Uso de células-tronco apresenta resultados promissores nas cirurgias estéticas e reparadoras
Para especialistas, o uso dessas células do tecido adiposo nas cirurgias plásticas é um caminho sem volta
Ludymilla Sá
Publicação:01/12/2015 14:30Atualização: 01/12/2015 14:39
Há nove anos, 20 mulheres que haviam retirado parte do seio por causa de um tumor se submeteram a uma experiência arriscada no Japão. Elas receberam enxertos de células-tronco nas mamas mutiladas, esperando que elas se reconstituíssem. Um ano mais tarde, Keizo Sugimachi, cirurgião plástico que liderou o estudo, anunciaria, durante o Simpósio de Câncer de Mama, em San Diego, nos Estados Unidos, que todos os casos foram bem-sucedidos.
De acordo com o médico Felipe Pacheco, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a grande vantagem sobre os outros métodos de preenchimento com materiais sintéticos é o fato de a gordura ser naturalmente disponível em quase todas as pessoas: “E é facilmente removida ou aspirada, se necessário, e, quando feita de forma apropriada, tem resultados potencialmente definitivos”, acrescenta.
Na cirurgia estética, o procedimento, geralmente, tem maior aplicação na face, porque a gordura pode ser injetada nos sulcos e rugas faciais para preenchimento de volume. Mas também pode ser aplicada em cicatrizes, áreas com retração ou depressão de trauma ou pós-radioterapia, aumento de glúteo, de panturrilha ou coxas, aumento das mamas, melhora da vascularização do pré-diabético, rejuvenescimento das mãos. E ainda na correção de malformações congênitas.
O rejuvenescimento secundário, de acordo com estudos clínicos, ocorre porque o tecido gorduroso é rico em células-tronco adultas, que podem ter um papel importante nesse processo. Um grama de tecido adiposo tem cerca de 500 vezes mais células-tronco que a mesma quantidade de medula, segundo o especialista.
CONSOLIDADO
O uso das células-tronco no aumento da mama no lugar da prótese de silicone já está consolidado, afirma Felipe Pacheco. Ao mesmo tempo, o cirurgião ressalta que 85% das pacientes ainda optam pela prótese: “A aplicação da célula-tronco pode demandar uma terceira cirurgia, diferentemente da colocação da prótese de silicone”.
Os valores também influenciam na escolha. O médico explica que uma aplicação de célula-tronco, que seria o primeiro procedimento, varia de R$ 6 mil a R$ 8 mil: “E vai aumentar conforme a necessidade de uma nova aplicação. Já o procedimento único para colocar a prótese de silicone custa de R$ 7 mil a R$ 10 mil”.
De qualquer forma, o uso dessas células nas cirurgias plásticas é um caminho sem volta, na avaliação do médico José Cesário da Silva Almada Lima, chefe do Departamento de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário da Faculdade de Ciências Médicas. E funciona assim, segundo o médico: “Uma amostra de sangue do paciente é centrifugada e o plasma rico em plaquetas é separado. A gordura aspirada é acrescida, então, desse plasma, antes de ser enxertada na face ou no corpo do paciente. É, definitivamente, a revolução da medicina. É o futuro, pois é um procedimento não invasivo e também está em estudo o uso no tratamento de diabetes e pâncreas”, acrescenta.
Monitoramento
“Desde que se começou a conhecer as potenciais propriedades das células-tronco na reconstituição de múltiplos órgãos e tecidos, inúmeras pesquisas têm sido conduzidas para determinar o possível uso dessas células, tanto em cirurgias plásticas estéticas, como nas reparadoras. Atualmente, as células-tronco derivadas do tecido adiposo são o tipo que tem mostrado melhor comportamento e disponibilidade para corrigir cicatrizes viciosas, ser empregado em várias reconstruções (como na mama) e em melhorias estéticas da face e do contorno corporal. Muitos estudos estão em fases avançadas e com publicações de resultados controversos. Apesar de aparentemente seguros, ainda não há evidências científicas suficientes para que os tratamentos baseados nessas células sejam usados irrestritamente, e apenas algumas aplicações têm sido liberadas para a prática clínica. Os EUA iniciaram um banco de dados de todos os seus pacientes que têm recebido esse tipo de intervenção. A partir daí, saberemos nos próximos anos os reais resultados dessa linha de tratamento tão promissora. O Conselho Federal de Medicina ainda não reconhece nenhum tipo de tratamento com a utilização dessas células.”
