Parar de fumar reduz a ansiedade e deixa as pessoas mais felizes
Mudança ajuda no reconhecimento dos prejuízos causados pelo vício e, consequentemente, evita as recaídas
Paloma Oliveto - Correio Brasilienze
Publicação:23/04/2013 09:16Atualização: 23/04/2013 09:57
Ter que enfrentar a ansiedade em níveis estratosféricos é um dos desafios de quem para de fumar. Pesquisa recente mostra, no entanto, que o desconforto é um presságio de dias tranquilos. Ao acompanhar ex-fumantes, cientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, constataram que os voluntários tiveram uma redução significativa da ansiedade por terem abandonado o vício.
No estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA, os cientistas examinaram dados de 294 fumantes que tentavam largar o vício. Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos, de acordo com a substância indicada para o tratamento: vareniclina, bupropion e placebo. Todos entraram no programa de aconselhamento do Centro de Câncer Anderson, da Universidade do Texas, e foram avaliados a cada sete dias para verificar o nível de ansiedade e de depressão. Os médicos voltaram a vê-los depois das 12 semanas de tratamento e também três e seis meses após o fim do tabagismo.
O estudo constatou que, independentemente da medicação tomada, todos que conseguiram se manter longe do cigarro mostraram baixos sinais de ansiedade e de tristeza e, no fim, destacaram os efeitos positivos da cessação do hábito. “Esse é um dado muito interessante, sugere que fumar não é um bom antidepressivo e que as pessoas que conseguem ficar longe do cigarro vão, depois de largar o vício, se sentir melhor do que as que continuam fumando”, constata Paul Cinciripini, líder da pesquisa.
Os cientistas também descobriram que, comparado aos participantes que não pararam de fumar e aos do grupo medicado com a bupropiona, os abstinentes que usaram vareniclina exibiram índices muito mais baixos de depressão. “Isso é especialmente intrigante porque dados apresentados depois que a vareniclina entrou no mercado sugeriam que essa substância piorava os efeitos depressivos. No entanto, mais pesquisas são necessárias para acompanhar fumantes que usam o remédio e têm algum tipo de problema psiquiátrico, já que essas pessoas não foram incluídas no nosso estudo”, ponderou Cinciripini, que também é diretor do Programa de Tratamento Antitabagista da Universidade do Texas.
De acordo com o pesquisador, quanto menores os efeitos da abstinência de nicotina, mais fácil será lidar com a falta de cigarro. “Mesmo que não consigam parar dessa vez, eles estarão encorajados para tentar de novo”, explicou. Quanto à fissura por nicotina, ambas as drogas conseguiram controlá-la, mas a vareniclina foi mais bem-sucedida, mesmo entre os pacientes que não conseguiram parar totalmente. Além disso, apenas essa substância reduziu o prazer de fumar. Cinciripini nota que isso é significativo porque vai de acordo com a suspeita de que a vareniclina atua parcialmente estimulando a produção de dopamina, o neurotransmissor associado aos mecanismos de recompensa do cérebro. Os resultados da pesquisa foram publicadas na revista Jama Psychiatry.
Efeito compensador
A nicotina do cigarro ativa receptores de nicotina que estimulam a produção de dopamina, um neurotransmissor que gera a sensação de bem-estar. Ao deixar de fumar, os níveis de dopamina caem e o organismo sente a falta da nicotina. Tanto o bupropiona quanto a vareniclina, as substâncias mais receitadas no tratamento contra o tabagismo, induzem a produção da dopamina sem a necessidade do cigarro. Uma diferença entre as substâncias é que a bupropiona foi desenvolvida como um medicamento antidepressivo e, ao longo do tempo, constatou-se que os usuários sentiam menos vontade de fumar. Já a vareniclina foi desenvolvida para produzir efeitos semelhantes à nicotina.
Estímulo magnético ameniza abstinência
A incitação das células nervosas por meio de estimulação magnética transcraniana (TMS) surge como uma intervenção eficiente contra a abstinência de cigarro. Pesquisadores da Universidade Médica da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, demonstraram que uma sessão única de 15 minutos de TMS no córtex dorsolateral pré-frontal reduz temporariamente o desejo de fumar em dependentes de nicotina. Não invasiva, a técnica dispensa o uso de sedação ou de anestesia. Espirais são colados perto da testa dos pacientes, que são submetidos ao procedimento acordados e sentados.
A equipe liderada por Xingbao Li acompanhou 16 fumantes. Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu a TMS e o outro, uma simulação da técnica. Eles constatam a redução do desejo pelo cigarro no primeiro grupo, principalmente nos voluntários que tinham maiores níveis de dependência.
A reação ocorre porque, entre outros efeitos, a nicotina ativa regiões relacionadas à recompensa no cérebro. Quando ela deixa de ser consumida, as atividades nessas áreas são reduzidas, provocando o desejo pelo cigarro. A TMS, de acordo com os resultados da pesquisa, evitou essa queda de desempenho. Li ressalta, porém, que a técnica tem um efeito temporário, fazendo com que ela seja indicada como um coadjuvante no processo de abandono do vício.
