar endorfina.” O sentimento que despertou o advogado Thiago Torres, de 32, para a corrida veio à tona quando ele concluiu sua primeira prova de 10 quilômetros, há quatro anos. Hoje, com os 21 quilômetros recém-superados, ele começa a traçar seu caminho rumo à prova Ironman 70.3, que consiste em 1,9km de natação, 90km de ciclismo e 21km de corrida. “Superar esse desafio é o que me movimenta. É o que me permite encontrar a plenitude e ser feliz”, conta, com brilho nos olhos e determinação que parece caber apenas aos atletas patrocinados, mas que Thiago mostra que pode fazer parte da vida de qualquer pessoa, basta querer e se preparar para isso.