Argentinas vão às ruas em defesa do parto domiciliar
Com os seios pintados, ativistas levantaram bandeiras "pelo direito de escolher onde e como dar à luz" em frente à sede do Ministério da Saúde, que estuda regular a prática
AFP - Agence France-Presse
Publicação:15/05/2015 10:16Atualização: 15/05/2015 10:29
Com a nudez mascarada por pinturas coloridas, os ativistas levantaram bandeiras "pelo direito de escolher onde e como dar à luz" em frente à sede do ministério da Saúde, que estuda regular a prática. De acordo com as manifestantes, as autoridades não as convidaram para as discussões sobre a eventual regulamentação das parteiras, que temem que sua atividade acabe sendo limitada.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde explicou que a lei contempla o "parto humanizado que apoia que os nascimentos ocorram em maternidades seguras". Eles afirmaram estar trabalhando em "recomendações para regulamentar o nascimento em casa", para que ocorra de maneira segura e humanizada.
"Pode parecer negligente, imprudente ou com falta de cuidados, mas não há protocolos especiais que contemplem o que é adequado para o bem-estar da mãe e do bebê quando o nascimento ocorre espontaneamente", disse à AFP Marina Lembo, com 14 anos de profissão e presidente da Associação Argentina de Parteiras Independentes (AAPI).
A alegação também é apoiada por médicos como Ana Paula Fagioli, para quem os hospitais "tornaram-se câmaras de tortura para as mulheres em trabalho de parto que passam horas e sob medicação para induzir o parto".
De acordo com a AAPI, em 2012 havia 9.000 partos domiciliares na Argentina, número ainda marginal considerada uma taxa de natalidade de 738.000.
A demanda por partos domiciliares está concentrada na cidade de Buenos Aires e seus arredores e são trabalho para menos de cinquenta parteiras, contou à AFP o obstetra Francisco Saraceno, que há nove anos realiza partos domiciliares.
"As mulheres que escolhem partos domiciliares não são hippies nem pertencem a uma elite social. Em todos os meus anos de experiência, tenho visto mulheres de todos os tipos de religião e realidade econômica", garantiu.
Segundo Saraceno, um parto em casa custa entre 10.000 pesos (cerca de 4 mil reais) e 15.000 pesos. Se a mãe quiser contar com um médico e um pediatra, o custo é mais elevado.
O salário médio na Argentina é 5.000 pesos (por volta de 2.400 reais) e o serviço de parto domiciliar não é atendido pelos planos de saúde.
Demanda por partos domiciliares está concentrada na cidade de Buenos Aires e seus arredores (FOTO: Fernando de la Orden / Reprodução Internet / Clarin)
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Vinte parteiras e ativistas argentinas tiraram a roupa nesta quinta-feira (14/05) no centro de Buenos Aires em defesa do parto domiciliar, uma prática adotada por milhares de mulheres no país e que as autoridades agora procuram regular. "Eu dei à luz em casa", escreveu em suas costas Eugenia Gimenez, 29 anos, que passeou sem camisa pela Avenida 9 de Julho, no centro da capital argentina, enquanto amamentava seu bebê quatro meses de idade. Com a nudez mascarada por pinturas coloridas, os ativistas levantaram bandeiras "pelo direito de escolher onde e como dar à luz" em frente à sede do ministério da Saúde, que estuda regular a prática. De acordo com as manifestantes, as autoridades não as convidaram para as discussões sobre a eventual regulamentação das parteiras, que temem que sua atividade acabe sendo limitada.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde explicou que a lei contempla o "parto humanizado que apoia que os nascimentos ocorram em maternidades seguras". Eles afirmaram estar trabalhando em "recomendações para regulamentar o nascimento em casa", para que ocorra de maneira segura e humanizada.
"Pode parecer negligente, imprudente ou com falta de cuidados, mas não há protocolos especiais que contemplem o que é adequado para o bem-estar da mãe e do bebê quando o nascimento ocorre espontaneamente", disse à AFP Marina Lembo, com 14 anos de profissão e presidente da Associação Argentina de Parteiras Independentes (AAPI).
A alegação também é apoiada por médicos como Ana Paula Fagioli, para quem os hospitais "tornaram-se câmaras de tortura para as mulheres em trabalho de parto que passam horas e sob medicação para induzir o parto".
De acordo com a AAPI, em 2012 havia 9.000 partos domiciliares na Argentina, número ainda marginal considerada uma taxa de natalidade de 738.000.
A demanda por partos domiciliares está concentrada na cidade de Buenos Aires e seus arredores e são trabalho para menos de cinquenta parteiras, contou à AFP o obstetra Francisco Saraceno, que há nove anos realiza partos domiciliares.
"As mulheres que escolhem partos domiciliares não são hippies nem pertencem a uma elite social. Em todos os meus anos de experiência, tenho visto mulheres de todos os tipos de religião e realidade econômica", garantiu.
Segundo Saraceno, um parto em casa custa entre 10.000 pesos (cerca de 4 mil reais) e 15.000 pesos. Se a mãe quiser contar com um médico e um pediatra, o custo é mais elevado.
O salário médio na Argentina é 5.000 pesos (por volta de 2.400 reais) e o serviço de parto domiciliar não é atendido pelos planos de saúde.