Hemofílicos podem se beneficiar da prática de atividades físicas
Doença é hereditária e se caracteriza pela falta de um dos fatores de coagulação sanguínea
Revista do CB - Correio Braziliense
Publicação:25/09/2015 15:00Atualização: 23/09/2015 16:50
Durante algum tempo, muitas pessoas acreditavam que atividade física e hemofilia não combinavam. Porém, o exercício promove aos hemofílicos não só benefícios físicos e musculoesqueléticos, como também psicossociais. “Atua no condicionamento físico, nos níveis de colesterol bom e no fortalecimento do sistema respiratório. Além disso, tem outros impactos positivos, tais como a melhora da disciplina e da concentração, muito importantes para pacientes com uma condição crônica, como a hemofilia”, explica o hematologista Gabriel Fagundes.
Hemofilia é um distúrbio genético e hereditário que se caracteriza pela falta de um dos fatores de coagulação sanguínea. O sangue é composto por várias substâncias, cada uma tem uma função. No caso da hemofilia, os fatores responsáveis pela coagulação que estanca o sangue se apresentam em baixa atividade. “Uma pessoa com hemofilia apresenta sangramentos espontâneos e isso acontece porque o sangue não coagula adequadamente”, explica o médico.
De acordo com o médico, todas as atividades são permitidas, mas sempre com atenção a alguns detalhes. “Desde que seja tudo controlado, adaptado e de preferência com baixo impacto para evitar o risco de sangramentos”, recomenda Paulo Henrique Soares. Entre todas as modalidades, a natação é a mais indicada. “Exercícios na água permitem que braços, pernas e articulações sejam trabalhados, prevenindo lesões e dores. A resistência da água também é importante para o fortalecimento muscular”, explica Gabriel Fagundes.
O desenvolvimento de uma boa musculatura ajuda a proteger as articulações das manifestações hemorrágicas. “Com a prática de atividades físicas, a musculatura ao redor das articulações, onde o risco de sangramento é elevado, fica mais fortalecida e serve como um tipo de amortecedor, evitando essas lesões”, explica o hematologista Gabriel Fagundes.
Movimentar o corpo permite desde a inibição da dor até o aumento dos níveis de hemoglobina e de HDL, o colesterol bom. “O hemofílico sedentário vai ter todos os problemas que o sedentarismo traz. Fraqueza muscular, dores, problemas cardiovasculares, por exemplo”, afirma Soares. Ainda de acordo com o médico, a indicação para uma atividade deve seguir uma assistência médica e multidisciplinar. “Dependendo da condição física do paciente, podemos liberar, sim, para outros exercícios mais pesados”, explica.
O biólogo Bruno Campos, 31 anos, só conheceu a atividade física depois de adulto. Sempre ciente da condição de hemofílico, passou muito tempo sem esportes. “Devido à falta de informação e de tempo, eu não praticava esportes. Depois que eu tomei a rédea da minha vida, comecei a mudar esse comportamento”, conta. Ele começou a treinar musculação na academia, mas teve que parar por conta de uma complicação no joelho. “Eu começava e parava a academia muitas vezes por causa do joelho esquerdo. E isso era desanimador”, afirma.
O desânimo teria vencido, não fosse a natação. O esporte trouxe exatamente o que ele procurava. “Eu realmente achei que me completou. A água não tem impacto que prejudica meu joelho, e melhorou muito meu condicionamento físico. Eu já sabia nadar, mas não era assíduo”, relata o biólogo. Hoje, Bruno faz parte de uma equipe de natação em águas abertas e treina, no mínimo, cinco vezes por semana. “Além da qualidade de vida, eu durmo melhor, acordo melhor, tenho mais disposição. A natação me trouxe uma alegria a mais para viver. A questão da superação foi muito importante para mim”, reconhece.
Até os 26 anos de idade, o servidor público Marcos Bauch, 33, é outro que não aliava a hemofilia à atividade física. “Eu não conhecia o tratamento profilático com fator de coagulação. Quando conheci, comecei a praticar esportes para melhorar a qualidade de vida”, conta. Antes, Bauch era muito vulnerável a qualquer trauma. “Qualquer machucado podia me deixar de cama”, detalha. Hoje, ele participa de maratonas aquáticas. “Natação é o esporte principal e faço musculação para ajudar nos resultados.”
Marcos Bauch anda de muletas, mas isso não o impede de levar uma vida normal. “Não sou nenhum ‘César Cielo’, mas nado muito bem, mesmo com as minhas limitações”, brinca. O esporte influenciou muito além da resistência física. “O exercício desenvolve autoestima, mudança o estilo de vida, a alimentação e o cuidado consigo mesmo. A gente começa a se relacionar de forma diferente e ver as coisas de um outro ângulo”, afirma.
