Hipnose acelera o tempo de tratamento de fobias

Medo de dentista, de avião, gagueira, ansiedade e doenças psicossomáticas podem ser solucionadas com a terapia

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Zulmira Furbino Publicação:06/03/2015 11:00Atualização:05/03/2015 11:15
Psiquiatra Sofia Bauer explica que a técnica é usada sem abrir mão de medicamentos (Manoel Guimarães/Divulgação)
Psiquiatra Sofia Bauer explica que a técnica é usada sem abrir mão de medicamentos
Se ao ouvir falar sobre hipnose a primeira coisa que vem à sua cabeça é uma regressão a vidas passadas ou um espetáculo, esqueça. A ideia de usar a técnica para voltar a suspostas existências anteriores e assim resolver traumas do presente ficou para trás. Hoje, a hipnose é uma ferramenta utilizada por psicólogos e psiquiatras como auxiliar em processos de terapia com o objetivo de ampliar a consciência do paciente, abrindo caminhos para desatar problemas psíquicos e psicossomáticos que demandam soluções mais rápidas. Entram nessa lista desde o medo de dentista, de avião, gagueira, ansiedade, crises de pânico, dores crônicas, vício de fumar, alívio de sintomas no tratamento do câncer até o uso de drogas, problemas sexuais, tiques nervosos e doenças psicossomáticas como bronquite, enxaqueca, úlceras, doenças de pele e doenças intestinais.

Pesquisa sobre o uso da hipnose na odontologia, realizada pela Universidade do Vale do Sapucaí em Pouso Alegre, no Sul de Minas, com 40 pacientes, a maioria deles com medo de dentista, mostrou que 94,87% registraram redução da tensão e do medo depois de passar por uma sessão de hipnose e 87,17% reduziram os níveis de ansiedade. A pesquisa visa aumentar o bem-estar do paciente e desenvolver uma odontologia humanizada. Dessa forma, os pacientes podem chegar ao consultório odontológico sem medo, que muitas vezes chega a ser paralisante. Segundo a cirurgiã-dentista Marisa Breias, que faz parte da equipe que conduziu o estudo, a técnica reduz o tempo de cadeira, a ocorrência de edemas e sangramento, a salivação e a dor. “A consequência disso é que o uso do anestésico diminui, o número de intercorrências é menor, a ansiedade baixa e até a pressão arterial do paciente reduz durante o tratamento”, afirma. O método, segundo ela, também potencializa a cicatrização e melhora o período pós-operatório.

RESPOSTAS

A ideia de aliar a hipnose à psicoterapia é acelerar o processo de tratamento de traumas, o que, de acordo com a pessoa e com o problema, pode levar de algumas sessões a alguns meses. De acordo com a psiquiatra e hipnoterapeuta Sofia Bauer, que estudou o método nos Estados Unidos e o aplica no Brasil desde 1994, o objetivo é permitir que o paciente entre em estado de relaxamento, mesmo estando inteiramente acordado, porém mais voltado para os seus verdadeiros sentimentos. “Durante a hipnose, a velocidade do cérebro diminui, o que permite que haja conexões mais bem feitas entre os neurônios, que se conectam com mais facilidade e dão respostas mais rápidas aos problemas, cujas soluções os pacientes não viam antes”, observa. Ela explica que o tratamento é feito sem abrir mão de medicamentos psiquiátricos, mas auxilia no tratamento psicoterápico, dando mais força ao paciente para o enfrentamento dos problemas.

“Usamos a hipnose como ferramenta de relaxamento para levar a pessoa a focar na solução dos seus problemas. São técnicas psicossensoriais inovadoras, associadas à sinesiologia, que atuam em pontos específicos onde alguém fica 'travado'. O destravamento desses pontos está associado a memórias traumáticas que vão se limpando quando se associa a psicoterapia à hipnose”, afirma a psiquiatra. O uso da hipnose é feito para acelerar o processo de terapia e encurtar o tempo de tratamento. O tempo varia de acordo com a pessoa e o problema, de uma sessão a alguns meses de trabalho. As consultas têm duração de uma hora e nelas se trabalha em hipnose por 30 minutos ou mais.

O hipnoterapeuta Alessandro Baitello, fundador da rede Clínica de Hipnose, em São Paulo, trabalha com a hipnose para ajudar seus pacientes a deixar de fumar. “As pessoas procuram a hipnose porque é um tratamento mais breve, que vai direto ao subconsciente”, explica. De acordo com ele, o tratamento dura até sete sessões. No processo, não há regressão a vidas passadas e sim o que ele chama de “regressão científica”. “No caso de quem quer parar de fumar, a hipnose é recomendada porque os vícios são químicos, mas têm espaço na vida de uma pessoa por meio do seu emocional”, afirma. De acordo com ele, muitas pessoas, mais do que viciadas em tabaco, têm o vício gestual de pegar o cigarro e o pôr entre os dedos. “É a falta emocional que a hipnoterapia clínica consegue detectar”, observa. No caso do cigarro, segundo ele, 55% dos pacientes têm sucesso no tratamento, mas é mais eficaz quando a pessoa está realmente decidida a parar de fumar.

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