É possível manter a amizade com o ex?
O fim de um relacionamento quase sempre implica desgaste emocional. Mas será possível manter a amizade mesmo depois do término? Ex-casais, psicólogos e escritores que escreveram sobre o tema falam sobre o 'protocolo' da separação
Gláucia Chaves - Revista do CB
Publicação:13/09/2013 09:20Atualização: 13/09/2013 09:19
Parte 1: O protocolo do fim
O começo de um relacionamento amoroso geralmente tem uma trajetória bem conhecida: após o primeiro olhar, o interesse se manifesta por meio de palavras. As mãos dadas, o primeiro beijo, a primeira sessão de cinema. Há quem diga que até as brigas são as mesmas para todos os casais. Mas, quando o enlace chega ao fim, será que existe um “protocolo” a ser seguido? Nas prateleiras das livrarias, toneladas de obras buscam consolar todos os tipos de pessoas — das que desejam superar o trauma às que querem reconquistar o ex de qualquer maneira. Na ficção, ex-casais tornam-se amigos sem o menor embaraço. Na vida real, porém, há de tudo um pouco.
Lidar com o fim de um relacionamento depende de uma série de fatores, que incluem a maturidade do casal, a maneira como a união chegou ao fim e, caso o ex-casal queira manter algum vínculo afetivo de amizade, da opinião do atual companheiro ou companheira. No caso de Mateus Alves Neves da Silva, 22 anos, e de Rachel Flávia Gomes, 20, o fator decisivo para que eles continuassem amigos foi o término pacífico. Os dois namoraram por quatro anos e romperam há dois. “Antes do namoro, já éramos muito amigos. Então, foi mais fácil manter a amizade”, resume Mateus.
O fotógrafo conta que o começo da amizade com Rachel após o fim de namoro aconteceu de maneira natural, mas não deixou de ser esquisito. “Estava acostumado com a intimidade e tive que me acostumar com as brincadeiras que não poderiam ser feitas fora do namoro”, explica. Passado o tempo de adaptação, o relacionamento dos dois voltou a ser como era antes: de apenas bons amigos. Além de Rachel, Mateus é amigo de outra ex-namorada. Para ele, não há motivos para cortar relações com uma pessoa que já representou tanto para ele. “Hoje, falo com a Rachel como se ela fosse minha irmã. Se não sou amigo das minhas outras ex, não é por minha causa”, completa. “Elas, geralmente, não falam mais comigo. Não sei por que, mas também não vou atrás para descobrir.”
O sentimento fraterno é mútuo. Na verdade, para Rachel, a amizade começou antes mesmo de o namoro terminar. Na época, a estudante conta que os dois chegaram a se separar algumas vezes, mas nunca perdiam o contato um com o outro. “Terminamos de maneira tranquila, foi tudo bem conversado. Ninguém saiu magoado.” Nem todo mundo acha essa amizade tão natural assim, contudo. Para alguns amigos dela, há algo de estranho no convívio e que poderia indicar uma volta do casal, mas ela não pensa assim. “Não vejo malícia. Viramos amigos de verdade.”
Rachel hoje namora outra pessoa e conta que o relacionamento entre o atual e o ex é pacífico. “No começo, ele não aceitava muito bem. Mas, hoje, acha tranquilo, porque viu que não tem nada a ver.” Mas ela reconhece: não é muito comum encontrar pessoas maduras o suficiente para não guardar mágoas do ex e ainda conviver com ele. Ela conta que até conhece pessoas que terminaram e que continuam conversando, mas não sabe de ninguém que tenha conseguido construir uma amizade verdadeira, como ela e Mateus. “A gente chega a ser confidente, a ponto de ele me contar das meninas que fica”, reforça. O fim pacífico e os amigos em comum, para ela, foram os pontos cruciais para que a amizade existisse. “Perder um círculo de amizade por causa de um relacionamento que não deu certo não é saudável.”
Carolina Magalhães Chaves e Bruno de Sousa Vaz de Melo, 30 e 31 anos, respectivamente, também não veem problemas em serem amigos. Até porque o namoro que tiveram foi há cerca de 15 anos, quando ambos eram adolescentes. O relacionamento durou nove meses e terminou amigavelmente. “Como estudávamos no mesmo colégio, nossos amigos eram os mesmos”, completa a bancária. “Nenhum dos dois quis abrir mão deles.” Os dois se tornaram adultos e nunca perderam o contato. Na verdade, a amizade se fortaleceu a cada ano.
