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Relatório da ONU constata que salário da mulher é 24% mais baixo que do homem na mesma função

Desigualdade de gênero no mercado de trabalho persiste. Relatório divulgado pela ONU destaca avanços no Brasil

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Agência Brasil Publicação:27/04/2015 14:09Atualização:27/04/2015 14:29
No Brasil, a proporção das mulheres com carteira assinada aumentou de 30% para 35% (	Glauco Spindola/DP/D.A Press)
No Brasil, a proporção das mulheres com carteira assinada aumentou de 30% para 35%
O relatório Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: Transformar as economias para realizar os direitos, divulgado hoje (27) pela ONU [Organização das Nações Unidas] Mulheres, mostra que no mundo, em média, os salários das mulheres são 24% inferiores aos dos homens. “As mulheres continuam recebendo em todo o mundo um salário diferente pelo mesmo tipo de trabalho e têm menores probabilidades que os homens de receber uma pensão, o que resulta em grandes desigualdades em termos de recursos recebidos ao longo da vida”, informa o documento.

O estudo mostra que 50% das mulheres com idade para trabalhar fazem parte da população ativa. No caso dos homens, o índice é 77%. A pesquisa revela que em todas as regiões do mundo as mulheres fazem quase duas vezes e meia mais trabalho doméstico e de cuidados de outras pessoas não remunerados que os homens. Segundo a ONU, as mulheres são responsáveis por uma carga excessiva de trabalho doméstico não remunerado referente aos cuidados com filhos, com pessoas idosas e doentes e com a administração do lar.

Para a organização, o período atual representa um tempo de riquezas sem precedentes mas, apesar disso, as mulheres ainda ocupam os empregos com menores remunerações e menos qualificados e continuam a viver em condições mais precárias de saúde, acesso à água e saneamento. O documento informa que frequentemente os direitos econômicos e sociais das mulheres são limitados porque elas vivem em um mundo machista e com práticas discriminatórias.

“Os recursos públicos não estão indo para a direção onde são mais necessários: por exemplo, para a água potável e saneamento, cobertura de saúde com qualidade e serviços decentes de cuidados de crianças e idosos. Onde não há serviços públicos, o déficit recai sobre mulheres e meninas”, disse, em nota, a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka.

O relatório reconhece que houve avanços desde 1995, quando foi realizada a 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher, em Pequim. O número de meninas na escola e de mulheres que fazem trabalhos remunerados aumentou e a luta contra a violência doméstica entrou na agenda política. “Esse avanços demonstram que é possível reduzir as desigualdades de gênero por meio da atuação pública”, diz o texto.

A pesquisa recomenda dez prioridades para a ação pública com o objetivo de diminuir a desigualdade. Ressalta, ainda, que as políticas econômicas e sociais devem trabalhar em conjunto. Entre as recomendações estão a geração de trabalho decente e a redução da disparidade salarial entre homens e mulheres, o fortalecimento dos mecanismos de proteção social ao longo da vida, a redução e a redistribuição do trabalho doméstico e o investimento em serviços sociais com foco nas mulheres.

O Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016 é publicado no momento em que, para comemorar os 20 anos da Plataforma de Ação de Pequim, a ONU Mulheres propôs aos países uma avaliação dos avanços alcançados com a implementação do documento. O processo recebeu a denominação de Pequim+20.

Considerado o projeto mais abrangente sobre o tema, a plataforma foi adotada por 189 governos e indica medidas relacionadas a 12 áreas temáticas para que os países avancem na busca pela igualdade de gênero.

No Brasil
O Brasil é um dos países em destaque no relatório divulgado hoje pela ONU. O estudo mostra que de 2001 a 2009 a taxa de participação da mulher na população ativa subiu de 54% para 58% no país. Além disso foi ampliada a cobertura de proteção social com empregos com carteira de trabalho. A proporção das mulheres com carteira assinada aumentou de 30% para 35%.

“A duplicação do salário mínimo nos anos 2000 também teve importantes efeitos sobre as disparidades salariais entre homens e mulheres. Entre 1995 e 2007, tal disparidade caiu de 38% para 29%”, diz o texto.

Segundo a pesquisa, entre 2001 e 2009, foram criados 17 milhões de novos postos de trabalho no país, dos quais mais de 10 milhões com carteira assinada. Para a ONU, o sucesso brasileiro na criação de empregos é resultado de um conjunto de políticas econômicas e sociais que geraram um crescimento inclusivo.

“O aumento real do salário mínimo tem ajudado a reduzir a pobreza e explica a queda de 66% na diminuição da desigualdade no período entre 2000 e 2008. As políticas de proteção social também tiveram importantes efeitos: outros 16% da queda da desigualdade se deveu ao aumento das pensões e 12% ao Programa Bolsa Família”, informa o relatório.

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