Mesmo proibido, formol continua sendo vendido para fins estéticos

O uso do formaldeído para fins estéticos, como alisamento de cabelos, além de ser crime, é um risco à saúde

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Agência Estado Publicação:23/03/2015 11:16Atualização:23/03/2015 11:24
Especialistas alertam que é impossível fazer qualquer mudança naquilo que é natural, sem evitar as consequências  (Cristina Horta/EM/D.A Press)
Especialistas alertam que é impossível fazer qualquer mudança naquilo que é natural, sem evitar as consequências
Mesmo com a comercialização proibida desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), formol e derivados continuam sendo vendidos e consumidos sem qualquer restrição. O uso do formaldeído para fins estéticos, como alisamento de cabelos, além de ser crime, é um risco à saúde.

Com uma rápida busca na internet, a reportagem  chegou a uma indústria de produtos químicos de Guarulhos, na Grande São Paulo, na qual é possível negociar até 60 litros do produto. Por telefone, a vendedora ofereceu o produto. Identificada apenas como Rosângela, ela reconheceu que a venda é ilegal, mas garantiu emissão de nota fiscal.

Celso Martins é proprietário de uma indústria de cosméticos em São Paulo e, há dez anos, iniciou uma campanha contra o uso do formol. Ele diz ter sofrido diversas ameaças. "O mercado negro do formol é conhecido por todos. É escancarado e eu acredito que jamais terá fim", disse o empresário.

Ele explica que o uso do formol nos centros de beleza acontece por vários motivos, mas os principais seriam o fator estético e a fácil aplicação. Segundo Martins, o produto cria uma capa no fio, proporcionando uma beleza superficial e escondendo a real situação do cabelo.

Vítimas
A presidente do Sindicato dos Cabeleireiros de São Paulo, Maria dos Anjos Mesquita, conta que o afastamento de profissionais do setor em decorrência do uso de formol, infelizmente, é comum. Os casos apontados vão de questões respiratórias a doenças crônicas.

Maria dos Anjos alerta para o perigo de substâncias tão ou mais danosas quanto o formol, que chegaram para substituí-lo, como o ácido glioxílico. "Enquanto a sociedade ainda discute o formol, nós assistimos passivamente à chegada ao mercado de produtos tão ou mais nocivos do que ele."

Procuradas pela reportagem, a Anvisa e a Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), da Prefeitura de São Paulo, não se manifestaram.

Câncer
A exposição prolongada ao formol pode causar desde feridas na boca e narina a doenças mais graves, como câncer de faringe, laringe, traqueia e brônquios. O alerta é da médica e representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia Prisicila Kakizaki. Para ela, "é impossível fazer qualquer mudança naquilo que é natural, sem sofrer uma agressão".

Especialistas destacam que o odor da substância é muito forte e característico.

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