Dor nos pés pode ser sinal de vários problemas; tire suas dúvidas

Mais de 70% da população mundial apresenta algum incômodo ou dor nos pés não decorrentes de trauma em alguma fase da vida

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Zulmira Furbino Publicação:23/02/2016 14:00
Você nunca imaginou que seu pé fosse tão importante para o seu bem-estar até que ele passou a doer? Saiba que não está sozinho. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé (Abtpé), mais de 70% da população mundial apresenta algum incômodo ou dor nos pés não decorrentes de trauma em alguma fase da vida. Problemas no tendão calcâneo (conhecido como tendão de Aquiles), metatarsalgia, joanete, fascite plantar, neuroma Morton, esporão do calcâneo, entre outros, tornam o simples ato de calçar sapatos um desafio e, no limite, chegam a ser incapacitantes em função da dor que causam ao andar.

Mas como saber se é o caso de procurar um médico ou se o assunto pode ser resolvido por um podólogo? Quem responde é o ortopedista do Hospital Felício Rocho Daniel Soares Baumfield. “O podólogo pode oferecer alguns alívios para os pés, como tirar calosidades, fazer massagem, orientar a hidratação. Mas quando uma pessoa sente qualquer alteração incômoda nos pés, que não faz parte do dia a dia, é hora de procurar um médico especialista no assunto”, orienta. Problemas no tendão calcâneo, o tendão mais forte do corpo, por exemplo, podem ocasionar desequilíbrios em outras partes do pé.

Baumfield explica que o tendão calcâneo tem a função de nos ajudar a dar passadas e, por isso, é fundamental para o arranque na hora de caminhar. Por ser muito importante para a movimentação, é preciso protegê-lo, alongando a cadeia muscular posterior das pernas. É esse alongamento que permite ao tendão ganhar elasticidade para distribuir corretamente a energia de forma equilibrada entre músculos, tendão e osso. Se a pessoa não se protege, tende a desenvolver doenças como tendinopatias insercionais (dentro do osso) ou não insercionais (fora do osso). “Quando está comprometido, o tendão calcâneo acaba provocando desequilíbrios e dor em outras regiões dos pés. Ele é uma das principais causas da fascite plantar e qualquer tipo de dor na planta dos dedos”, explica o ortopedista.

Clique na imagem para ampliá-la e saiba mais  (EM / D.A Press)
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A fascite plantar é uma das principais causas de dor nos pés. Sua causa também pode ser um encurtamento da cadeia superior. Isso ocorre com bastante frequência entre mulheres que usam salto alto por um tempo muito longo durante a vida. É que o salto impede a musculatura de se alongar e encurta essa musculatura pelo uso excessivo desse tipo de calçado. As consequências são dores nas plantas dos pés no momento em que a mulher sai do salto alto, trocando-o por uma rasteirinha. “A fascite é um problema intermitente e, depois que aparece, dura em torno de 10 meses. O tratamento é baseado no alongamento da musculatura posterior da perna”, observa o ortopedista.

Outras doenças comuns que acometem os pés são metatarsalgia, que pode ter origem genética ou aparecer pela sobrecarga dos dedos, causada por uma alteração no formato dos ossos dos pés, e também em função da existência de joanete, que causa uma insuficiência do grande dedo, fazendo com que ele receba menos carga do que deveria, sobrecarregando os dedos menores. “Nessas situações, aparecem calosidades plantares, dedos em garra ou a sobreposição de um dedo no outro. Quando há um joanete, o grande dedo, que deveria receber dois sextos do peso da pessoa, passa a receber apenas um sexto. O resto acaba sendo absorvido pelos quatro dedos menores, que não estão preparados para recebê-lo”, explica.

As consequências são incapacidade de usar calçados habituais, já que as calosidades são dolorosas. Também pode haver inflamações das articulações (por atrito), bursite, incapacidade de fazer a atividade esportiva habitual e, no caso das mulheres, fica impossível combinar as roupas com os mesmos sapatos que eram usados antes de surgir o problema. Mas nem só de doenças causadas por maus-tratos do tendão calcâneo vivem as dores nos pés. “No pé há outros tendões, além do calcâneo. O cardo plantar nos dá suporte. Se ele falha, aparece o pé plano. Esse tendão também deve ser cuidado durante a vida. Para isso é preciso fazer alongamento, cuidar do peso, evitar a diabetes, fazer atividade física de rotina (com alongamento). É preciso criar rotinas propícias à saúde do pé”, orienta Baumfield.

Outro problema que costuma aparecer na planta do pé é o neuroma de Morton, espessamento de um nervo localizado entre o terceiro e o quarto dedos que pode ser causado por sobrecarga local, sapatos de bico fino, ou encurtamento da musculatura da cadeia superior por sobrecarga. Estimulado em excesso, esse nervo ganha uma “proteção’ e fica mais espesso, tornando-se maior do que o espaço que lhe é reservado entre os ossos. “Toda vez que a pessoa coloca o pé no chão o nervo sobe e fica entre os ossos, sendo comprimido. Isso provoca dormência, dor e desconforto. A pessoa não consegue calçar sapatos e se lembra a todo momento de que os pés existem”, explica o ortopedista.

SOLUÇÕES
Os tratamentos clássicos para esses problemas mais comuns que afetam os pés vão de fisioterapia, alongamentos, uso de gelo no local, ingestão de anti-inflamatórios, infiltração e, no limite, cirurgia, conforme avaliação médica e de acordo com cada problema. Mas há também uma saída via acupuntura neurofuncional. É o que afirma o médico acupunturista Hidelbrando Sábato, que atua em clínica da dor e trabalha com esse tipo de acupuntura, que leva em consideração a disfunção física que provoca o problema. Vale para os casos em que a intervenção cirúrgica não é necessária, como fascite plantar, neuroma de Morton, esporão do calcâneo ou tendinite do tendão calcâneo. “É possível procurar a disfunção em determinado grupo muscular da perna e corrigir o funcionamento inadequado com a agulha”, sustenta.

Na visão dele, se a disfunção é corrigida, a dor acaba sendo tratada. “Claro que usamos a acupuntura clássica para resolver a inflamação e levar maior fluxo de sangue para o local, mas sem a análise funcional o problema não será tratado de forma adequada porque a lesão passa a ser daquele tipo que não cura nunca. “Se não levar em consideração o conjunto dos músculos e a relação entre eles, o sucesso é menor”, justifica Sábato.

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