Especialistas se reúnem em BH para discutir o tratamento do melanoma
Câncer de pele é o mais frequente no Brasil. Melanoma é o tipo mais grave e representa 4% das neoplasias malignas do órgão
Carolina Cotta - Estado de Minas
Publicação:31/07/2013 09:40Atualização: 31/07/2013 10:01
Por fora parece só uma pinta, mas com potencial de se espalhar pelo corpo como qualquer outro câncer. O melanoma, tumor de pele com origem nas células produtoras da melanina, responsável pela coloração da pele, é considerado um dos mais agressivos e letais se não tratado no início. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil, representando 25% dos tumores malignos. O melanoma representa 4% das neoplasias malignas do órgão, sendo o mais grave, com maior possibilidade de metástase e óbito. Quase sempre, quando disseminado, é incurável.
O melanoma é, de fato, um problema de saúde pública, afinal, apresenta o maior aumento de incidência nas últimas décadas – pulou de um caso a cada sete mil pessoas, nos anos 1950, para um caso a cada 80 pessoas. A partir de amanhã, os principais especialistas do mundo se reúnem em Belo Horizonte para a 10ª Conferência Brasileira sobre Melanoma, realizada até o dia 3, no Minascentro. Durante o encontro, serão discutidos os avanços nas tecnologias de diagnóstico, as formas de prevenção e seus resultados, identificação de grupos de riscos, cirurgias e novas drogas adotadas no tratamento.
Segundo o cirurgião oncológico e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais Alberto Wainstein, presidente da conferência, o desafio é prevenir e detectar o câncer em estágio inicial. A prevenção está ligada à exposição aos raios ultravioletas e à observação de manchas na pele. “Não raro aparecem pacientes preocupados com uma ‘pinta de estimação’. Se for um melanoma, às vezes com milímetros de espessura, ela já é capaz de se disseminar pelo fígado e pulmão. Ao contrário de outros tumores de diagnóstico tardio e com exames complexos, o melanoma pode ser identificado em um exame da pele.”
O empresário Pedro de Almeida e Silva Netto, de 34 anos, descobriu a doença há um mês. Por pura sorte. Já tinha percebido que uma pinta antiga estava se modificando, mas não procurou um especialista. Até que a unha do filho atingiu a pinta e ela começou a sangrar. O dermatologista que o atendeu achou melhor extirpar a lesão e no dia de tirar os pontos comunicou o paciente do resultado da biópsia. Aquela pinta com a qual ele não tinha se preocupado era um câncer. Outra sorte de Pedro foi o melanoma estar em estágio inicial e por isso possível de tratar apenas com uma cirurgia de margem de segurança.
Brasil discute tratamentos inovadores
Drogas alvo específicas e imunoterapias já são a realidade de tratamentos consagrados em muitos países, mas precisam ser melhor apresentados e discutidos na sociedade brasileira. Esses novos e modernos tratamentos baseados em drogas inteligentes e na manipulação do sistema imunológico para reconhecer e destruir o melanoma trazem avanços e esperança de um futuro melhor para o problema, por conseguirem aumentar a sobrevida do paciente de forma significativa. O custo não é considerado acessível pelos órgãos públicos.
Marco Antônio de Camargos, de 52 anos, teve a chance de usá-los por meio de uma pesquisa clínica, em que foi um dos voluntários. O aposentado descobriu a doença no primeiro semestre de 2010. Naquela época, o hospital de Itaúna, cidade do Centro-Oeste mineiro, onde vive, estava disponibilizando cirurgias de retirada de pintas e verrugas. “Foi uma febre na cidade. Todo mundo estava indo e fui também. Tinha uma pinta de nascença nas costas. Com a biópsia veio o diagnóstico de melanoma e comecei a rir para não chorar. Minha pinta de nascença tinha se tornado um câncer”, lembra.
