Equipe médica realiza o transplante de face mais completo da história
Cirurgia beneficiou bombeiro de Nova York que teve o rosto totalmente desfigurado em um incêndio. Entre os órgãos transferidos no procedimento, que durou 26 horas, estavam o nariz, as pálpebras, músculos que controlam os olhos e canais auditivos
Correio Braziliense
Publicação:18/11/2015 10:52Atualização: 18/11/2015 14:11
No mais complexo transplante facial da história da medicina, cirurgiões do Centro Médico Langone, da Universidade de Nova York, realizaram um procedimento inédito: implantaram no paciente as pálpebras e os músculos que controlam o movimento de piscar de olhos, algo que devolveu a visão ao bombeiro Patrick Hardison, 41 anos. O homem teve o rosto completamente danificado em um incêndio, em 2001. Os médicos também transplantaram orelhas e canais auditivos, porções da bochecha e do queixo e o nariz inteiro, doados pela família de um jovem ciclista. Outro diferencial do procedimento foi o uso da tecnologia de modelagem e impressão 3D, o que permitiu maior precisão e simetria.
Médicos fazem maior transplante facial do mundo por portaluai
Realizada em 14 de agosto, os resultados da operação de 26 horas foram anunciados ontem pelo cirurgião chefe Eduardo D. Rodriguez, que contou com o auxílio de mais de 100 profissionais para dar a Patrick um novo rosto. O bombeiro voluntário sofreu queimaduras de terceiro grau quando entrou em uma casa em chamas, em setembro de 2001, poucos dias antes dos ataques às torres gêmeas no World Trade Center.
No momento em que buscava sobreviventes, o telhado da construção caiu sobre ele, deixando o homem desfigurado. O fogo devastou o rosto, a cabeça, o pescoço e o torso de Patrick, que também perdeu pálpebras, orelhas, lábios, parte do nariz, cabelos e sobrancelhas. Apesar de ter sido submetido a mais de 70 cirurgias no Mississippi, onde mora, e em outros estados, o bombeiro não conseguiu voltar à vida normal. A falta de pálpebras ameaçava a visão, e, enxergando pouco, ele já não era capaz de realizar tarefas cotidianas, como dirigir.
Sensibilizado, um bombeiro amigo de Patrick escreveu a Rodriguez descrevendo a situação do homem. O médico tornou-se conhecido em 2012, quando realizou um transplante facial bastante complexo, implantando no receptor não apenas a face, mas todo o couro cabeludo. “Quando conheci Patrick e ouvi sua história, eu sabia que tinha de fazer tudo o que podia para ajudá-lo, e cada integrante da minha equipe se sentiu da mesma forma”, recordou o cirurgião. “Sua operação estabeleceu novos padrões no transplante facial e serviu como uma ferramenta de aprendizado incrível”, disse.
O novo rosto de Patrick foi doado pela família de David P. Rodebaugh, um artista e ciclista que morava no Brookyn, vítima de um acidente aos 26 anos. Vencedor de diversas competições, ele tinha fãs e admiradores nos Estados Unidos. David também era um doador de órgãos registrado. A organização LiveOnNY, que contata familiares de possíveis doadores, procurou a mãe de David, que decidiu doar os órgãos.
“Eu amava muito meu filho e era bastante orgulhosa de suas conquistas. Nenhum pai deveria, jamais, passar pela dolorosa perda de um filho. Mas sentimos que talvez algo bom pudesse sair dessa tragédia. Foi por isso que decidimos honrar a decisão de David e doar seus órgãos. Então, outros como Patrick Hardison podem viver em sua memória e se beneficiar de sua generosidade. Desejo o melhor a Patrick e sua família”, afirmou Nancy Millar, mãe do jovem.
Sinais do sucesso
Eduardo D. Rodriguez contou que, nas horas finais da cirurgia, já era possível perceber que ela havia sido bem-sucedida. A nova face de Patrick, particularmente os lábios e as orelhas, estava corada, indicando que a circulação foi restaurada. O cabelo no escalpo, assim como a barba na face, começaram a crescer imediatamente. Ele já era capaz de usar as novas pálpebras e de piscar no terceiro dia de recuperação, depois que o inchaço começou a diminuir. Em uma semana, Patrick pôde se sentar. Agora, passados três meses, o bombeiro começa a retomar as tarefas rotineiras, sem precisar da ajuda de ninguém.
