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Exame detecta problema renal em fetos

O método possibilitará a intervenção precoce, evitando o comprometimento de órgãos do bebê antes mesmo do nascimento

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Paulo Lima - Correio Brasiliense Publicação:18/08/2013 09:30Atualização:18/08/2013 08:14
'A VUP é uma doença que não permite ao bebê urinar dentro da barriga da mãe - necessidade importante, já que a substância excretada é eficaz para o líquido amniótico. A patologia bloqueia o fluxo urinário normal a partir da bexiga. Assim, a urina acumula, fazendo com que a bexiga e os rins inchem como balões e parem de funcionar', explica Joost Schanstra (Iano Andrade/CB/D.A Press)
"A VUP é uma doença que não permite ao bebê urinar dentro da barriga da mãe - necessidade importante, já que a substância excretada é eficaz para o líquido amniótico. A patologia bloqueia o fluxo urinário normal a partir da bexiga. Assim, a urina acumula, fazendo com que a bexiga e os rins inchem como balões e parem de funcionar", explica Joost Schanstra
Prever se uma criança vai nascer com problemas de saúde ainda é um desafio para a medicina. Embora os especialistas tenham à disposição técnicas avançadas de imagem para a detecção precoce de doenças, há as mais complexas, que demanda análises ainda mais aprofundadas. É o caso da válvula de uretra posterior (VUP). Rara, a patologia tem origem desconhecida pela ciência, o que dificulta a identificação. Mas pesquisadores do Instituto de Doenças Cardiovasculares e Metabólicas de Toulouse, na França, desenvolveram uma técnica que pode facilitar o diagnóstico da enfermidade. O método possibilitará a intervenção precoce, evitando o comprometimento de órgãos do bebê antes mesmo do nascimento.

“A VUP é uma doença que não permite ao bebê urinar dentro da barriga da mãe — necessidade importante, já que a substância excretada é eficaz para o líquido amniótico. A patologia bloqueia o fluxo urinário normal a partir da bexiga. Assim, a urina acumula, fazendo com que a bexiga e os rins inchem como balões e parem de funcionar” explica Joost Schanstra, um dos participantes do estudo, divulgado nesta semana, na Science Translational Medicine. O grupo de estudiosos conseguiu identificar marcadores na urina fetal que sinaliza a existência do problema.

Para isso, eles utilizaram um procedimento semelhante à amniocentese, um exame de diagnóstico pré-natal que consiste em inserir uma agulha no abdômen da mãe para que ela chegue ao feto e colha amostras do líquido amniótico. A urina do bebê presente nesse líquido foi examinada, e os pesquisadores identificaram mais de 4 mil peptídeos (pedaços de proteínas), sendo que 12 foram capazes de predizer o estado dos rins do feto.

“Demonstramos que a análise de urina fetal por meio da tecnologia permite prever com mais certeza se a criança terá doença renal grave ou não. Antes disso, a precisão com a ultrassonografia era de 20% a 33%. Conseguimos reduzir para 7%. Com esses dados, evitaremos intervenções mais drásticas, como a operação de um recém-nascido”, afirma.

Uso clínico
Segundo o urologista da Universidade de Brasília (UnB) Rômulo Maroccolo, o estudo poderá trazer grande auxílio médico. “Ainda que seja uma metodologia invasiva, a pesquisa apresenta um grau de acuidade que parece ser preciso. Se aplicado, futuramente para o diagnóstico, poderá ser eficaz no tratamento precoce da doença, mas ainda tem que haver outras contribuições para comprovar que esse diagnóstico funcione em situações específicas”, pondera.

Presidente do Departamento Científico de Nefrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Paulo Cesar Koch, acredita em uma aplicação limitada. Segundo ele, existem casos em que foi possível, por meio de uma punção, esvaziar a bexiga do feto e diagnosticar o problema. “Possivelmente, essa demanda de diagnósticos precisos devam estar relacionados à legislação francesa, que permite às famílias interromperem a gravidez em razão de uma doença como a VUP.”

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