Aplicativos ajudam médicos a acompanhar a perda de peso de seus pacientes
Objetivo é observar perdas muito rápidas ou muito lentas e poder interferir no processo com mais eficiência
Carolina Cotta - Estado de Minas
Publicação:18/07/2016 14:49Atualização: 18/07/2016 15:24
Eles vieram para ficar. Os smartphones, com sua larga oferta de aplicativos, concentram serviços importantes para as tarefas diárias. É neles que falamos com a família, lemos nossos e-mails, acessamos a conta do banco e passamos parte do nosso tempo. E é com a ajuda deles que muitas pessoas estão se propondo a cuidar mais da saúde e da qualidade de vida. Uma visitinha na loja de aplicativos é suficiente para descobrir que há centenas deles. As opções variam de orientações sobre nutrição, alertas para ingestão de remédios e até ferramentas que reúnem informações sobre o histórico médico do paciente. Uma pesquisa da Flurry Insights mostrou que, em apenas seis meses, o uso dessas ferramentas aumentou 62%, entre 2013 e 2014.
Alguns especialistas defendem que eles são eficientes a partir do momento em que podem ajudar pacientes a modificar hábitos e aderir ao tratamento. Outros veem com desconfiança e não incluem as ferramentas nos tratamentos. Parte disso pode estar ligado ao fato de não existir no Brasil regulação para essa tecnologia. No ano passado, a Food and Drugs Administration (FDA) passou a regular todas as ferramentas ligadas a doenças que podem colocar em risco a vida dos pacientes, segundo o órgão, todos os aplicativos que usam luzes, câmera, vibração e outros recursos para realizar funções de dispositivos médicos. Aqueles que têm baixo risco à saúde do paciente, como os que ajudam a controlar a dieta, não são fiscalizados.
No Brasil, nem o Conselho Federal de Medicina nem a Anvisa desenvolveram regras específicas para aplicativos dessa natureza. Fato é que médicos, e mesmo sociedades médicas, estão investindo em aplicativos de promoção de saúde e monitoramento de algumas enfermidades. A Sociedade Brasileira de Reumatologia, por exemplo, em parceria com um laboratório, desenvolveu o FIQr (sigla para Questionário de Impacto na Fibromialgia) para auxiliar pacientes que sofrem da síndrome, que causa fortes dores no corpo. O app traz 21 perguntas, que devem ser respondidas semanalmente pelo paciente. As respostas são enviadas diretamente para o e-mail do médico, que pode avaliar, em uma escala de zero a 100, os impactos das dores na vida do paciente e se ele está evoluindo bem ao tratamento, já que a questão da dor é bastante subjetiva.
Num movimento que combina a promoção de saúde e o relacionamento com os pacientes, o cirurgião bariátrico Leonardo Salles, do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), acaba de lançar o Imobesidade, aplicativo para melhorar o acompanhamento dos pacientes em tratamento da obesidade. “Embora utilizemos com sucesso o balão intragástrico para otimizar a perda de peso, utilizamos o tratamento multidisciplinar para tratar a obesidade. Nosso aplicativo visa reforçar esse acompanhamento, nos ajudando a verificar quem está fora da curva de perda de peso, assim como se nossos pacientes estão fazendo o programa de tratamento de forma adequada”, explica o especialista.
EXPERIÊNCIA Leonardo sempre foi muito ligado à tecnologia, tendo aprendido a programar computadores aos 7 anos de idade. “Fui bem nerd durante a infância e a adolescência. Enquanto meus colegas jogavam futebol, me divertia escrevendo programas de computador. Hoje, adiciono isso aos mais de 16 anos de experiência em tratamento da obesidade”, conta. O médico explica que quando recebe um paciente indicado por um colega, esse tem como acompanhar o tratamento e o desempenho do paciente. O aplicativo também tem ferramentas que otimizam a interação entre a equipe que está fazendo o tratamento do paciente, entre muitas outras funções, como gráficos de peso e evolução da variação de massa magra, massa gorda e circunferência abdominal.
