Medo dos homens de envelhecer recai sobre a disfunção erétil e dependência, diz antrópologa
Mirian Goldenberg aponta também a diferença de preocupações entre homens e mulheres com o envelhecimento
Gustavo Perucci - Estado de Minas
Publicação:17/04/2016 14:45Atualização: 18/04/2016 10:54
Uma das principais preocupações masculinas ao envelhecer é perder seu papel sexual nas relações familiares e sociais. Tratado como algo inevitável, principalmente entre os mais jovens, as disfunções sexuais na velhice não são regra. E, cada vez mais, idosos vêm se abrindo sobre o tema e procurando tratá-lo com mais naturalidade e maturidade.
Rodrigo Ribeiro dos Santos, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de Minas Gerais (SBGG-MG), explica que são vários os fatores que podem comprometer a atividade sexual nas idades mais avançadas. “O processo de envelhecimento, associado com as doenças adquiridas e as mudanças nas dinâmicas sociais, influencia sim na sexualidade. Entretanto, deve-se considerar que a sexualidade é parte integrante do ser humano e o envelhecimento não torna o idoso assexuado. A preocupação com as questões sexuais entre os idosos está crescendo”, afirma. Para Santos, não há uma regra sobre aumento ou diminuição do apetite sexual, pois são muitos os fatores que podem influenciar na questão, além de a importância da sexualidade na vida depender de cada pessoa.
A antropóloga e escritora Mirian Goldenberg, autora dos livros A bela velhice e o corpo, envelhecimento e felicidade, trabalha há anos com gênero e envelhecimento. Em suas pesquisas, ela observou preocupações diferentes entre homens e mulheres ao se depararem com a realidade da terceira idade.
“As mulheres falam mais de aparência e liberdade, que á algo que elas mais valorizam na velhice. Elas quase não falam da questão sexual. Às vezes, até acham que, com a velhice, elas se libertam dessas obrigações com relação à sexualidade. Os homens, inclusive os mais novos, falam mais de duas coisas: impotência sexual e do medo da dependência, de perder o trabalho, a aposentadoria, da falta de um projeto de vida”, revela.
GANHOS E PERDAS Para Goldenberg, a velhice representa situações inversas para as mulheres e os homens. Enquanto para o gênero feminino essa passagem é vista como libertação, para o masculino representa perda de seu papel social. Para elas, questões como maternidade e casamento passam a ser menos importantes. O fim das obrigações sexuais, algo que muitas das idosas de hoje não conseguiram construir relação com prazer, é enxergado como um alívio.
“Os homens não. Não só pela questão do prazer, mas muito porque a questão sexual é uma prova de que eles são homens. Então, quando eles abrem mão disso, mesmo na velhice, é quase abrir mão de uma masculinidade verdadeira. O que não ocorre com a mulher. Para elas, a feminilidade está muito mais ancorada na maternidade do que na sexualidade”, explica Goldenberg.
A antropóloga Mírian Goldenberg é autora dos livros 'A bela velhice' e o 'corpo'
Rodrigo Ribeiro dos Santos, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de Minas Gerais (SBGG-MG), explica que são vários os fatores que podem comprometer a atividade sexual nas idades mais avançadas. “O processo de envelhecimento, associado com as doenças adquiridas e as mudanças nas dinâmicas sociais, influencia sim na sexualidade. Entretanto, deve-se considerar que a sexualidade é parte integrante do ser humano e o envelhecimento não torna o idoso assexuado. A preocupação com as questões sexuais entre os idosos está crescendo”, afirma. Para Santos, não há uma regra sobre aumento ou diminuição do apetite sexual, pois são muitos os fatores que podem influenciar na questão, além de a importância da sexualidade na vida depender de cada pessoa.
A antropóloga e escritora Mirian Goldenberg, autora dos livros A bela velhice e o corpo, envelhecimento e felicidade, trabalha há anos com gênero e envelhecimento. Em suas pesquisas, ela observou preocupações diferentes entre homens e mulheres ao se depararem com a realidade da terceira idade.
“As mulheres falam mais de aparência e liberdade, que á algo que elas mais valorizam na velhice. Elas quase não falam da questão sexual. Às vezes, até acham que, com a velhice, elas se libertam dessas obrigações com relação à sexualidade. Os homens, inclusive os mais novos, falam mais de duas coisas: impotência sexual e do medo da dependência, de perder o trabalho, a aposentadoria, da falta de um projeto de vida”, revela.
GANHOS E PERDAS Para Goldenberg, a velhice representa situações inversas para as mulheres e os homens. Enquanto para o gênero feminino essa passagem é vista como libertação, para o masculino representa perda de seu papel social. Para elas, questões como maternidade e casamento passam a ser menos importantes. O fim das obrigações sexuais, algo que muitas das idosas de hoje não conseguiram construir relação com prazer, é enxergado como um alívio.
“Os homens não. Não só pela questão do prazer, mas muito porque a questão sexual é uma prova de que eles são homens. Então, quando eles abrem mão disso, mesmo na velhice, é quase abrir mão de uma masculinidade verdadeira. O que não ocorre com a mulher. Para elas, a feminilidade está muito mais ancorada na maternidade do que na sexualidade”, explica Goldenberg.