Cientistas examinaram dados de 294 fumantes que tentavam largar o vício
No estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA, os cientistas examinaram dados de 294 fumantes que tentavam largar o vício. Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos, de acordo com a substância indicada para o tratamento: vareniclina, bupropion e placebo. Todos entraram no programa de aconselhamento do Centro de Câncer Anderson, da Universidade do Texas, e foram avaliados a cada sete dias para verificar o nível de ansiedade e de depressão. Os médicos voltaram a vê-los depois das 12 semanas de tratamento e também três e seis meses após o fim do tabagismo.
O estudo constatou que, independentemente da medicação tomada, todos que conseguiram se manter longe do cigarro mostraram baixos sinais de ansiedade e de tristeza e, no fim, destacaram os efeitos positivos da cessação do hábito. “Esse é um dado muito interessante, sugere que fumar não é um bom antidepressivo e que as pessoas que conseguem ficar longe do cigarro vão, depois de largar o vício, se sentir melhor do que as que continuam fumando”, constata Paul Cinciripini, líder da pesquisa.
Os cientistas também descobriram que, comparado aos participantes que não pararam de fumar e aos do grupo medicado com a bupropiona, os abstinentes que usaram vareniclina exibiram índices muito mais baixos de depressão. “Isso é especialmente intrigante porque dados apresentados depois que a vareniclina entrou no mercado sugeriam que essa substância piorava os efeitos depressivos. No entanto, mais pesquisas são necessárias para acompanhar fumantes que usam o remédio e têm algum tipo de problema psiquiátrico, já que essas pessoas não foram incluídas no nosso estudo”, ponderou Cinciripini, que também é diretor do Programa de Tratamento Antitabagista da Universidade do Texas.
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Remédios Na pesquisa comandada por Cinciripini, a vareniclina aumentou as chances de parar de fumar se comparada à ingestão do bupropion e apenas à força de vontade. “Quando os fumantes tentam largar o cigarro, muitos ficam suscetíveis a uma gama de experiências associadas à retirada da nicotina, incluindo mau humor, dificuldade de concentração, irritabilidade e mesmo sintomas depressivos, fazendo com que somente a força de vontade torne mais difícil esse processo, e aumentando as chances de voltar a fumar”, disse Cinciripini, em um comunicado. “Nossa descoberta sugere que os fumantes que tentam parar terão uma experiência melhor com a vareniclina do que quando fazem isso sozinhos ou tomando bupropion”, completa.- Cigarro apodrece o cérebro, diz pesquisa
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De acordo com o pesquisador, quanto menores os efeitos da abstinência de nicotina, mais fácil será lidar com a falta de cigarro. “Mesmo que não consigam parar dessa vez, eles estarão encorajados para tentar de novo”, explicou. Quanto à fissura por nicotina, ambas as drogas conseguiram controlá-la, mas a vareniclina foi mais bem-sucedida, mesmo entre os pacientes que não conseguiram parar totalmente. Além disso, apenas essa substância reduziu o prazer de fumar. Cinciripini nota que isso é significativo porque vai de acordo com a suspeita de que a vareniclina atua parcialmente estimulando a produção de dopamina, o neurotransmissor associado aos mecanismos de recompensa do cérebro. Os resultados da pesquisa foram publicadas na revista Jama Psychiatry.
Efeito compensador
A nicotina do cigarro ativa receptores de nicotina que estimulam a produção de dopamina, um neurotransmissor que gera a sensação de bem-estar. Ao deixar de fumar, os níveis de dopamina caem e o organismo sente a falta da nicotina. Tanto o bupropiona quanto a vareniclina, as substâncias mais receitadas no tratamento contra o tabagismo, induzem a produção da dopamina sem a necessidade do cigarro. Uma diferença entre as substâncias é que a bupropiona foi desenvolvida como um medicamento antidepressivo e, ao longo do tempo, constatou-se que os usuários sentiam menos vontade de fumar. Já a vareniclina foi desenvolvida para produzir efeitos semelhantes à nicotina.
Estímulo magnético ameniza abstinência
A incitação das células nervosas por meio de estimulação magnética transcraniana (TMS) surge como uma intervenção eficiente contra a abstinência de cigarro. Pesquisadores da Universidade Médica da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, demonstraram que uma sessão única de 15 minutos de TMS no córtex dorsolateral pré-frontal reduz temporariamente o desejo de fumar em dependentes de nicotina. Não invasiva, a técnica dispensa o uso de sedação ou de anestesia. Espirais são colados perto da testa dos pacientes, que são submetidos ao procedimento acordados e sentados.
A equipe liderada por Xingbao Li acompanhou 16 fumantes. Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu a TMS e o outro, uma simulação da técnica. Eles constatam a redução do desejo pelo cigarro no primeiro grupo, principalmente nos voluntários que tinham maiores níveis de dependência.
A reação ocorre porque, entre outros efeitos, a nicotina ativa regiões relacionadas à recompensa no cérebro. Quando ela deixa de ser consumida, as atividades nessas áreas são reduzidas, provocando o desejo pelo cigarro. A TMS, de acordo com os resultados da pesquisa, evitou essa queda de desempenho. Li ressalta, porém, que a técnica tem um efeito temporário, fazendo com que ela seja indicada como um coadjuvante no processo de abandono do vício.