Já disponível na versão IOS, para download na App Store, nos próximos dias, o aplicativo também terá sua versão para Android no Market Place. Direcionado apenas para os pacientes do Instituto Mineiro de Obesidade, o Imobesidade exige cadastro. Leonardo conta que, com um mês de uso, os pacientes estão aderindo e gostando do serviço. Antes do aplicativo, o monitoramento dos pacientes era feito por telefone, por duas enfermeiras. A mesma equipe agora avalia os dados, identificando o que foge ao padrão. Cabe ao paciente, geralmente pessoas que fizeram a cirurgia bariátrica ou colocaram o balão intragástrico, se pesar todos os dias pela manhã. As medidas de circunferência abdominal devem ser semanais. Além disso, o aplicativo tem um recordatório alimentar, uma espécie de diário do que foi consumido no dia anterior.
“Com esses dados, daqui da clínica consigo ver como está o desempenho da perda de peso dos pacientes. Com essa tecnologia, consigo filtrar os pacientes que estão indo bem e aqueles que estão precisando de mais atenção e acompanhamento, se o gráfico mostrar que estão fora da curva prevista. Se o paciente para de colocar os dados já é um alerta de que não está totalmente dedicado ao processo. É atrás desse paciente que precisamos ir”, explica o médico. Se a perda de peso observada é excessiva, o médico tem ainda um sinal de que algo não vai bem. “Nem sempre os pacientes entram em contato. Com o aplicativo consigo rastrear os casos que precisam de ajuda. Às vezes, o paciente não tira a dúvida no momento e o problema se agrava, ficando mais difícil de resolver”, diz.
PERSONAGEM DA NOTÍCIA
Evolução monitorada
JAMILA VERÔNICA LOPES ALMEIDA, 29 ANOS, GERENTE FINANCEIRA
Os aplicativos de acompanhamento de peso têm ajudado Jamila Almeida há nove meses, quando a gerente financeira colocou balão intragástrico para facilitar o processo de emagrecimento. Antes de aderir ao aplicativo Imobesidade, ela usava outra opção disponível nas lojas de aplicativos, com a desvantagem de esse anterior não ter comunicação direta com seu médico. A meta de emagrecer 25 quilos já foi alcançada, antes mesmo da retirada do balão, prevista para outubro. “Conversando com minha nutricionista, mudamos a meta. Quero pesar 60 quilos quando retirar o balão. Só faltam dois quilos para alcançá-la”, comemora Jamila, que já tinha tentado muitas dietas quando foi procurar a opção da cirurgia bariátrica, mas foi orientada pelo médico a fazer o balão, procedimento menos invasivo e com tempo determinado. Desde que colocou o dispositivo, Jamila se pesa todos os dias e coloca os dados no aplicativo para acompanhar a evolução da perda de peso. Quando se consulta com a nutricionista, também insere dados das medidas de circunferência e da bioimpedância. “Os aplicativos são ótimos, nos ajudam nesse processo. Com eles, posso acompanhar, em relatórios e gráficos, como está sendo o emagrecimento. É possível visualizar o resultado do meu esforço diário. Com o app Imobesidade tenho ainda a vantagem de atualizar os profissionais que me acompanham”, comemora.
Leonardo Salles, cirurgião bariátrico e idealizador do apilicativo Imobesidade
Alguns especialistas defendem que eles são eficientes a partir do momento em que podem ajudar pacientes a modificar hábitos e aderir ao tratamento. Outros veem com desconfiança e não incluem as ferramentas nos tratamentos. Parte disso pode estar ligado ao fato de não existir no Brasil regulação para essa tecnologia. No ano passado, a Food and Drugs Administration (FDA) passou a regular todas as ferramentas ligadas a doenças que podem colocar em risco a vida dos pacientes, segundo o órgão, todos os aplicativos que usam luzes, câmera, vibração e outros recursos para realizar funções de dispositivos médicos. Aqueles que têm baixo risco à saúde do paciente, como os que ajudam a controlar a dieta, não são fiscalizados.
