Estudo revela tratamento anti-HIV pode ajudar a prevenir esclerose múltipla
Sintomas da esclerose desapareceram depois de terapia com antirretrovirais. Novos trabalhos são necessários para demonstrar se o benefício inesperado se deve ao vírus ou à medicação usada para combatê-lo
AFP - Agence France-Presse
Publicação:05/08/2014 08:37Atualização: 05/08/2014 08:45
Se trabalhos posteriores confirmarem este vínculo, este poderá ser um grande avanço no combate à esclerose múltipla, escreveram os cientistas no periódico Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry. A EM é uma doença degenerativa que afeta o cérebro e o sistema nervoso central, no qual o próprio sistema imunológico começa a atacar o revestimento gorduroso isolante em volta das fibras nervosas. Os sintomas variam de torpor e formigamento a fadiga muscular e espasmos, câimbras, náusea, depressão e perda de memória.
Em 2011, médicos reportaram o caso de um homem australiano de 26 anos, diagnosticado com EM alguns meses depois de ter a infecção por HIV confirmada. Os sintomas da esclerose desapareceram completamente depois que o paciente começou a tomar medicamentos anti-HIV e manteve a medicação durante os 12 anos seguintes em que sua saúde foi monitorada. Esta pesquisa se seguiu a um estudo dinamarquês, que tentou verificar se medicamentos anti-retrovirais podem tratar ou retardar o avanço da EM, mas o tamanho da amostra era pequeno demais para se chegar a uma conclusão sólida.
No estudo mais recente, uma equipe australiana chefiada por Julian Gold, professor do Hospital Príncipe de Gales, em Sydney, analisou um banco de dados britânico, descrevendo detalhes do tratamento hospitalar na Inglaterra entre 1999 e 2011. Durante esse período, mais de 21 mil pessoas que foram tratadas no hospital tinham HIV. Elas foram comparadas com um grupo de cerca de 5,3 milhões de pessoas que não tinham HIV e foram tratadas de problemas menos graves e ferimentos.
No grupo dos soropositivos, apenas sete pessoas desenvolveram EM nos anos seguintes, muito menos que os 18 esperados, o que representou uma redução de risco de quase dois terços. Os autores admitiram a fragilidade de seu estudo, uma vez que eles não tinham ideia, por exemplo, se os pacientes com HIV tomaram medicação anti-retroviral para suprimir o vírus. Eles especulam que a EM pode ter se abrandado porque o sistema imunológico é recolocado no controle, embora novos trabalhos sejam necessários para demonstrar se o benefício inesperado se deve ao vírus ou à medicação usada para combatê-lo.
Saiba mais...
Cientistas anunciaram nesta segunda-feira que possuem evidências estatísticas para apoiar uma nova teoria de que a infecção pelo vírus da Aids pode reduzir o risco de esclerose múltipla (EM). Eles descobriram que soropositivos ingleses são estatisticamente menos propensos a desenvolver a EM do que a população em geral.- Ministério da Saúde incorpora fingolimode para tratamento da esclerose múltipla no SUS
- Proteína liga mulheres à esclerose múltipla
- Novos remédios chegam ao Brasil com a promessa de aliviar a esclerose múltipla
- Vitamina D pode amenizar sintomas de doenças como Parkinson e esclerose múltipla
- Paciente de esclerose múltipla usa dança para superar a doença
- Ator acometido pela esclerose múltipla dá a volta por cima e conta sua história em livro e peça teatral
Se trabalhos posteriores confirmarem este vínculo, este poderá ser um grande avanço no combate à esclerose múltipla, escreveram os cientistas no periódico Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry. A EM é uma doença degenerativa que afeta o cérebro e o sistema nervoso central, no qual o próprio sistema imunológico começa a atacar o revestimento gorduroso isolante em volta das fibras nervosas. Os sintomas variam de torpor e formigamento a fadiga muscular e espasmos, câimbras, náusea, depressão e perda de memória.
Em 2011, médicos reportaram o caso de um homem australiano de 26 anos, diagnosticado com EM alguns meses depois de ter a infecção por HIV confirmada. Os sintomas da esclerose desapareceram completamente depois que o paciente começou a tomar medicamentos anti-HIV e manteve a medicação durante os 12 anos seguintes em que sua saúde foi monitorada. Esta pesquisa se seguiu a um estudo dinamarquês, que tentou verificar se medicamentos anti-retrovirais podem tratar ou retardar o avanço da EM, mas o tamanho da amostra era pequeno demais para se chegar a uma conclusão sólida.
No estudo mais recente, uma equipe australiana chefiada por Julian Gold, professor do Hospital Príncipe de Gales, em Sydney, analisou um banco de dados britânico, descrevendo detalhes do tratamento hospitalar na Inglaterra entre 1999 e 2011. Durante esse período, mais de 21 mil pessoas que foram tratadas no hospital tinham HIV. Elas foram comparadas com um grupo de cerca de 5,3 milhões de pessoas que não tinham HIV e foram tratadas de problemas menos graves e ferimentos.
No grupo dos soropositivos, apenas sete pessoas desenvolveram EM nos anos seguintes, muito menos que os 18 esperados, o que representou uma redução de risco de quase dois terços. Os autores admitiram a fragilidade de seu estudo, uma vez que eles não tinham ideia, por exemplo, se os pacientes com HIV tomaram medicação anti-retroviral para suprimir o vírus. Eles especulam que a EM pode ter se abrandado porque o sistema imunológico é recolocado no controle, embora novos trabalhos sejam necessários para demonstrar se o benefício inesperado se deve ao vírus ou à medicação usada para combatê-lo.