O relacionamento fraternal ficou tão forte que Carolina foi convidada a ser madrinha do casamento de Bruno. Hoje divorciado, é ele quem espera o convite para ser padrinho do dela, que está noiva. “Ainda não há nada certo, mas há boatos”, brinca o empresário. O noivo de Carolina, inclusive, ficou amigo de Bruno. Segundo ele, a amizade está tão consolidada que alguns amigos nem sabem do histórico dos dois. “Um amigo de Salvador, que ficou sabendo que nós daríamos entrevista sobre isso para a Revista, ficou surpreso, porque nem imaginava”, conta.
O começo de um relacionamento amoroso geralmente tem uma trajetória bem conhecida: após o primeiro olhar, o interesse se manifesta por meio de palavras. As mãos dadas, o primeiro beijo, a primeira sessão de cinema. Há quem diga que até as brigas são as mesmas para todos os casais. Mas, quando o enlace chega ao fim, será que existe um “protocolo” a ser seguido? Nas prateleiras das livrarias, toneladas de obras buscam consolar todos os tipos de pessoas — das que desejam superar o trauma às que querem reconquistar o ex de qualquer maneira. Na ficção, ex-casais tornam-se amigos sem o menor embaraço. Na vida real, porém, há de tudo um pouco.
Esta reportagem está dividida em quatro partes. Leia também:
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O sentimento fraterno é mútuo. Na verdade, para Rachel, a amizade começou antes mesmo de o namoro terminar. Na época, a estudante conta que os dois chegaram a se separar algumas vezes, mas nunca perdiam o contato um com o outro. “Terminamos de maneira tranquila, foi tudo bem conversado. Ninguém saiu magoado.” Nem todo mundo acha essa amizade tão natural assim, contudo. Para alguns amigos dela, há algo de estranho no convívio e que poderia indicar uma volta do casal, mas ela não pensa assim. “Não vejo malícia. Viramos amigos de verdade.”
Rachel hoje namora outra pessoa e conta que o relacionamento entre o atual e o ex é pacífico. “No começo, ele não aceitava muito bem. Mas, hoje, acha tranquilo, porque viu que não tem nada a ver.” Mas ela reconhece: não é muito comum encontrar pessoas maduras o suficiente para não guardar mágoas do ex e ainda conviver com ele. Ela conta que até conhece pessoas que terminaram e que continuam conversando, mas não sabe de ninguém que tenha conseguido construir uma amizade verdadeira, como ela e Mateus. “A gente chega a ser confidente, a ponto de ele me contar das meninas que fica”, reforça. O fim pacífico e os amigos em comum, para ela, foram os pontos cruciais para que a amizade existisse. “Perder um círculo de amizade por causa de um relacionamento que não deu certo não é saudável.”
Rachel e Mateus namoraram por quatro anos. Rompidos há dois, tornaram-se confidentes
O relacionamento fraternal ficou tão forte que Carolina foi convidada a ser madrinha do casamento de Bruno. Hoje divorciado, é ele quem espera o convite para ser padrinho do dela, que está noiva. “Ainda não há nada certo, mas há boatos”, brinca o empresário. O noivo de Carolina, inclusive, ficou amigo de Bruno. Segundo ele, a amizade está tão consolidada que alguns amigos nem sabem do histórico dos dois. “Um amigo de Salvador, que ficou sabendo que nós daríamos entrevista sobre isso para a Revista, ficou surpreso, porque nem imaginava”, conta.
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Os dois encaram a situação com naturalidade, mas isso não significa que acham que seja comum. “Não sou amiga de nenhum outro ex como sou do Bruno, até porque os amigos não são os mesmos”, justifica Carolina. O círculo de amizade da época da escola, inclusive, ainda persiste, entre os dois. Manter os mesmos amigos, para ela, foi essencial para continuar em contato com Bruno. O tempo também dá uma ajuda, já que o namoro passou há anos e os sentimentos foram substituídos. “Se a gente tivesse terminado de uma maneira ruim, não seríamos amigos. Isso com certeza favoreceu”, justifica a bancária. - Conheça os principais tipos de amor e apego
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