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Bebê-conforto é necessário e útil, mas não deve substituir o colo

Especialistas defendem que o recurso pode ser usado, mas nem tanto. Bebê precisa de estímulo para que se desenvolva de forma adequada e uma das formas mais eficazes é o contato com a pele dos pais. Veja as dicas

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Carolina Cotta - Estado de Minas Publicação:13/06/2013 15:00Atualização:13/06/2013 14:53
A publicitária Sílvia Niffinegger reconhece que o bebê-conforto facilita a locomoção do pequeno Martim, de seis meses, mas dosa o tempo da criança no equipamento   (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
A publicitária Sílvia Niffinegger reconhece que o bebê-conforto facilita a locomoção do pequeno Martim, de seis meses, mas dosa o tempo da criança no equipamento

Não é de hoje que as mães carregam o mundo e os filhos nas costas. A conquista de espaço no mercado de trabalho impõe uma rotina cada vez mais pesada: é preciso cumprir a carga horária no trabalho e cuidar de uma série de tarefas em casa. Para quem tem bebê, a exigência é ainda maior. Não é à toa que as mães de hoje já não sobrevivem sem alguns recursos. Experimente deixá-las um dia sequer sem o bebê-conforto, em que a criança pode ficar deitada ou assentada. Segundo o Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, eles podem ser usados, mas o tempo de uso deve ser dosado. Não se pode substituir o colo.

Segundo a pediatra Vera Lúcia Venâncio Gaspar, integrante do departamento e professora da Faculdade de Medicina do Vale do Aço, o colo é essencial para o bebê. “É uma ocasião para aconchego, carinho, sorriso, troca de olhares. O colo é uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento do bebê e do vínculo afetivo entre pais e filhos.” Preocupada com a banalização do bebê-conforto, Mônica Vasconcelos, presidente do Comitê de Cuidados Primários da Sociedade Mineira de Pediatria e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, defende o uso consciente. “Eles são importantes do ponto de vista de segurança, devem sempre ser usados no carro, por exemplo, mas seu uso indiscriminado pode diminuir o contato de pais e filhos”, alerta.

Para a especialista, o bebê precisa de estímulo para que se desenvolva de forma adequada. Uma das formas mais eficazes é esse contato pele a pele. E esse contato não tem substituição.” As mães, então, podem usar o recurso. Devem, inclusive, em situações como o transporte em carro. Mãe de Martim, às vésperas de completar seis meses, a publicitária Sílvia Niffinegger, de 41 anos, dosa o tempo do filho nele. O equipamento é usado para transportá-lo no carro – ele já entra e sai no bebê-conforto – e para quando não estão em casa.

“Quando ele sai do carro dormindo, mantenho-o no bebê-conforto até que acorde. Se estamos fora, é nele que dou a comida. Uso também quando ele vai ao supermercado comigo”, conta. Sílvia cuida para que o uso não seja exagerado. O próprio Martim dá sinais quando quer sair. “Na minha primeira gravidez, oito anos atrás, já existia o equipamento, mas não era costume usar como agora. As mães de hoje levam os filhos para todo lugar. Temos uma rotina mais puxada, a criança precisa estar sempre ao nosso lado e o bebê-conforto facilita nessa locomoção”, defende a mãe experiente.

NO COLO

Bianca e Breno usam o canguru para ficar com o filho Enzo, de seis meses, e consideram que é muito prático, além de manter o bebê próximo ao corpo (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Bianca e Breno usam o canguru para ficar com o filho Enzo, de seis meses, e consideram que é muito prático, além de manter o bebê próximo ao corpo
Se o bebê-conforto tem feito a cabeça das mamães, por sua vez os slings e cangurus são usados para manter a criança rente ao corpo das mães e pais enquanto eles ficam com as mãos livres. Eles são inspirados na milenar tradição de povos africanos e indígenas de amarrar os filhos ao corpo para exercer suas funções. Para alguns pais é só um jeito diferente de passear com a criança, para outros é uma mão na roda. O casal de advogados Breno Garcia, de 31, e Bianca Guimarães, de 33, usam bastante o canguru para ficar com o filho Enzo, de seis meses. “Fizemos o enxoval nos Estados Unidos e lá isso é muito usado. Acabamos comprando e foi ótimo porque é muito prático”, conta Bianca.

É com Enzo no colo que ela cuida das tarefas de casa e resolve problemas do trabalho. O trajeto do berçário para casa, por exemplo, é todo feito no canguru, com Enzo virado para a frente, olhando tudo em volta. O equipamento é usado desde que Enzo tinha um mês e meio. “Facilita a vida. No início a gente fica limitada, é muito colo. Quando comecei a usar, me senti ativa novamente. De repente podia fazer várias coisas com ele juntinho de mim”, conta a mãe. Para o pai foi uma forma de ficar ainda mais perto. “Desde que ele nasceu foi instintivo colocá-lo no colo. Mas fico ainda mais com ele desde que usamos o canguru. Nos aproximou.”

A pediatra Mônica Vasconcelos não vê restrições no uso de cangurus e slings, desde que seja iniciado na idade adequada e na frente, primeiramente, deixando para usar nas costas apenas quando o bebê já firmar a cabeça. “É um hábito antigo. Dá uma certa aceitação para a criança, uma sensação de proximidade com os pais. Não vejo grandes problemas, o que me preocupa é o bebê-conforto usado como babá, que deixa a criança passiva.” O importante é que o bebê cresça e vá ganhando espaço e estímulos. Também é indispensável colocá-lo para brincar em espaço livre. Fora do bebê-conforto, portanto.

CUIDADOS

AO USAR O BEBÊ-CONFORTO

» Afivelar a criança ao colocá-la no equipamento
» Confirmar se o bebê está confortável
» Não usar por tempo prolongado
» Não usar para a criança dormir
» Usar sempre em superfície adequada e ao nível do solo

AO USAR O SLING E O CANGURU

» Com bebês pequenos, usar o modelo próprio para transportá-los na frente
» Não usar por tempo prolongado
» Avaliar se o equipamento está de acordo com o tamanho da criança
» Prestar atenção à posição dos bebês pequenos nos equipamentos: o queixo não deve encostar no tórax e o nariz e a boca não devem ficar em contato com o tecido do equipamento.

Fonte: Vera Lúcia Venâncio Gaspar - Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria

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