“Sou profundamente grato a meu doador e à sua família. Embora eu não soubesse quem eram, rezei por eles todos os dias, sabendo da difícil decisão que teriam de fazer para me ajudar”, reconheceu Patrick. “Também gostaria de agradecer ao doutor Rodriguez e à sua incrível equipe. Eles me deram mais que uma nova face; eles me deram uma nova vida”, completou. O bombeiro disse que deseja compartilhar sua história para ajudar outras pessoas, principalmente aquelas que sofreram acidentes de trabalho. Como parte da recuperação, ele terá de passar por uma extensiva rotina terapêutica, incluindo fisioterapia, fonoterapia e terapia ocupacional. Também precisará tomar medicamentos antirrejeição pelo resto da vida.
Combinação de imagens mostra a aparência de Patrick Hardison antes e depois da cirurgia: "Eles me deram uma nova vida"
Médicos fazem maior transplante facial do mundo por portaluai
Realizada em 14 de agosto, os resultados da operação de 26 horas foram anunciados ontem pelo cirurgião chefe Eduardo D. Rodriguez, que contou com o auxílio de mais de 100 profissionais para dar a Patrick um novo rosto. O bombeiro voluntário sofreu queimaduras de terceiro grau quando entrou em uma casa em chamas, em setembro de 2001, poucos dias antes dos ataques às torres gêmeas no World Trade Center.
Imagem mostra rosto de Patrick Hardison antes do incêndio, depois e, com o transplante facial
No momento em que buscava sobreviventes, o telhado da construção caiu sobre ele, deixando o homem desfigurado. O fogo devastou o rosto, a cabeça, o pescoço e o torso de Patrick, que também perdeu pálpebras, orelhas, lábios, parte do nariz, cabelos e sobrancelhas. Apesar de ter sido submetido a mais de 70 cirurgias no Mississippi, onde mora, e em outros estados, o bombeiro não conseguiu voltar à vida normal. A falta de pálpebras ameaçava a visão, e, enxergando pouco, ele já não era capaz de realizar tarefas cotidianas, como dirigir.
Sensibilizado, um bombeiro amigo de Patrick escreveu a Rodriguez descrevendo a situação do homem. O médico tornou-se conhecido em 2012, quando realizou um transplante facial bastante complexo, implantando no receptor não apenas a face, mas todo o couro cabeludo. “Quando conheci Patrick e ouvi sua história, eu sabia que tinha de fazer tudo o que podia para ajudá-lo, e cada integrante da minha equipe se sentiu da mesma forma”, recordou o cirurgião. “Sua operação estabeleceu novos padrões no transplante facial e serviu como uma ferramenta de aprendizado incrível”, disse.
David P. Rodebaugh, esportista cuja família autorizou o transplante
“Eu amava muito meu filho e era bastante orgulhosa de suas conquistas. Nenhum pai deveria, jamais, passar pela dolorosa perda de um filho. Mas sentimos que talvez algo bom pudesse sair dessa tragédia. Foi por isso que decidimos honrar a decisão de David e doar seus órgãos. Então, outros como Patrick Hardison podem viver em sua memória e se beneficiar de sua generosidade. Desejo o melhor a Patrick e sua família”, afirmou Nancy Millar, mãe do jovem.
"Quando conheci Patrick e ouvi sua história, eu sabia que tinha de fazer tudo o que podia para ajudá-lo, e cada integrante da minha equipe se sentiu da mesma forma" - Eduardo D. Rodriguez, cirurgião chefe da cirurgia, na foto, ao lado de Patrick Hardison
Sinais do sucesso
Eduardo D. Rodriguez contou que, nas horas finais da cirurgia, já era possível perceber que ela havia sido bem-sucedida. A nova face de Patrick, particularmente os lábios e as orelhas, estava corada, indicando que a circulação foi restaurada. O cabelo no escalpo, assim como a barba na face, começaram a crescer imediatamente. Ele já era capaz de usar as novas pálpebras e de piscar no terceiro dia de recuperação, depois que o inchaço começou a diminuir. Em uma semana, Patrick pôde se sentar. Agora, passados três meses, o bombeiro começa a retomar as tarefas rotineiras, sem precisar da ajuda de ninguém.
“Sou profundamente grato a meu doador e à sua família. Embora eu não soubesse quem eram, rezei por eles todos os dias, sabendo da difícil decisão que teriam de fazer para me ajudar”, reconheceu Patrick. “Também gostaria de agradecer ao doutor Rodriguez e à sua incrível equipe. Eles me deram mais que uma nova face; eles me deram uma nova vida”, completou. O bombeiro disse que deseja compartilhar sua história para ajudar outras pessoas, principalmente aquelas que sofreram acidentes de trabalho. Como parte da recuperação, ele terá de passar por uma extensiva rotina terapêutica, incluindo fisioterapia, fonoterapia e terapia ocupacional. Também precisará tomar medicamentos antirrejeição pelo resto da vida.