A doença foi descoberta em fase avançada. Marco passou por cirurgias, radio e quimioterapia e pelo tratamento que custa R$ 80 mil mensais. Como a pesquisa é realizada em Salvador, a cada 20 dias o paciente precisou viajar para a capital da Bahia. Esse mês fez sua última aplicação, tendo conseguido uma resposta parcial. Depois de um teste genético, foi descoberto que seu tumor tem um gene que o torna susceptível a uma outra nova droga e caso a doença progrida ainda tem outra opção terapêutica. “Espero que esse tratamento não seja só para mim. Tive esse privilégio, mas todo mundo merece essa chance.” (C.C.)
Qual pinta preocupa?
Cinco aspectos devem ser observados em uma pinta. Na presença dessas características, que começam com as letras ABCDE, o paciente deve procurar um médico para avaliação. São elas:
Assimetria – a pinta tem formato assimétrico, meio arredondado, meio ovalado e formas irregulares
Borda irregular – as bordas da pinta não são regulares, parecem tremidas
Cor diversa – a pinta tem tonalidades que variam do preto ao marrom, nunca uniforme
Diâmetro – a pinta mede mais de seis milímetros
Evolução – é uma pinta do qual o paciente não se lembra, pois apareceu de uma hora para outra
TIPOS DE MELANOMA
Existem vários tipos, sendo os mais comuns:
Melanoma extensivo superficial: representa cerca de 70% das formas. Geralmente se origina de degenerações de células na pele que se proliferam e crescem horizontalmente. Dessa forma, adquire forma assimétrica, com as bordas irregulares e pode ser de várias cores em tons escuros.
Melanoma nodular: segundo tipo mais comum, sendo responsável por entre 15% e 30% dos casos, geralmente tem alta possibilidade de metástase e maior letalidade. Sua coloração normalmente é escura, preta, acinzentada ou azulada, e cresce rapidamente.
Melanoma acral: é uma forma mais rara e aparece geralmente nos pés, mãos, dedos e unhas. Segundo estudos, esse tipo não tem ligação com a exposição ao sol, tendo uma ligação maior ao trauma crônico e/ou fatores constitucionais dos indivíduos.
O melanoma, tumor de pele com origem nas células produtoras de melanina, responsável pela coloração
da pele, é considerado um dos mais agressivos e letais se não tratado no início
O melanoma é, de fato, um problema de saúde pública, afinal, apresenta o maior aumento de incidência nas últimas décadas – pulou de um caso a cada sete mil pessoas, nos anos 1950, para um caso a cada 80 pessoas. A partir de amanhã, os principais especialistas do mundo se reúnem em Belo Horizonte para a 10ª Conferência Brasileira sobre Melanoma, realizada até o dia 3, no Minascentro. Durante o encontro, serão discutidos os avanços nas tecnologias de diagnóstico, as formas de prevenção e seus resultados, identificação de grupos de riscos, cirurgias e novas drogas adotadas no tratamento.
Segundo o cirurgião oncológico e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais Alberto Wainstein, presidente da conferência, o desafio é prevenir e detectar o câncer em estágio inicial. A prevenção está ligada à exposição aos raios ultravioletas e à observação de manchas na pele. “Não raro aparecem pacientes preocupados com uma ‘pinta de estimação’. Se for um melanoma, às vezes com milímetros de espessura, ela já é capaz de se disseminar pelo fígado e pulmão. Ao contrário de outros tumores de diagnóstico tardio e com exames complexos, o melanoma pode ser identificado em um exame da pele.”
O empresário Pedro de Almeida e Silva Netto, de 34 anos, descobriu a doença há um mês. Por pura sorte. Já tinha percebido que uma pinta antiga estava se modificando, mas não procurou um especialista. Até que a unha do filho atingiu a pinta e ela começou a sangrar. O dermatologista que o atendeu achou melhor extirpar a lesão e no dia de tirar os pontos comunicou o paciente do resultado da biópsia. Aquela pinta com a qual ele não tinha se preocupado era um câncer. Outra sorte de Pedro foi o melanoma estar em estágio inicial e por isso possível de tratar apenas com uma cirurgia de margem de segurança.
