Crianças negras morrem mais de acidentes no Brasil do que as brancas
Apesar de o número de óbitos por razões acidentais ter diminuído em 31% de 2001 a 2014, a incidência de mortes entre meninos e meninas negros aumentou ao longo desse período. Relatório da Criança Segura sinaliza que acidentes têm viés de ordem social e levanta ainda a hipótese de que mais pessoas estão se autodeclarando como negras ao longo dos anos
Valéria Mendes - Saúde Plena
Publicação:31/08/2016 16:26Atualização: 31/08/2016 16:40
O dado que consta na publicação 15 anos de atuação da Criança Segura no Brasil: Análise de indicadores de mortes e internações por acidentes na infância e adolescência desde 2001 revela um viés racial que merece atenção. Os negros representam 50,9% da população brasileira, mas os óbitos infantis por acidentes dessa parcela da população representam 57,7%. A análise de dados considera criança meninos e meninas de até 14 anos.
Além disso, enquanto 41,2% dos óbitos eram de pessoas negras em 2001, em 2014 esse índice passou a ser de 57,7%. Já para os brancos, em 2001, 47,7% dos óbitos eram dessa raça e, em 2014, esse número diminuiu para 37,7%. O documento sinaliza que a morte de crianças negras por acidente no país tem um caráter de ordem social, já que a renda per capita também está relacionada ao desempenho na redução de óbitos por acidentes na infância. A publicação, porém, levanta ainda a hipótese de que, nos últimos anos, mais pessoas têm se autodeclarado como negras.
No nosso país, os acidentes ainda são a principal causa de morte de crianças.Em números absolutos, de 2001 a 2014, o número de óbitos acidentais de meninos e meninas dessa faixa etária passou de 6.190 em 2001 para 4.316 em 2014. Por outro lado, de 2008 a 2015, o número de internações por motivos acidentais aumentou 8%, passando de 110.587 para 119.923.
Minas Gerais está entre os 15 estados brasileiros que apresentam as menores taxas de mortes por 100 mil habitantes de zero a 14 anos. A média nacional é a queda de 23,67% na taxa de óbitos infantis por 100 mil habitantes por acidentes e Minas apresentou índice inferior: 22,84%.
Queda
Considerando a redução de 31% no número de acidentes, alguns tipos tiveram redução maior que a média como armas de fogo (-54%), queimaduras (-41%), quedas (-39%), acidentes no trânsito (-34%) e afogamentos (-32%). Já sufocação e intoxicação apresentaram aumento de 7% e 1% respectivamente ao invés de mostrar redução como as outras causas.
Gênero
De 2001 a 2014 tem se mantido a mesma proporção de óbitos entre os sexos masculinos e femininos, sendo que em 2001 houve 65% de mortes de meninos para 35% de mortes de meninas. O ano de 2014 apresentou uma pequena variação: os meninos passaram a representar 63% dos óbitos e as meninas, 37%.
Para mortes por queda (70%), arma de fogo (70%) e afogamento (86%), as mortes de meninos são superiores a 65% do total. Já para intoxicação e sufocação, as mortes de meninas, mesmo que ainda menores que a dos meninos, apresentam taxas maiores que 35%, com 46% e 43% respectivamente dos casos totais.
A publicação que pode ser lida e consultada na íntegra aqui celebra o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes, que acontece em 30 de agosto, e os 15 anos de atuação da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) no país. A entidade integra a rede internacional Safe Kids Worldwide, fundada em 1987, nos Estados Unidos.
Meninos morrem mais de acidentes que meninas. No caso deles, queda, arma de fogo e afogamento são as principais causas
Saiba mais...
De 2001 a 2014, o Brasil avançou e reduziu em 31% a morte de crianças por acidentes. É considerado acidente toda lesão externa não intencional e que contempla, por exemplo, acidentes no trânsito, afogamento, sufocação, queda, intoxicação e até arma de fogo quando o disparo não é intencional. 830 mil crianças morrem anualmente no mundo por essas razões, mas segundo estudos da Safe Kids Worldwide são óbitos evitáveis em 90% das vezes.O dado que consta na publicação 15 anos de atuação da Criança Segura no Brasil: Análise de indicadores de mortes e internações por acidentes na infância e adolescência desde 2001 revela um viés racial que merece atenção. Os negros representam 50,9% da população brasileira, mas os óbitos infantis por acidentes dessa parcela da população representam 57,7%. A análise de dados considera criança meninos e meninas de até 14 anos.
Além disso, enquanto 41,2% dos óbitos eram de pessoas negras em 2001, em 2014 esse índice passou a ser de 57,7%. Já para os brancos, em 2001, 47,7% dos óbitos eram dessa raça e, em 2014, esse número diminuiu para 37,7%. O documento sinaliza que a morte de crianças negras por acidente no país tem um caráter de ordem social, já que a renda per capita também está relacionada ao desempenho na redução de óbitos por acidentes na infância. A publicação, porém, levanta ainda a hipótese de que, nos últimos anos, mais pessoas têm se autodeclarado como negras.
No nosso país, os acidentes ainda são a principal causa de morte de crianças.Em números absolutos, de 2001 a 2014, o número de óbitos acidentais de meninos e meninas dessa faixa etária passou de 6.190 em 2001 para 4.316 em 2014. Por outro lado, de 2008 a 2015, o número de internações por motivos acidentais aumentou 8%, passando de 110.587 para 119.923.
Minas Gerais está entre os 15 estados brasileiros que apresentam as menores taxas de mortes por 100 mil habitantes de zero a 14 anos. A média nacional é a queda de 23,67% na taxa de óbitos infantis por 100 mil habitantes por acidentes e Minas apresentou índice inferior: 22,84%.
Queda
Considerando a redução de 31% no número de acidentes, alguns tipos tiveram redução maior que a média como armas de fogo (-54%), queimaduras (-41%), quedas (-39%), acidentes no trânsito (-34%) e afogamentos (-32%). Já sufocação e intoxicação apresentaram aumento de 7% e 1% respectivamente ao invés de mostrar redução como as outras causas.
Gênero
De 2001 a 2014 tem se mantido a mesma proporção de óbitos entre os sexos masculinos e femininos, sendo que em 2001 houve 65% de mortes de meninos para 35% de mortes de meninas. O ano de 2014 apresentou uma pequena variação: os meninos passaram a representar 63% dos óbitos e as meninas, 37%.
Para mortes por queda (70%), arma de fogo (70%) e afogamento (86%), as mortes de meninos são superiores a 65% do total. Já para intoxicação e sufocação, as mortes de meninas, mesmo que ainda menores que a dos meninos, apresentam taxas maiores que 35%, com 46% e 43% respectivamente dos casos totais.
A publicação que pode ser lida e consultada na íntegra aqui celebra o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes, que acontece em 30 de agosto, e os 15 anos de atuação da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) no país. A entidade integra a rede internacional Safe Kids Worldwide, fundada em 1987, nos Estados Unidos.