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Tratamentos contra hepatite C reduzem tempo de enfrentamento e aumentam chance de cura

Processos terapêuticos novos que chegam ao Brasil diminuem enfrentamento da doença de 48 para 12 semanas, com possibilidade de melhora acima de 90%. Em Minas, enfermidade afeta 1,33% da população

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Walter Sebastião - EM Cultura Publicação:17/05/2015 14:00Atualização:16/05/2015 16:22
 (Reprodução/Internet/catracalivre)
A hepatite C é uma doença crônica, evolui lenta e silenciosamente, danificando células hepáticas. A enfermidade causa, consequentemente, fibrose e deformação da estrutura hepática – cirrose hepática. Segundo especialistas, esse processo pode levar de 20 a 40 anos e, geralmente, os sintomas são percebidos apenas no estágio avançado do mal. A boa notícia é que o tratamento ganha novos aliados. O último deles é Viekira Pak, nova droga liberada recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contra a hepatite C. Trata-se do quarto medicamento para o tratamento da doença registrado pela agência federal somente neste ano. O produto passa a integrar a lista de remédios inovadores, também composta por Daclatasvir, Simeprevir e Sofosbuvir, que tiveram processos de análise de registros priorizados a pedido do Ministério da Saúde. O Brasil será um dos primeiros países a adotar as novas tecnologias na rede pública via Sistema Único de Saúde (SUS).

“Os novos esquemas de tratamento envolvem a associação de duas ou mais drogas, sendo adequadas às características dos pacientes. Essas drogas, de altíssimo custo, serão disponibilizadas pelo SUS a partir de julho deste ano”, explica Rodrigo Dias Cambraia, médico do ambulatório de hepatites virais do Instituto Alfa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Dados revelam que a prevalência da hepatite C no Brasil varia de 1,5% a 2,5% da população. Em Minas, a estimativa de afetados é de 1,33%. A faixa etária mais acometida pela enfermidade é a de nascidos entre 1945 e 1965, ou seja, maiores de 50 anos. O assunto será debatido durante o 5º Simpósio de Hepatites Virais de MG, evento parte da programação do Gastrominas 2015, que vai ocorrer entre os dias 28 e 30 deste mês.

PROTEÍNAS

'Os novos esquemas de tratamento envolvem a associação de duas ou mais drogas, sendo adequadas às características dos pacientes. Essas drogas, de altíssimo custo, serão disponibilizadas pelo SUS a partir de julho deste ano' - Rodrigo Dias Cambraia, médico do ambulatório de hepatites virais do Instituto Alfa do Hospital das Clínicas da UFMG (Jair Amaral/EM/D.A Press)
"Os novos esquemas de tratamento envolvem a associação de duas ou mais drogas, sendo adequadas às características dos pacientes. Essas drogas, de altíssimo custo, serão disponibilizadas pelo SUS a partir de julho deste ano" - Rodrigo Dias Cambraia, médico do ambulatório de hepatites virais do Instituto Alfa do Hospital das Clínicas da UFMG
Segundo o especialista, o tratamento precoce da hepatite C interrompe o processo evolutivo patológico da doença, que pode culminar na cirrose hepática descompensada e no carcinoma hepatocelular – câncer maligno de fígado. As novas drogas de ação direta, de acordo com Cambraia, atuam em regiões do genoma do vírus da hepatite C, inibindo a produção de proteínas virais essenciais à sua integridade e multiplicação. “Em combinações específicas, os medicamentos permitem tratamento mais potente, com menos efeitos colaterais e mais rápidos”, afirma Cambraia. Estatísticas apontam cura acima de 90% dos pacientes, contra 40% a 50% dos tratamentos anteriores.

Até 2012, como recorda o especialista, o tratamento da hepatite C era feito com interferon injetável e ribavirina comprimidos por 48 semanas. Com as novas drogas, pode-se enfrentar a doença em 12 semanas. “Os efeitos colaterais são menos pronunciados. Poderão ser tratados pacientes cirróticos, cirróticos descompensados, em fila de transplantes, transplantados hepáticos e portadores de carcinoma hepatocelular (câncer de fígado) com propostas terapêuticas curativas”, detalha o especialista.

TRANSMISSÃO

A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV). A transmissão ocorre, entre outras formas, por meio de transfusão de sangue, compartilhamento de material para preparo e uso de drogas, objetos de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar), alicates de unha, objetos contaminados com o vírus utilizados para tatuagem e colocação de piercings. O risco de transmissão vertical (de mãe para filho) e por relação sexual é baixo, mas não é impossível e, por isso, merece atenção.

SAIBA MAIS: Tipos da doença

Existem hepatites agudas e crônicas. A diferença entre elas é que a cronicidade é silenciosa, tem longa evolução e a cirrose como resultado final, com todas as suas complicações. As hepatites crônicas são as causadas pelos vírus B e C, que são patógenos totalmente diferentes em sua composição genética, mecanismo de ação e relação com o hospedeiro. São transmitidas por contato com sangue (hepatites B e C) e secreções (hepatite B). Uma vez instaladas, evoluem em tempos variáveis para fibroses iniciais, depois moderadas, e então avançadas e cirrose hepática. Têm muita relação com o desenvolvimento do carcinoma hepatoceluar, que é o câncer maligno de fígado.

TESTE GRATUITO

No dia 31, das 8h às 16h, campanha de conscientização sobre hepatite C será realizada no Parque Municipal, no Centro de BH. Como ação de combate às hepatites B e C, serão realizados testes rápidos gratuitos com coleta de sangue para verificar a incidência da doença. O resultado será disponibilizado no intervalo de 10 a 15 minutos.

SEMINÁRIO

Gastrominas 2015
- 12º Workshop Internacional de Endoscopia Digestiva
- 5º Simpósio de Hepatites Virais de MG
- 3º Fórum de Carcinoma Hepatocelular do IAG
Quando: de 28 a 30 de maio
Local: Associação Médica de Minas Gerais (Avenida João Pinheiro, 161, Centro, BH)
Horário: das 8h às 18h
Inscrições: a partir de R$ 90
Informações
: www.gastrominas2015.com.br

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