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Técnica Tupler promete recuperar aparência da barriga depois da gestação

Desenvolvida nos Estados Unidos, terapia consiste no uso de uma faixa abdominal para estimular a consciência corporal e contração da musculatura, além de exercícios para a região da barriga com o objetivo de fechar a diástase abdominal

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Valéria Mendes - Saúde Plena Publicação:14/07/2015 10:30Atualização:14/07/2015 10:57
Entre as mudanças que a maternidade traz, uma que está atrelada diretamente a autoestima feminina é a transformação do corpo. Isso por que o padrão de beleza veiculado nas capas de revistas com famosas que recuperam a silhueta em poucas semanas alimenta a ilusão de um modelo bem-sucedido da mulher contemporânea que contempla além da profissional competente, a mãe amorosa, dedicada e atraente. Como se para cada um desses itens não houvesse subjetividade, como se a noção de belo não fosse plural ou como se a aparência fosse realmente o centro das preocupações de toda mulher que acaba de ser tornar mãe.

Uma abordagem desenvolvida por uma enfermeira norte-americana, Julie Tupler, no entanto, é uma alternativa para as mulheres que não conseguem recuperar naturalmente a imagem da barriga depois da gestação, mas também não têm pressa em retomar o manequim. A técnica Tupler, como é chamada, tem se mostrado eficiente mesmo anos depois do parto. No Brasil, existem poucos profissionais licenciados: são dois em Minas Gerais, dois no Rio de Janeiro e um em Brasília.

As fisioterapeutas Monique Sancho Carvalho (E) e Fernanda Menezes são licenciadas em Minas para técnica Tupler (Euler Junior/EM/D.A Press)
As fisioterapeutas Monique Sancho Carvalho (E) e Fernanda Menezes são licenciadas em Minas para técnica Tupler


Conhecida como ‘barriguinha da mamãe’, o volume estufado ao redor do umbigo é bastante comum depois que o bebê nasce e acontece em razão do desenvolvimento de uma diástase, que consiste no afastamento do músculo reto abdominal. As fisioterapeutas Monique Sancho Carvalho e Fernanda Menezes, licenciadas da terapia em Minas, explicam que esse espaçamento acontece para permitir o crescimento do útero. Segundo elas, entre esses músculos há um tecido conectivo chamado fáscia que não é elástico e se afrouxa com a movimentação muscular. Com isso, os órgãos são projetados contra esse tecido fino e fraco e o abdômen fica mais proeminente.

A técnica Tupler é simples e consiste no uso de uma faixa abdominal que auxilia na manutenção da postura e na contração da musculatura para desenvolver a consciência corporal e em exercícios específicos de fortalecimento do abdômen que devem ser feitos diariamente enquanto durar o tratamento. A promessa é de que entre 6 e 9 semanas ocorra o fechamento da diástase com o reposicionamento do músculo reto abdominal. O primeiro passo é passar por uma avaliação para saber a profundidade e a distância da diástase. O tamanho do bebê, excesso de líquido amniótico, ganho excessivo de peso, utilização da musculatura de forma incorreta durante as atividades físicas e músculos abdominais fracos anteriores à gestação podem agravar o quadro.

 (Soraia Piva / EM / D.A Press)


Quanto mais profunda e distante for a diástase, maior o tempo de tratamento que, em casos mais graves, pode chegar a até 18 semanas. As especialistas afirmam, entretanto, que toda mulher que já gestou pode se beneficiar da técnica Tupler independentemente de quanto tempo se passou desde o nascimento do bebê ou do tipo de parto, normal ou cesariana. Por outro lado, não é toda mulher que passou por uma gestação que é acometida pelo problema. Algumas diástases não são significativas a ponto de o tratamento ser recomendado.

O tempo de tratamento depende da profundidade e da distância da diástase abdominal. As medidas são avaliadas em consultório  (Euler Junior/EM/D.A Press)
O tempo de tratamento depende da profundidade e da distância da diástase abdominal. As medidas são avaliadas em consultório


O uso da faixa na técnica Tupler tem o objetivo de ajudar a mulher a manter a musculatura do abdômen contraída e adquirir consciência corporal. Quem já passou pelo tratamento, diz que o acessório é incômodo e exige determinação e disciplina (Euler Junior/EM/D.A Press)
O uso da faixa na técnica Tupler tem o objetivo de ajudar a mulher a manter a musculatura do abdômen contraída e adquirir consciência corporal. Quem já passou pelo tratamento, diz que o acessório é incômodo e exige determinação e disciplina


Engana-se quem pensa que o problema é apenas estético. O músculo reto abdominal tem a função de suporte da coluna e dos órgãos internos. Com a diástase, a mulher pode sentir dor na região lombar, desenvolver uma má postura, sentir a diminuição da força abdominal e ter um risco maior de desenvolver hérnias. Além disso, o tratamento também traz benefícios para as mulheres que sofrem com intestino preso, ajuda a fortalecer a musculatura do períneo e se mostra eficiente no tratamento da hérnia umbilical.

