Segunda 'cabeça' de bebê afegã pode ser raro caso de 'gêmeo parasita'

A menina Asree Gul nasceu com um crânio acoplado à sua cabeça. O caso se assemelha à anomalia conhecida por craniopagus parasiticus. Especialista acredita que o crânio 'extra' seria um gêmeo siamês que não se desenvolveu

Diminuir Fonte Aumentar Fonte Imprimir Corrigir Notícia Enviar
Gabriella Pacheco - Saúde Plena Publicação:27/09/2013 16:20Atualização:27/09/2013 16:46
Fotografia tirada em 18 de setembro mostra Asree Gul, três meses de idade, com uma cabeça extra (AFP)
Fotografia tirada em 18 de setembro mostra Asree Gul, três meses de idade, com uma cabeça extra
Uma a cada cem mil crianças nascidas apresentam anomalias genéticas de formação, responsáveis por “apêndices” como cabeças, braços e pernas. De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Lavínia Schuler-Faccini, esse pode ter sido o caso que acometeu a menina afegã, Asree Gul, que foi recentemente liberada de um hospital em Nangarhar, leste do Afeganistão, após ter sido submetida a uma operação de separação de um crânio conectado à sua cabeça.

“Normalmente essa anomalia é o que poderiam ser gêmeos siameses. Nesses casos, um dos gêmeos não se desenvolve”, explica. Filha de camponeses do distrito de Chaparhar, Asree – cujo nome significa 'nova flor' – ainda tem uma irmã gêmea que nasceu sadia.

Os médicos não confirmaram, mas o nome normalmente atribuído a casos similares é craniopagus parasiticus. “Craniopagus significa que estão ligadas pelo crânio e parasiticus, que um dos organismos age como parasita”, afirma.

Ainda segundo a especialista, a expectativa de vida da criança irá depender da integridade do cérebro da garota que sobreviveu. A situação pode ser complicada se outros órgãos vitais tenham se fusionado, além do crânio. A região do crânio afetada pela conexão também irá afetar a vida da pequena Asree. “Ela corre o risco de ter sofrido uma lesão cerebral grave, muitas vezes sem tratamento, e pode viver com algum tipo de deficiência”, diz.

Após a cirugia, Asree com a irmã (AFP)
Após a cirugia, Asree com a irmã
Enquanto se recupera, a garota ainda tem a saúde ameaçada pelo risco de infecções. De acordo com a especialista, o dano na calota craniana é extremamente grave. A chance de uma infecção irá depender do tamanho do orifício que ficar na cabeça.

Em 2005, um caso semelhante aconteceu no Egito. A garota Manar Maged nasceu com uma segunda cabeça fusionada à sua que, ao contrário do caso afegão, já tinha um rosto formado, piscava e sorria. Apesar de ter sobrevivido à cirurgia, a menina egípcia faleceu um ano após a operação devido à uma infecção cerebral.

A decisão de operar ou não é baseada na quantidade de órgãos vitais envolvidos. Em muitos casos, a separação não é possível. Em situações extremas, nenhuma das crianças consegue sobreviver.

Ainda segundo Schuler-Faccini, esse tipo de anomalia pode ser detectado por ultrasonografias, entre 18 e 20 semanas de gestação. Dependendo do tamanho da anomalia, até mais precocemente. (Com agências)

COMENTÁRIOS

Os comentários são de responsabilidade exclusiva dos autores.