O biólogo Bruno Campos se tornou um nadador assíduo depois de adulto
Hemofilia é um distúrbio genético e hereditário que se caracteriza pela falta de um dos fatores de coagulação sanguínea. O sangue é composto por várias substâncias, cada uma tem uma função. No caso da hemofilia, os fatores responsáveis pela coagulação que estanca o sangue se apresentam em baixa atividade. “Uma pessoa com hemofilia apresenta sangramentos espontâneos e isso acontece porque o sangue não coagula adequadamente”, explica o médico.
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Apesar de sensíveis, pessoas com esse estado clínico podem — e devem — fazer exercícios físicos. “Hemofílicos são pessoas normais. Eles têm suas limitações e, durante muito tempo, acreditou-se que eles não podiam fazer exercícios, mas a realidade é outra”, explica Paulo Henrique Soares, médico hematologista.De acordo com o médico, todas as atividades são permitidas, mas sempre com atenção a alguns detalhes. “Desde que seja tudo controlado, adaptado e de preferência com baixo impacto para evitar o risco de sangramentos”, recomenda Paulo Henrique Soares. Entre todas as modalidades, a natação é a mais indicada. “Exercícios na água permitem que braços, pernas e articulações sejam trabalhados, prevenindo lesões e dores. A resistência da água também é importante para o fortalecimento muscular”, explica Gabriel Fagundes.
O desenvolvimento de uma boa musculatura ajuda a proteger as articulações das manifestações hemorrágicas. “Com a prática de atividades físicas, a musculatura ao redor das articulações, onde o risco de sangramento é elevado, fica mais fortalecida e serve como um tipo de amortecedor, evitando essas lesões”, explica o hematologista Gabriel Fagundes.
Movimentar o corpo permite desde a inibição da dor até o aumento dos níveis de hemoglobina e de HDL, o colesterol bom. “O hemofílico sedentário vai ter todos os problemas que o sedentarismo traz. Fraqueza muscular, dores, problemas cardiovasculares, por exemplo”, afirma Soares. Ainda de acordo com o médico, a indicação para uma atividade deve seguir uma assistência médica e multidisciplinar. “Dependendo da condição física do paciente, podemos liberar, sim, para outros exercícios mais pesados”, explica.
O biólogo Bruno Campos, 31 anos, só conheceu a atividade física depois de adulto. Sempre ciente da condição de hemofílico, passou muito tempo sem esportes. “Devido à falta de informação e de tempo, eu não praticava esportes. Depois que eu tomei a rédea da minha vida, comecei a mudar esse comportamento”, conta. Ele começou a treinar musculação na academia, mas teve que parar por conta de uma complicação no joelho. “Eu começava e parava a academia muitas vezes por causa do joelho esquerdo. E isso era desanimador”, afirma.
O desânimo teria vencido, não fosse a natação. O esporte trouxe exatamente o que ele procurava. “Eu realmente achei que me completou. A água não tem impacto que prejudica meu joelho, e melhorou muito meu condicionamento físico. Eu já sabia nadar, mas não era assíduo”, relata o biólogo. Hoje, Bruno faz parte de uma equipe de natação em águas abertas e treina, no mínimo, cinco vezes por semana. “Além da qualidade de vida, eu durmo melhor, acordo melhor, tenho mais disposição. A natação me trouxe uma alegria a mais para viver. A questão da superação foi muito importante para mim”, reconhece.
Até os 26 anos de idade, o servidor público Marcos Bauch, 33, é outro que não aliava a hemofilia à atividade física. “Eu não conhecia o tratamento profilático com fator de coagulação. Quando conheci, comecei a praticar esportes para melhorar a qualidade de vida”, conta. Antes, Bauch era muito vulnerável a qualquer trauma. “Qualquer machucado podia me deixar de cama”, detalha. Hoje, ele participa de maratonas aquáticas. “Natação é o esporte principal e faço musculação para ajudar nos resultados.”
Marcos Bauch anda de muletas, mas isso não o impede de levar uma vida normal. “Não sou nenhum ‘César Cielo’, mas nado muito bem, mesmo com as minhas limitações”, brinca. O esporte influenciou muito além da resistência física. “O exercício desenvolve autoestima, mudança o estilo de vida, a alimentação e o cuidado consigo mesmo. A gente começa a se relacionar de forma diferente e ver as coisas de um outro ângulo”, afirma.