Estudo mostra que monitorar passos rumo a um objetivo (perder peso ou parar de fumar) aumenta as chances de sucesso
Ao iniciar um projeto difícil, a recomendação da Associação Psicológica Americana é não deixar o monitoramento de lado e anotar cada pequeno avanço
Vilhena Soares - Correio Braziliense
Publicação:16/11/2015 11:22Atualização: 16/11/2015 11:32
Brasília – A persistência pode ser a maior responsável pelo sucesso, mas seu desempenho melhora muito com a ajuda da vigília. De acordo com um estudo feito por psicólogos norte-americanos, as pessoas que monitoram o progresso rumo a determinado objetivo têm muito mais chances de alcançar a meta almejada do que aquelas que não acompanham passo a passo o caminho até a vitória. Por isso, em um estudo publicado na revista Psychological Bulletin, da Associação Psicológica Americana (APA), recomendam: ao iniciar um projeto difícil, como perder peso ou combater a hipertensão, não deixe o monitoramento de lado e anote cada pequeno avanço.
“O monitoramento é um processo crucial quando a questão é atingir um objetivo, assegurando que as metas sejam traduzidas em ação. Essa revisão sugere que atitudes que levam à monitoração do progresso melhoram o desempenho comportamental e a probabilidade de atingir objetivos”, destaca, em comunicado à imprensa, Benjamin Harkin, pesquisador da Universidade de Sheffield e um dos autores do estudo.
Um ponto interessante da análise é que o monitoramento deve recair sobre o objetivo principal, e não sobre comportamentos associados a ele. Por exemplo, se o desejo da pessoa é perder peso, a melhor estratégia é ela monitorar os quilos marcados na balança, e não o que comeu a cada dia. Já anotar os alimentos ingeridos em cada refeição será mais útil para quem deseja tornar a dieta mais saudável. “A implicação desse achado é que, se você quiser mudar sua dieta, você deve monitorar o que está comendo. Mas, se desejar perder peso, precisa se concentrar em vigiar o seu peso”, resume Harkin.
Sem segredo
Tornar público cada progresso também aumenta as chances de sucesso, de acordo com a análise americana. Estudos mostraram que pessoas que se pesavam regularmente na frente de outras tinham chances maiores de atingir o peso almejado. “Monitorar o progresso pode ajudar, mas alguns métodos de vigilância são melhores do que outros. Especificamente, recomendamos que as pessoas sejam encorajadas a fazer relatórios e tornem público como está seu progresso”, acrescenta Harkin.
Nesse caso, o incentivo parece vir do retorno que a pessoa em busca do objetivo recebe dos outros. “Ver que um número de amigos comentou sobre seu emagrecimento ou receber mensagens de textos que mostram a evolução do emagrecimento podem influenciar em seguir uma meta”, escrevem os autores no artigo.
Para Fauzi Mansur, doutor em psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisa americana reforça um tema que tem sido tratado em muitos estudos da área comportamental. “É uma proposta clara, pois nossa mente precisa da construção de caminhos para chegar a resultados. É claro que conseguir cumprir certas tarefas, muitas vezes, independe da gente. Existem coisas que não podemos controlar. Mas grande parte do caminho percorrido está ligado com a nossa força”, avalia o especialista, que não participou do estudo. “Monitorar um caminho é uma certeza de que a nossa parte, pelo menos, estamos fazendo”, completa.
Ajuda especializada
Os responsáveis pela análise acreditam que os dados obtidos podem ajudar mais pessoas a atingirem seus objetivos, com o auxílio de orientações que aumentem as chances de sucesso. “Nossos resultados são relevantes para os interessados em alterar um comportamento e alcançar suas metas, bem como para aqueles que querem ajudá-los, caso dos programas de perda de peso, agências de aconselhamentos ligados a dinheiro ou treinadores esportivos”, acredita Harkin.
O monitoramento também pode ser realizado com a ajuda de outras pessoas, como personal trainers e coachs que auxiliam na mudança de rumos profissionais. Apesar de resultados positivos gerados por esses auxiliares, Fauzi Mansur acredita que essa ajuda, quando em excesso, pode ser prejudicial. “Temos de tomar cuidado para que, depois de um tempo contando com muito auxílio, a pessoa não se sinta incapaz de realizar as coisas sozinha. Se outro decide por você, pode surgir dependência”, alerta.
