Morte de jovem em escola de BH alerta para necessidade de acompanhamento médico
Doenças que causam morte súbita na população jovem, considerada até 35 anos, ocorrem em 0,3% da população. Antes de começar uma atividade física ou esporte, não abra mão de uma consulta com um especialista
Valéria Mendes - Saúde Plena
Publicação:09/07/2015 14:32Atualização: 09/07/2015 15:00
A morte do adolescente Caio Henrique Souza, de 16 anos, durante uma aula de educação física em Belo Horizonte, serve de alerta para a importância de se prevenir casos como esse. Estudos científicos mostram a baixa incidência de mortalidade de jovens durante a prática de atividades físicas: uma pesquisa italiana aponta a incidência de 2,1 mortes para cada 100 mil pessoas por ano e um estudo norte-americano a relação de 0,4 óbito entre atletas jovens de competição, também em 100 mil pessoas anualmente. As informações são de Haroldo Christo Aleixo, cardiologista, médico do esporte do Clube Atlético Mineiro e chefe do Departamento de Medicina do Esporte do Minas Tênis Clube. “A atividade física continua sendo uma alternativa muito saudável e deve ser buscada pela população toda”, afirma.
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A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a população entre 6 e 18 anos faça pelo menos uma visita por ano ao médico. Já a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte aconselham que, antes de ingressar em um esporte ou atividade física, o indivíduo passe por uma avaliação que contemple a consulta e um eletrocardiograma. Sabemos, entretanto, que essa não é a realidade no Brasil, seja pelo acesso à saúde, seja pela cultura ainda predominantemente de que o médico deve ser procurado apenas quando uma doença se manifesta.
A noção de medicina preventiva ainda está sendo construída e, para Haroldo Christo Aleixo, o susto com a morte provavelmente evitável do jovem é uma boa oportunidade para levantar não apenas essa discussão, mas para refletir sobre a melhoria da condição do atendimento, passando pela formação nas escolas de medicina do país e chegando ao acesso à saúde. Mesmo na rede privada, de acordo com ele, o tempo para agendar um eletrocardiograma pode levar até três meses.
O cardiologista afirma que brasileiros tratam a necessidade do atestado de aptidão para a atividade física como uma mera formalidade de inscrição em uma academia, por exemplo. Ele diz que não é raro pacientes que solicitam o documento para um médico conhecido, de outra especialidade, que, por gentileza, assina um papel liberando a pessoa para o exercício. “São poucos que dão valor à dimensão de um atestado médico para a atividade física”, diz.
Outra informação importante é que as doenças que causam morte súbita na população jovem, considerada até 35 anos, ocorrem em 0,3% da população. Ou seja, são raras. Por outro lado, é importante lembrar que o sedentarismo provoca a morte de 5,3 milhões de pessoas no mundo anualmente. Os dados são de uma pesquisa publicada em julho de 2012, na revista britânica Lancet.
O cardiologista e médico do esporte pondera se a solução passaria, então, pela obrigatoriedade do atestado médico para as aulas de educação física nas escolas. “É altamente desejável uma avaliação médica, mas corremos o risco de tirar todos os meninos e meninas da atividade física se o atestado for uma exigência”. Diagnóstico do Ministério do Esporte divulgado em junho deste ano sobre a prática de esportes e atividades físicas mostra que 41,2% dos brasileiros e 50,4% das brasileiras são sedentários.
O recado de Haroldo Christo Aleixo é simples: o sedentarismo mata muito mais que a atividade física. “Não deixe de se exercitar, mas faça de uma forma segura. Para isso, procure seu médico."
Adolescente de 16 anos, aluno do Colégio Padre Eustáquio, em Belo Horizonte, morreu durante a aula de Educação Física
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Ainda não se sabe o motivo da morte do estudante do 1º ano do ensino médio do Colégio Padre Eustáquio, mas, segundo o especialista, estudos epidemiológicos mostram que 90% das mortes súbitas têm origem cardíaca. Também ainda é desconhecido se o adolescente tinha diagnóstico de alguma enfermidade ou se fazia acompanhamento periódico com um especialista. “Podemos supor que a morte foi determinada por uma doença congênita ainda sem sintoma e que a primeira manifestação foi a morte súbita”, sugere Haroldo Christo Aleixo.A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a população entre 6 e 18 anos faça pelo menos uma visita por ano ao médico. Já a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte aconselham que, antes de ingressar em um esporte ou atividade física, o indivíduo passe por uma avaliação que contemple a consulta e um eletrocardiograma. Sabemos, entretanto, que essa não é a realidade no Brasil, seja pelo acesso à saúde, seja pela cultura ainda predominantemente de que o médico deve ser procurado apenas quando uma doença se manifesta.
A noção de medicina preventiva ainda está sendo construída e, para Haroldo Christo Aleixo, o susto com a morte provavelmente evitável do jovem é uma boa oportunidade para levantar não apenas essa discussão, mas para refletir sobre a melhoria da condição do atendimento, passando pela formação nas escolas de medicina do país e chegando ao acesso à saúde. Mesmo na rede privada, de acordo com ele, o tempo para agendar um eletrocardiograma pode levar até três meses.
O cardiologista afirma que brasileiros tratam a necessidade do atestado de aptidão para a atividade física como uma mera formalidade de inscrição em uma academia, por exemplo. Ele diz que não é raro pacientes que solicitam o documento para um médico conhecido, de outra especialidade, que, por gentileza, assina um papel liberando a pessoa para o exercício. “São poucos que dão valor à dimensão de um atestado médico para a atividade física”, diz.
Outra informação importante é que as doenças que causam morte súbita na população jovem, considerada até 35 anos, ocorrem em 0,3% da população. Ou seja, são raras. Por outro lado, é importante lembrar que o sedentarismo provoca a morte de 5,3 milhões de pessoas no mundo anualmente. Os dados são de uma pesquisa publicada em julho de 2012, na revista britânica Lancet.
O cardiologista e médico do esporte pondera se a solução passaria, então, pela obrigatoriedade do atestado médico para as aulas de educação física nas escolas. “É altamente desejável uma avaliação médica, mas corremos o risco de tirar todos os meninos e meninas da atividade física se o atestado for uma exigência”. Diagnóstico do Ministério do Esporte divulgado em junho deste ano sobre a prática de esportes e atividades físicas mostra que 41,2% dos brasileiros e 50,4% das brasileiras são sedentários.
O recado de Haroldo Christo Aleixo é simples: o sedentarismo mata muito mais que a atividade física. “Não deixe de se exercitar, mas faça de uma forma segura. Para isso, procure seu médico."