Obesidade tem impacto na andropausa e afeta saúde masculina

Maior parte dos mineiros não relaciona excesso de peso com diminuição de testosterona, mais comum a partir dos 45 anos, e que afeta de 15% a 20% deles. Questão atinge vida sexual

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Carolina Cotta - Estado de Minas Publicação:15/07/2016 15:09Atualização:15/07/2016 15:16
A obesidade é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos maiores problemas de saúde pública. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso, e mais de 700 milhões, obesos. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a doença vem crescendo cada vez mais, e levantamentos apontam que mais de 50% da população brasileira já está acima do peso. Os impactos são generalizados. O aumento do risco de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer é mais conhecido, mas será que os homens têm noção do impacto do peso em sua saúde como um todo, inclusive em sua saúde sexual?

Entre os impactos negativos que a obesidade pode causar à saúde do homem estão o maior risco de aterosclerose, diabetes, síndrome metabólica, doença hepática gordurosa não alcoólica, problemas cardíacos e disfunção erétil, mais conhecida como impotência sexual. Estudos mais recentes mostram relação, inclusive, com o câncer de próstata. Isso prova como o peso em excesso representa um sério fator de risco para a redução da qualidade e da expectativa de vida. Mas grande parte dos brasileiros nem sequer desconfia que a obesidade é um dos principais fatores relacionados à andropausa, condição multifatorial caracterizada pela queda dos níveis de testosterona em homens, também conhecida como hipogonadismo.

Para marcar o Dia da Saúde do Homem, celebrado hoje, pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com a Bayer, e divulgada recentemente, mostra que, em Belo Horizonte, 91% dos homens de 50 aos 70 anos não relacionaram a obesidade à condição. Entre os mais jovens, com idade entre 18 e 22 anos, a relação é ainda menos conhecida: o índice chega a 95%. O levantamento, realizado com 2 mil pessoas de sete capitais %u2013 Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo %u2013, aponta que a maior parte da população masculina credita a redução de testosterona à falta de qualidade de vida (19% entre os mais maduros e 57% entre os mais jovens, na capital mineira) e às mudanças dos níveis hormonais (19% para os mais maduros e 23% para os mais jovens).

Segundo o urologista Archimedes Nardozza Jr., presidente da SBU, o excesso de tecido adiposo altera o funcionamento da hipófise e dos testículos, inibindo a produção da testosterona, quadro mais acentuado a partir dos 45 anos. A queda da testosterona traz diversos problemas aos homens, prejudicando a qualidade de vida ao provocar alterações de humor, cansaço, sensação de perda de energia e diminuição das massas óssea e muscular. Além disso, afeta também a vida sexual ao diminuir a libido e desencadear a disfunção erétil. O problema, segundo o urologista Pedro Romanelli, coordenador do serviço de Urologia do Hospital Madre Teresa, em BH, e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica, é que os homens não falam sobre isso.

O homem tem fama de não gostar de ir ao médico e cuidar menos da saúde que as mulheres. Fato é que a perspectiva de vida deles é pelos menos cinco anos menor que a delas. Segundo Romanelli, muitas vezes eles chegam ao consultório levados pelas companheiras e cabe ao médico aproveitar esse momento para tentar cuidar da saúde do homem como um todo, encaminhando-o para outros especialistas, dependendo do problema encontrado. O especialista mineiro costuma orientar sobre a colonoscopia, exame preventivo para o câncer de intestino e que deve ser feito por toda a população com mais de 50 anos. Para os fumantes, ele chama a atenção dos seus pacientes para os riscos do tabagismo e sugere uma pesquisa especializada para investigar um possível câncer de pulmão.

%u201CMas se tivesse que cuidar apenas da saúde do sistema urinário e reprodutor do homem já teria muito o que fazer. Os problemas mais comuns são a hiperplasia prostática benigna (HPB), crescimento aumentado da glândula que traz desconfortos ao homem na hora de urinar, e o câncer de próstata%u201D, cita Romanelli. Dados recém-divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) indicam que, somente este ano, surgirão, no Brasil, 61.200 novos casos de câncer de próstata. Desses, aproximadamente 14 mil evoluirão para óbito. Segundo Pedro Romanelli, estudos revelam que homens com níveis de testosterona mais baixos tendem a ter câncer de próstata mais agressivo. Além disso, esses baixos índices diminuem a libido, o que pode afetar a potência sexual do homem.

%u201CA obesidade interfere muito na produção de hormônios. O homem obeso passa a produzir menos testosterona, que é o hormônio masculino, e passa a produzir estrógeno, que é o hormônio feminino%u201D, explica. Mas a perda de peso nesses pacientes, em qualquer momento da vida adulta, pode resultar em benefício para a saúde. %u201CPara viver com saúde e qualidade, além de buscar uma alimentação saudável e a prática de atividade física, é preciso reforçar a importância da consulta médica e da realização de exames periódicos. Dessa forma, se existir alguma anormalidade, o médico vai avaliar e indicar o tratamento adequado%u201D, defende Archimedes.

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