Marzo Luiz Bersan, Coordenador da equipe de cirurgia plástica do Hospital Madre Teresa e Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
A grande vantagem sobre os outros métodos de preenchimento com materiais sintéticos é o fato de a gordura ser naturalmente disponível em quase todas as pessoas
Saiba mais...
Essa foi uma das primeiras experiências utilizando células-tronco nas cirurgias plásticas reparadoras. O sistema só se tornou possível depois da descoberta de que a gordura contém esse tipo de célula, que, livre de discussões éticas – não é proveniente de embriões –, é retirada do corpo do próprio paciente adulto e é capaz de se transformar em tecidos de todos os tipos. E ainda proporciona rejuvenescimento e a regeneração do tecido muscular. Por isso, além de ser usada nas cirurgias reparadoras, as células-tronco têm sido utilizadas, ainda que em pequena escala, nas cirurgias estéticas.- Câmara aprova cirurgia plástica pelo SUS para mulheres vítimas de violência
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De acordo com o médico Felipe Pacheco, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a grande vantagem sobre os outros métodos de preenchimento com materiais sintéticos é o fato de a gordura ser naturalmente disponível em quase todas as pessoas: “E é facilmente removida ou aspirada, se necessário, e, quando feita de forma apropriada, tem resultados potencialmente definitivos”, acrescenta.
Na cirurgia estética, o procedimento, geralmente, tem maior aplicação na face, porque a gordura pode ser injetada nos sulcos e rugas faciais para preenchimento de volume. Mas também pode ser aplicada em cicatrizes, áreas com retração ou depressão de trauma ou pós-radioterapia, aumento de glúteo, de panturrilha ou coxas, aumento das mamas, melhora da vascularização do pré-diabético, rejuvenescimento das mãos. E ainda na correção de malformações congênitas.
Uso das células-tronco no aumento da mama no lugar da prótese de silicone já está consolidado,
CONSOLIDADO
O uso das células-tronco no aumento da mama no lugar da prótese de silicone já está consolidado, afirma Felipe Pacheco. Ao mesmo tempo, o cirurgião ressalta que 85% das pacientes ainda optam pela prótese: “A aplicação da célula-tronco pode demandar uma terceira cirurgia, diferentemente da colocação da prótese de silicone”.
Os valores também influenciam na escolha. O médico explica que uma aplicação de célula-tronco, que seria o primeiro procedimento, varia de R$ 6 mil a R$ 8 mil: “E vai aumentar conforme a necessidade de uma nova aplicação. Já o procedimento único para colocar a prótese de silicone custa de R$ 7 mil a R$ 10 mil”.
De qualquer forma, o uso dessas células nas cirurgias plásticas é um caminho sem volta, na avaliação do médico José Cesário da Silva Almada Lima, chefe do Departamento de Cirurgia Plástica do Hospital Universitário da Faculdade de Ciências Médicas. E funciona assim, segundo o médico: “Uma amostra de sangue do paciente é centrifugada e o plasma rico em plaquetas é separado. A gordura aspirada é acrescida, então, desse plasma, antes de ser enxertada na face ou no corpo do paciente. É, definitivamente, a revolução da medicina. É o futuro, pois é um procedimento não invasivo e também está em estudo o uso no tratamento de diabetes e pâncreas”, acrescenta.
Monitoramento
“Desde que se começou a conhecer as potenciais propriedades das células-tronco na reconstituição de múltiplos órgãos e tecidos, inúmeras pesquisas têm sido conduzidas para determinar o possível uso dessas células, tanto em cirurgias plásticas estéticas, como nas reparadoras. Atualmente, as células-tronco derivadas do tecido adiposo são o tipo que tem mostrado melhor comportamento e disponibilidade para corrigir cicatrizes viciosas, ser empregado em várias reconstruções (como na mama) e em melhorias estéticas da face e do contorno corporal. Muitos estudos estão em fases avançadas e com publicações de resultados controversos. Apesar de aparentemente seguros, ainda não há evidências científicas suficientes para que os tratamentos baseados nessas células sejam usados irrestritamente, e apenas algumas aplicações têm sido liberadas para a prática clínica. Os EUA iniciaram um banco de dados de todos os seus pacientes que têm recebido esse tipo de intervenção. A partir daí, saberemos nos próximos anos os reais resultados dessa linha de tratamento tão promissora. O Conselho Federal de Medicina ainda não reconhece nenhum tipo de tratamento com a utilização dessas células.”
Marzo Luiz Bersan, Coordenador da equipe de cirurgia plástica do Hospital Madre Teresa e Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica