Pesquisa brasileira desenvolve protetor solar à base de própolis vermelha

Ainda não há certeza de que o produto poderá ser comercializado já no verão de 2017

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Agência Estado Publicação:11/02/2016 14:28Atualização:11/02/2016 14:37
Mais da metade dos brasileiros não usa filtro solar diariamente (Thinkstock/Reproducao da internet )
Mais da metade dos brasileiros não usa filtro solar diariamente
Os próximos verões podem chegar com uma novidade na área cosmética no que diz respeito à proteção contra os raios UVA e UVB: um protetor solar à base de própolis vermelha desenvolvido no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), em Sergipe. À frente dos estudos, iniciados em 2013, estão os professores doutores Juliana Cordeiro Cardoso, pesquisadora do Laboratório de Biomateriais, e Ricardo Luiz Cavalcanti de Albuquerque Júnior, pesquisador do Laboratório de Morfologia e Patologia Experimental. Os cientistas são docentes do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente da Universidade Tiradentes (Unit) e da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio)

Os estudos iniciaram com o objetivo de verificar se a própolis vermelha possuía potencial para proteção de danos à pele exposta à ação de radiação solar. Os pesquisadores e a aluna de mestrado Ângela Alves demonstraram os possíveis mecanismos de proteção de uma formulação tópica que foi capaz de evitar a queimadura da pele e ajudar no processo de recuperação.

"Descobrimos que a proteção acontece por causa das propriedades anti-inflamatória e antioxidante da própolis vermelha. Agora, nossa pesquisa está na fase de teste em humanos. A doutoranda Cinthia Meireles desenvolverá um protetor solar com base neste produto natural", comenta Juliana Cardoso

Outra situação que possibilitou essa nova etapa das pesquisas foi a descoberta de uma benzofenona na composição química da própolis vermelha. A benzofenona é uma substância presente nos protetores solares comerciais e que tem como função captar a radiação solar e transformá-la, evitando que haja dano ao DNA e a formação de possíveis doenças, a exemplo do câncer de pele. Neste mesmo estudo químico também foi identificada a presença de flavonoides, que são responsáveis pela ação antioxidante que o produto natural contém, fazendo com que a própolis vermelha tenha ação antienvelhecimento da pele. "Mas essa questão do potencial antienvelhecimento será uma terceira etapa da pesquisa", afirma Juliana Cardoso.

Os estudos estão avançados. O pedido de patente do produto já foi depositado no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), e se alguma indústria se interessar, as negociações estão abertas. Passada a fase de teste em animais, o próximo passo será desenvolver as pesquisas em humanos, o que deve ser iniciado ainda neste primeiro semestre de 2016. Tudo depende do sinal verde do Comitê de Ética da Universidade Tiradentes, que faz parte da Plataforma Brasil de Pesquisa do Governo Federal

"Sempre que pesquisas vão ser feitas com humanos há a obrigatoriedade de enviar todo o projeto para o Comitê de Ética, que analisa a documentação de forma minuciosa antes de liberar os procedimentos. Todo cosmético tem que ser testado primeiro, para ver se existe algum efeito não esperado, e depois para ver se vai fazer o bem proposto", explica a pesquisadora

Os primeiros testes da formulação foram realizados em peles de ratos para saber sobre a atividade antitumoral e, por exemplo, se causava algum tipo de irritação dérmica ou se deixava a pele pigmentada ? já que a própolis tem cor vermelha. Felizmente a irritação e a pigmentação não aconteceram, pelo contrário, o uso foi benéfico e demonstrou o efeito quimioprotetor da substância, determinante para o inicio da fase em humanos. E nesta próxima fase uma das necessidades é identificar o fator de proteção solar, ou seja, encontrar aquele número que fica bem visível na embalagem e que indica o tempo de proteção. Como esse fator varia de pele para pele, em cada indivíduo integrante da pesquisa será encontrada a Dose Eritematógena Mínima (DEM).

A intenção, nestes testes, é utilizar pessoas com peles mais claras, pois são as mais sensíveis. "Vamos atuar tendo como base a pior situação, aquela que vai precisar ser mais protegida, até porque estamos seguindo o protocolo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a regra internacional para filtros solares", ressalta a pesquisadora.

Ainda não há certeza de que o produto poderá ser comercializado já no verão de 2017. Após todos os testes em andamento e mesmo com a indústria se propondo a fabricar, outras análises precisarão ser realizadas, agora em relação à estabilidade do produto e ao prazo de validade.

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