Monique e Fernanda reforçam que a disciplina é essencial para o resultado e que os exercícios devem ser realizados rigorosamente. Elas aconselham que toda mulher que já passou por uma gravidez, antes de iniciar qualquer atividade física, faça uma avaliação da diástase já que os exercícios abdominais são contraindicados para quem tem essa disfunção.

Luiza Fiorini diz que perdeu 13 centímetro de cintura  (Bruna Tassis / Arquivo Pessoal )
Luiza Fiorini diz que perdeu 13 centímetro de cintura
Depoimentos
Mãe de Clara, 5 anos, e Vitor, 2, a chef de cozinha Luiza Fiorini, 25, nunca lutou contra a balança. No entanto, depois do nascimento do caçula passou a se incomodar com a barriga. Ela perdeu os 12 quilos que ganhou na segunda gestação, mas não conseguiu de volta a aparência do abdômen. “Já estava pensando em fazer uma abdominoplastia até descobrir a técnica Tupler. Comecei a pesquisar, vi que o custo não era tão alto [cerca de R$ 650], e resolvi tentar. No final de abril deste ano marquei a minha avaliação e com seis semanas de tratamento estava com diástase fechada. Perdi 13 centímetros de cintura só com a técnica”, relata.

Luiza sempre foi atenta à alimentação, mas nunca foi adepta de atividade física. Ela conta que a faixa abdominal é um pouco incômoda e que os exercícios, apesar de serem simples, precisam ser encaixados na rotina diária de mãe, mulher e profissional já que devem ser realizados três vezes ao dia: manhã, tarde e noite. “Eu só tirava a faixa na hora do sono, sei de mulheres que conseguem dormir com ela, mas, no meu caso, sentia falta de ar. Realmente incomoda, mas eu foquei no tempo previsto do tratamento e no resultado que poderia alcançar. Com menos de uma semana eu senti diferença e isso me estimulava a continuar. É difícil manter a disciplina sendo mãe, mas como é possível fazer os exercícios sentada ou em pé, criei artifícios como, por exemplo, fazer uma das séries enquanto levava minha filha mais velha para a escola”, relata.

A chef de cozinha diz ainda que tinha uma hérnia umbilical que também foi resolvida graças à técnica Tupler. A mãe de Clara e Vitor não sabe dizer se os benefícios alcançados vão perdurar por longo prazo, afinal, o tratamento foi encerrado no final de junho. No entanto, segundo as fisioterapeutas Monique e Fernanda, a consciência corporal adquirida com a técnica é o que mantém o fechamento da diástase. De qualquer forma, Luiza que nunca foi adepta de atividade física se matriculou no pole dance para ganhar força muscular e condicionamento físico.

A dentista Aline Stockler já tinha se planejado para uma cirurgia plástica, mas resolveu o incômodo apenas com a técnica Tupler (Arquivo Pessoal )
A dentista Aline Stockler já tinha se planejado para uma cirurgia plástica, mas resolveu o incômodo apenas com a técnica Tupler
Outra que tem se surpreendido com o resultado da técnica é a dentista Aline Stockler, de 41 anos. Mãe de Marcela, de 2, e Guilherme, de 6 meses, ela também resolveu arriscar após ter conhecimento dos benefícios relatados por outras mulheres. No caso dela, a diástase abdominal era muito grande e profunda e o tratamento que começou em 20 de abril e ainda está em andamento, será um pouco mais longo que o de Luiza. “Minha cintura passou de 84,5 para 70,5 e circunferência ao redor do umbigo diminuiu de 82,5 para 78,5 cm”, relata.

Segundo ela, a diástase abdominal é muito diferente da gordura localizada e depois que iniciou a terapia e tomou consciência dos músculos do abdômen percebeu o quanto ela carregava o filho de forma errada, o quando sua postura estava ruim e até como se deitava e se sentava de maneira equivocada. “Comecei a me policiar e hoje me esforço para deixar a barriga contraída o tempo todo”, conta.

Aline diz que já estava decidida pela cirurgia plástica e já tinha até se programado para se submeter ao procedimento em maio do próximo ano, quando o caçula estivesse com um ano e meio. No entanto, o resultado alcançado tem superado as expectativas e devolveu a ela a autoestima e a confiança no próprio corpo. “Não é só o resultado estético que é impressionante, mas os benefícios posturais que contemplam o bem-estar do corpo inteiro”, resume.

A fisioterapeuta Monique Sancho Carvalho reforça que a função da técnica Tupler é reposicionar o músculo reto abdominal. Assim, flacidez e gordura na região abdominal estão fora do alcance da abordagem. Luiza e Aline não tinham excesso de peso e por isso, o resultado foi suficiente para que ambas fizessem as pazes com a imagem no espelho.

Lembre-se que flacidez e gordura na região abdominal estão fora do alcance da técnica Tupler (Divulgação )
Lembre-se que flacidez e gordura na região abdominal estão fora do alcance da técnica Tupler

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