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O tratamento do melanoma em estágio avançado é mais complexo. Por muitas décadas, foi baseado em uma droga desenvolvida em 1967. Segundo Wainstein, esse é o medicamento disponibilizado tanto no sistema público como no privado, embora a taxa de resposta esteja abaixo de 10%. Já existem, entretanto, drogas alvo aprovadas no Brasil. Seu alto custo, porém, dificulta o acesso da maioria das pessoas. “Alguns tratamentos custam R$ 300 mil e duram quatro meses. Isso gera um dilema para o médico frente a um paciente que tem suas melhores chances com esse medicamento, com algo entre 40% e 50% de resposta”, afirma.Brasil discute tratamentos inovadores
Drogas alvo específicas e imunoterapias já são a realidade de tratamentos consagrados em muitos países, mas precisam ser melhor apresentados e discutidos na sociedade brasileira. Esses novos e modernos tratamentos baseados em drogas inteligentes e na manipulação do sistema imunológico para reconhecer e destruir o melanoma trazem avanços e esperança de um futuro melhor para o problema, por conseguirem aumentar a sobrevida do paciente de forma significativa. O custo não é considerado acessível pelos órgãos públicos.
Marco Antônio de Camargos, de 52 anos, teve a chance de usá-los por meio de uma pesquisa clínica, em que foi um dos voluntários. O aposentado descobriu a doença no primeiro semestre de 2010. Naquela época, o hospital de Itaúna, cidade do Centro-Oeste mineiro, onde vive, estava disponibilizando cirurgias de retirada de pintas e verrugas. “Foi uma febre na cidade. Todo mundo estava indo e fui também. Tinha uma pinta de nascença nas costas. Com a biópsia veio o diagnóstico de melanoma e comecei a rir para não chorar. Minha pinta de nascença tinha se tornado um câncer”, lembra.
A doença foi descoberta em fase avançada. Marco passou por cirurgias, radio e quimioterapia e pelo tratamento que custa R$ 80 mil mensais. Como a pesquisa é realizada em Salvador, a cada 20 dias o paciente precisou viajar para a capital da Bahia. Esse mês fez sua última aplicação, tendo conseguido uma resposta parcial. Depois de um teste genético, foi descoberto que seu tumor tem um gene que o torna susceptível a uma outra nova droga e caso a doença progrida ainda tem outra opção terapêutica. “Espero que esse tratamento não seja só para mim. Tive esse privilégio, mas todo mundo merece essa chance.” (C.C.)
Qual pinta preocupa?
Cinco aspectos devem ser observados em uma pinta. Na presença dessas características, que começam com as letras ABCDE, o paciente deve procurar um médico para avaliação. São elas:
Assimetria – a pinta tem formato assimétrico, meio arredondado, meio ovalado e formas irregulares
Borda irregular – as bordas da pinta não são regulares, parecem tremidas
Cor diversa – a pinta tem tonalidades que variam do preto ao marrom, nunca uniforme
Diâmetro – a pinta mede mais de seis milímetros
Evolução – é uma pinta do qual o paciente não se lembra, pois apareceu de uma hora para outra
TIPOS DE MELANOMA
Existem vários tipos, sendo os mais comuns:
Melanoma extensivo superficial: representa cerca de 70% das formas. Geralmente se origina de degenerações de células na pele que se proliferam e crescem horizontalmente. Dessa forma, adquire forma assimétrica, com as bordas irregulares e pode ser de várias cores em tons escuros.
Melanoma nodular: segundo tipo mais comum, sendo responsável por entre 15% e 30% dos casos, geralmente tem alta possibilidade de metástase e maior letalidade. Sua coloração normalmente é escura, preta, acinzentada ou azulada, e cresce rapidamente.
Melanoma acral: é uma forma mais rara e aparece geralmente nos pés, mãos, dedos e unhas. Segundo estudos, esse tipo não tem ligação com a exposição ao sol, tendo uma ligação maior ao trauma crônico e/ou fatores constitucionais dos indivíduos.