Bactérias de uma pessoa pode ser nova impressão digital da medicina forense

Cientistas de Harvard descobriram que as amostras de fezes foram particularmente confiáveis. Até 86% das pessoas poderiam ser identificados por suas bactérias do intestino após um ano

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AFP - Agence France-Presse Publicação:12/05/2015 10:14
Bactérias do intestino de uma pessoa e da colônia de micróbios que vivem no corpo e na pele podem servir como um identificador único, como a impressão digital - informaram pesquisadores nesta segunda-feira (11/05).

O estudo liderado pela Universidade de Harvard é o primeiro a investigar como as pessoas são identificáveis %u200B%u200Bcom base em suas bactérias, que podem variar substancialmente de acordo com idade, dieta, localização geográfica de uma pessoa e saúde geral. "Vincular uma amostra de DNA humano a um banco de dados de 'impressões digitais' de DNA humano é a base para a genética forense, que agora já é um campo consolidado", disse Eric Franzosa, principal autor do estudo, pesquisador do departamento de bioestatística de Harvard.

"Nós mostramos que o mesmo tipo de ligação é possível utilizando sequências de DNA a partir de micróbios e bactérias que habitam o corpo humano - sem que seja necessário DNA humano".

Os cientistas descobriram que as amostras de fezes foram particularmente confiáveis. Até 86% das pessoas poderiam ser identificados por suas bactérias do intestino após um ano.

As amostras de pele foram menos confiáveis. Cerca de um terço das amostras poderiam ser combinadas a uma pessoa depois de um ano, disse o estudo, publicado na revista Proceedings, da Academia Norte-Americana de Ciências.

Mas mesmo que as amostras não possam ser correspondidas, houve muitos poucos falsos positivos. Na maioria dos casos, ou houve compatibilidade ou não houve, mas raramente foi identificada a pessoa errada.

O estudo foi baseado numa amostragem de 120 pessoas, entre 242 que doaram amostras de fezes, saliva e pele para o Projeto Microbioma Humano - que mantém um banco de dados público para pesquisadores.

Um algoritmo de ciência da computação foi utilizado para estabelecer códigos individuais com base nos microbiomas (fauna microbiana e bacteriana do corpo humano, ndlr) dos doadores.

Estes códigos foram comparados com amostras das mesmas pessoas recolhidas durante as visitas de acompanhamento, bem como a um conjunto de estranhos.

Os pesquisadores disseram que o estudo mostra que é possível combinar amostras de microbioma humano através de bancos de dados.

Mas eles também levantaram a questão da ética, alertando que a prática poderia expor informações pessoais sensíveis, tais como a presença de uma infecção sexualmente transmissível, o que pode ser detectado a partir do microbioma sem o próprio DNA do indivíduo ou consentimento.

"Embora o potencial para quaisquer preocupações de privacidade de dados de DNA puramente microbiana seja muito baixa, é importante que os investigadores saibam que tais questões são teoricamente possíveis", afirmou Curtis Huttenhower, professor associado de biologia computacional e bioinformática em Harvard.

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