Em gesto de solidariedade, mães presas doam leite para ajudar suprir queda de 40% do Sofia Feldman

Em janeiro, o Comitê de Aleitamento Materno do Hospital Sofia Feldman fez um chamado às mães que amamentam a doar leite

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Redação - Saúde Plena Publicação:04/02/2016 14:21Atualização:04/02/2016 15:47
O leite humano possui proteínas, vitaminas e sais minerais que são melhores aproveitados pelo organismo, se comparado a leites artificiais ( Marcelo Sant'Anna/Imprensa MG)
O leite humano possui proteínas, vitaminas e sais minerais que são melhores aproveitados pelo organismo, se comparado a leites artificiais
Em janeiro deste ano, o Hospital Sofia Feldman fez um chamado às mães que amamentam a doar leite aos bebês prematuros e de baixo peso internados em UTI neonatal. A unidade de saúde registra 40% de queda nas doações neste início de ano, mas a boa notícia é que parte da demanda será suprida pelas mães que estão presas no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade (CRGPL), em Belo Horizonte.

A iniciativa da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) vai garantir um reforço no suprimento de leite humano da instituição, mas o apelo continua já que a parceria é nova e as doações estão começando.

Para ser doadora, é necessário que a mulher preencha alguns critérios:
  • A mãe deve estar amamentando
  • Ter leite excedente
  • Não fazer uso de bebidas alcoólicas, cigarros ou outras drogas
  • Não ter tido hepatite
  • Não ter recebido transfusão de sangue nos últimos 5 anos
  • Possuir os exames de pré natal negativados

As mães privadas de liberdade e que ficam no CRGPL até os filhos completarem um ano de idade já passaram por um treinamento do Comitê de Aleitamento Materno do Sofia Feldman. Enfermeira obstetra e presidente do Comitê, Cintia Ribeiro diz que o novo projeto reforça ainda mais a parceria entre as duas instituições. “Muitas presas dão à luz no Sofia Feldman e uma vez por semana vamos até à unidade fazer atendimento com a equipe multidisciplinar. É muito importante essa nova ação para firmar ainda mais essa troca, além de ajudar a salvar a vida de bebês”.

Nicelda Saraiva de Moura, de 35 anos, passou a gestação do quarto filho no CRGPL e também já viveu o drama de ter um bebê internado na UTI. “Eu sei o que é ver um filho naquele lugar, é uma situação muito triste. Poder ajudar essas mães e essas crianças, estando aqui, é muito gratificante”, diz.

A mãe de primeira viagem, Lilian Gaspardine Vieira, 29, diz que procurou se colocar no lugar das mulheres que têm filhos internados. “Produzo muito leite e acabo jogando fora. Poder doar para as crianças que estão nessa situação tão triste e ajudá-las de alguma forma é muito bom. É como se a gente virasse um pouco mãe delas também”, afirma.

Coleta
O Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade abriga atualmente 34 lactantes. Para a coleta do leite, uma sala da unidade foi equipada com freezer, lavabo com material de higienização das mãos e das mamas, um sofá para a amamentação e uma cadeirinha para as crianças mais crescidas.

A maternidade está fornecendo potes de vidro esterilizados para o armazenamento do leite, além de toucas e máscaras descartáveis usadas durante a coleta. O pote é etiquetado com dados da lactante, a data e o horário da retirada do leite, que é congelado e tem que ser encaminhado para a Maternidade dentro de 14 dias para passar pelo processo da pasteurização.

Uma vez por semana uma equipe do hospital vai buscar os potes que são acompanhados de um formulário com os dados de saúde da doadora. O leite passa pela Maternidade Odete Valadares, onde é pasteurizado, antes de ficar disponível no Sofia Feldman para o consumo de bebês internos no CTI da instituição.

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