O monitoramento deve recair sobre o objetivo principal, e não sobre comportamentos associados a ele. Por exemplo, se o desejo da pessoa é perder peso, a melhor estratégia é ela monitorar os quilos marcados na balança, e não o que comeu a cada dia
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Na pesquisa, os cientistas analisaram 138 estudos anteriores, que, juntos, reúnem dados de mais de 19 mil participantes. Todos haviam sido acompanhados durante suas jornadas em busca de objetivos pessoais, a maioria relacionados a mudanças saudáveisde hábitos, como parar de fumar, emagrecer e controlar o diabetes. Como resultado, os autores observaram uma taxa de êxito maior entre os indivíduos que monitoravam o próprio progresso.- Aposentadoria deve ser vista como oportunidade para novos objetivos e projetos
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“O monitoramento é um processo crucial quando a questão é atingir um objetivo, assegurando que as metas sejam traduzidas em ação. Essa revisão sugere que atitudes que levam à monitoração do progresso melhoram o desempenho comportamental e a probabilidade de atingir objetivos”, destaca, em comunicado à imprensa, Benjamin Harkin, pesquisador da Universidade de Sheffield e um dos autores do estudo.
Um ponto interessante da análise é que o monitoramento deve recair sobre o objetivo principal, e não sobre comportamentos associados a ele. Por exemplo, se o desejo da pessoa é perder peso, a melhor estratégia é ela monitorar os quilos marcados na balança, e não o que comeu a cada dia. Já anotar os alimentos ingeridos em cada refeição será mais útil para quem deseja tornar a dieta mais saudável. “A implicação desse achado é que, se você quiser mudar sua dieta, você deve monitorar o que está comendo. Mas, se desejar perder peso, precisa se concentrar em vigiar o seu peso”, resume Harkin.
Sem segredo
Tornar público cada progresso também aumenta as chances de sucesso, de acordo com a análise americana. Estudos mostraram que pessoas que se pesavam regularmente na frente de outras tinham chances maiores de atingir o peso almejado. “Monitorar o progresso pode ajudar, mas alguns métodos de vigilância são melhores do que outros. Especificamente, recomendamos que as pessoas sejam encorajadas a fazer relatórios e tornem público como está seu progresso”, acrescenta Harkin.
Nesse caso, o incentivo parece vir do retorno que a pessoa em busca do objetivo recebe dos outros. “Ver que um número de amigos comentou sobre seu emagrecimento ou receber mensagens de textos que mostram a evolução do emagrecimento podem influenciar em seguir uma meta”, escrevem os autores no artigo.
Para Fauzi Mansur, doutor em psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisa americana reforça um tema que tem sido tratado em muitos estudos da área comportamental. “É uma proposta clara, pois nossa mente precisa da construção de caminhos para chegar a resultados. É claro que conseguir cumprir certas tarefas, muitas vezes, independe da gente. Existem coisas que não podemos controlar. Mas grande parte do caminho percorrido está ligado com a nossa força”, avalia o especialista, que não participou do estudo. “Monitorar um caminho é uma certeza de que a nossa parte, pelo menos, estamos fazendo”, completa.
Ajuda especializada
Os responsáveis pela análise acreditam que os dados obtidos podem ajudar mais pessoas a atingirem seus objetivos, com o auxílio de orientações que aumentem as chances de sucesso. “Nossos resultados são relevantes para os interessados em alterar um comportamento e alcançar suas metas, bem como para aqueles que querem ajudá-los, caso dos programas de perda de peso, agências de aconselhamentos ligados a dinheiro ou treinadores esportivos”, acredita Harkin.
O monitoramento também pode ser realizado com a ajuda de outras pessoas, como personal trainers e coachs que auxiliam na mudança de rumos profissionais. Apesar de resultados positivos gerados por esses auxiliares, Fauzi Mansur acredita que essa ajuda, quando em excesso, pode ser prejudicial. “Temos de tomar cuidado para que, depois de um tempo contando com muito auxílio, a pessoa não se sinta incapaz de realizar as coisas sozinha. Se outro decide por você, pode surgir dependência”, alerta.