No Brasil, nem o Conselho Federal de Medicina nem a Anvisa desenvolveram regras específicas para aplicativos dessa natureza. Fato é que médicos, e mesmo sociedades médicas, estão investindo em aplicativos de promoção de saúde e monitoramento de algumas enfermidades. A Sociedade Brasileira de Reumatologia, por exemplo, em parceria com um laboratório, desenvolveu o FIQr (sigla para Questionário de Impacto na Fibromialgia) para auxiliar pacientes que sofrem da síndrome, que causa fortes dores no corpo. O app traz 21 perguntas, que devem ser respondidas semanalmente pelo paciente. As respostas são enviadas diretamente para o e-mail do médico, que pode avaliar, em uma escala de zero a 100, os impactos das dores na vida do paciente e se ele está evoluindo bem ao tratamento, já que a questão da dor é bastante subjetiva.
Num movimento que combina a promoção de saúde e o relacionamento com os pacientes, o cirurgião bariátrico Leonardo Salles, do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), acaba de lançar o Imobesidade, aplicativo para melhorar o acompanhamento dos pacientes em tratamento da obesidade. “Embora utilizemos com sucesso o balão intragástrico para otimizar a perda de peso, utilizamos o tratamento multidisciplinar para tratar a obesidade. Nosso aplicativo visa reforçar esse acompanhamento, nos ajudando a verificar quem está fora da curva de perda de peso, assim como se nossos pacientes estão fazendo o programa de tratamento de forma adequada”, explica o especialista.
EXPERIÊNCIA Leonardo sempre foi muito ligado à tecnologia, tendo aprendido a programar computadores aos 7 anos de idade. “Fui bem nerd durante a infância e a adolescência. Enquanto meus colegas jogavam futebol, me divertia escrevendo programas de computador. Hoje, adiciono isso aos mais de 16 anos de experiência em tratamento da obesidade”, conta. O médico explica que quando recebe um paciente indicado por um colega, esse tem como acompanhar o tratamento e o desempenho do paciente. O aplicativo também tem ferramentas que otimizam a interação entre a equipe que está fazendo o tratamento do paciente, entre muitas outras funções, como gráficos de peso e evolução da variação de massa magra, massa gorda e circunferência abdominal.
Já disponível na versão IOS, para download na App Store, nos próximos dias, o aplicativo também terá sua versão para Android no Market Place. Direcionado apenas para os pacientes do Instituto Mineiro de Obesidade, o Imobesidade exige cadastro. Leonardo conta que, com um mês de uso, os pacientes estão aderindo e gostando do serviço. Antes do aplicativo, o monitoramento dos pacientes era feito por telefone, por duas enfermeiras. A mesma equipe agora avalia os dados, identificando o que foge ao padrão. Cabe ao paciente, geralmente pessoas que fizeram a cirurgia bariátrica ou colocaram o balão intragástrico, se pesar todos os dias pela manhã. As medidas de circunferência abdominal devem ser semanais. Além disso, o aplicativo tem um recordatório alimentar, uma espécie de diário do que foi consumido no dia anterior.
“Com esses dados, daqui da clínica consigo ver como está o desempenho da perda de peso dos pacientes. Com essa tecnologia, consigo filtrar os pacientes que estão indo bem e aqueles que estão precisando de mais atenção e acompanhamento, se o gráfico mostrar que estão fora da curva prevista. Se o paciente para de colocar os dados já é um alerta de que não está totalmente dedicado ao processo. É atrás desse paciente que precisamos ir”, explica o médico. Se a perda de peso observada é excessiva, o médico tem ainda um sinal de que algo não vai bem. “Nem sempre os pacientes entram em contato. Com o aplicativo consigo rastrear os casos que precisam de ajuda. Às vezes, o paciente não tira a dúvida no momento e o problema se agrava, ficando mais difícil de resolver”, diz.
PERSONAGEM DA NOTÍCIA
Evolução monitorada
JAMILA VERÔNICA LOPES ALMEIDA, 29 ANOS, GERENTE FINANCEIRA
A gerente financeira Jamila Verônica Lopes Almeida, de 29 anos, perdeu 26 quilos com o balão intragástrico ajustável