Tango pode ser aliado no tratamento do mal de Parkinson

Pesquisadores do Instituto e Hospital Neurológico de Montreal e da Universidade de McGill, no Canadá, descobriram que o tango tem potencial para beneficiar pessoas em estágios iniciais do desenvolvimento da enfermidade

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Da redação Publicação:19/05/2015 09:40Atualização:19/05/2015 09:46
Ideia dos pesquisadores era verificar se uma atividade física e social ligada à música teria valor terapêutico para parkinsonianos (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
Ideia dos pesquisadores era verificar se uma atividade física e social ligada à música teria valor terapêutico para parkinsonianos
Enquanto cientistas buscam, nos laboratórios, estratégias farmacológicas para tratar o mal de Parkinson, nos salões de dança, pacientes encontram um auxílio divertido para melhorar as habilidades motoras prejudicadas pela doença. Pesquisadores do Instituto e Hospital Neurológico de Montreal e da Universidade de McGill, no Canadá, descobriram que o tango tem potencial para beneficiar pessoas em estágios iniciais do desenvolvimento da enfermidade. O estudo identificou melhorias motoras nos participantes depois de 12 semanas de curso e foi o primeiro a investigar os efeitos da dança argentina em sintomas não motores.

A ideia dos pesquisadores era verificar se uma atividade física e social ligada à música teria valor terapêutico para parkinsonianos, que sofrem tanto com disfunções motoras — tremor, rigidez e problemas na marcha — quanto com sintomas não motores, como depressão, fadiga e degeneração cognitiva. Quarenta homens e mulheres com a forma idiopática da doença, isso é, sem causa definida, participaram da pesquisa, que envolveu aulas com dois professores e dançarinos profissionais. Os voluntários são atendidos pelo projeto de distúrbios do movimento da Universidade de McGill.

“Há evidências acumuladas de que a atividade física habitual está associada a um risco mais baixo de desenvolvimento de Parkinson, o que sugere um potencial retardamento na progressão da doença”, diz Silvia Rios Romenets, que liderou o estudo. “Nós descobrimos que o tango ajudou em uma melhoria significativa do balanço e da mobilidade funcional e pareceu encorajar os pacientes a apreciar o tratamento em geral. Também encontramos benefícios mais modestos em termos das funções cognitivas e da redução da fadiga”, observa.

O tango requer uma coreografia específica que envolve andar para frente e de ré, de forma bastante rítmica. Isso pode ser particularmente benéfico para pessoas com dificuldade de marcha e para prevenir quedas. Além disso, a dança requer memória de trabalho, controle da atenção e habilidades multitarefas para incorporar elementos novos a gestos previamente aprendidos, para seguir o ritmo da música e rodopiar entre os outros dançarinos no salão.

Segundo Romenets, muitos pacientes acham os programas de exercícios tradicionais pouco atraentes. Cerca da metade não segue a recomendação de atividade física diária. Há, contudo, uma conexão entre música e o sistema dopaminérgico no cérebro — o que é essencial para estabelecer e manter um hábito. Por isso, os pesquisadores acreditam que combinar música e exercícios em danças como o tango pode aumentar a adesão, o prazer e a motivação, assim como melhorar o humor e estimular a cognição dos pacientes.

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