Olhos vermelhos, irritados ou com sensação de ardor? Você pode ser portador da Síndrome dos Olhos Secos
Cerca de 10% da população do país pode ter a doença, que se manifesta de duas maneiras: na forma evaporativa, quando a produção do filme lacrimal perde-se por evaporação; ou por deficiência aquosa, caracterizada por uma disfunção na qualidade e quantidade de lágrimas produzidas.
Alessandra Alves - Saúde Plena
Publicação:14/10/2013 09:00Atualização: 27/01/2016 09:47
Na música Lágrimas e Tormentos, gravada pela brasileira Marisa Monte, a cantora celebra o fim da sua dor ao dizer que suas lágrimas secaram e seus tormentos terminaram. Se interpretada ao pé da letra, a canção demonstra que quando finalmente conseguiu parar de chorar, a personagem da música encontrou a felicidade. Afinal, no imaginário popular, as lágrimas são muito mais uma ferramenta de escape das emoções que um hidratante para os olhos. Elas representam, para a maioria das pessoas, uma resposta imediata ao choro ou a gargalhada. Quase nunca são vistas como um privilégio. Mas para Ana Lúcia Ferreira, de 60 anos, conseguir produzir lágrimas naturalmente seria um grande presente.
“Às vezes, tenho a impressão de ter areia nos olhos. Eles ficam vermelhos, geralmente ardem um pouco, mas só quando esqueço de pingar o colírio”, diz. A cada duas horas, ela precisa usar o remédio, mas apesar disso, afirma que a rotina não a deixa abalada. “Não sou de me abater com doença. Temos que enfrentar o que aparecer em nosso caminho e seguir em frente, ao invés de ficar chorando”, ressalta.
O Dr. José Álvaro Pereira Gomes, médico oftalmologista e presidente científico da APÓS (Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco), explica que os sintomas relatados por Ana Lúcia estão entre os principais da doença e a pessoa que apresentar qualquer um destes sinais deve procurar imediatamente um médico. “Geralmente, quem sente ardência nos olhos tem duas atitudes: ir à farmácia e pedir um colírio ou ir a um médico. A receita de um colírio incompatível com o problema pode piorar o quadro e aumentar os sintomas. Somente um médico oftalmologista poderá fazer o diagnóstico correto”, alerta.
Além do olho seco por deficiência aquosa, que é o caso de Ana Lúcia, existe também o olho seco evaporativo. O primeiro está ligado a doenças sistêmicas e autoimunes e é caracterizado pela disfunção na qualidade e quantidade do filme lacrimal. Este último acontece quando há aumento da perda do filme lacrimal por evaporação, e pode surgir em diversas situações do cotidiano, seja por conta do ar condicionado, da poluição ou da exposição frequente em frente à TV e ao computador.
Piscar ajuda
Assim, se você estiver exposto a qualquer uma dessas situações, faça um exercício de prevenção: pisque mais vezes. Uma das causas do olho seco evaporativo está ligada à diminuição no número de piscadas. É muito comum, por exemplo, o ressecamento dos olhos quando se está concentrado em alguma atividade em frente ao computador. “Quando você abre o olho, a lágrima cobre a superfície, mas conforme o tempo passa, ela vai secando. Ao piscar, você manda essa lágrima velha embora e traz uma nova. É um processo de renovação”, alerta o doutor.
Apesar da maior causa do olho seco ainda ser o processo natural de envelhecimento, toda a população está sujeita a desenvolver a doença. Um estudo inédito na América Latina, que está sendo realizado pela após, indica que cerca de 10% da população do país pode ser portadora da doença, número que no Brasil, representaria algo em torno de 18 milhões de pessoas. O cuidado em pessoas mais velhas, no entanto, deve ser redobrado, principalmente nas mulheres, que passam a produzir menos lágrimas após a menopausa.
Portanto, se você sente os olhos vermelhos, irritados ou com ardor, tem a sensação de areia nos olhos, enxerga embaçado ou com dificuldade, procure imediatamente um oftalmologista.
Tratamento
Normalmente, existem quatro tipos de tratamento para o olho seco. O uso de colírios lubrificantes, colírios anti-inflamatórios, medicamentos orais que aumentam a produção de lágrima ou medicamentos nutritivos para melhorar a qualidade da lágrima (uso de substâncias ricas em ômega 3, óleo de peixe ou óleo de linhaça). Se nenhum destes tratamentos surtirem efeito pode haver o tamponamento do canalículo lacrimal, um canal bem pequeno que fica no canto da pálpebra, perto do nariz. Este método evita que a lágrima escorra e deixa o olho permanentemente umedecido. Para outros casos, existe a cirurgia. O transplante de glândula salivar tem surtido efeitos positivos nos pacientes com casos mais graves da síndrome.
Abaixo, alguns fatores que podem contribuir para o olho seco:
Ambiente: O contato constante com o ar-condicionado, a poluição ou a exposição por um longo período em frente à TV ou ao computador podem causar a evaporação excessiva da lágrima.
Medicamentos: A utilização contínua de descongestionantes e anti-histamínicos, tranquilizantes, antidepressivos, pílulas para dormir, diuréticos, pílulas anticoncepcionais, alguns anestésicos, medicamentos para tratamento da hipertensão arterial (betabloqueadores) e para transtornos digestivos (anticolinérgico).
Lentes de Contato: as lentes de contato diminuem a quantidade de oxigênio sobre a córnea, podendo causar irritação e sensação de olho seco.
Doenças Sistêmicas: Algumas doenças sistêmicas e autoimunes podem contribuir com a diminuição da quantidade de lágrimas, pois erroneamente as células de defesa atacam as glândulas produtoras de lágrimas e saliva do organismo.
A Síndrome dos Olhos Secos causa ressecamento na superfície do olho, na córnea e na conjuntiva e, se não tratada corretamente, pode levar à perda da visão.
Na música Lágrimas e Tormentos, gravada pela brasileira Marisa Monte, a cantora celebra o fim da sua dor ao dizer que suas lágrimas secaram e seus tormentos terminaram. Se interpretada ao pé da letra, a canção demonstra que quando finalmente conseguiu parar de chorar, a personagem da música encontrou a felicidade. Afinal, no imaginário popular, as lágrimas são muito mais uma ferramenta de escape das emoções que um hidratante para os olhos. Elas representam, para a maioria das pessoas, uma resposta imediata ao choro ou a gargalhada. Quase nunca são vistas como um privilégio. Mas para Ana Lúcia Ferreira, de 60 anos, conseguir produzir lágrimas naturalmente seria um grande presente.
Saiba mais...
Desde que tinha 34 anos, Ana Lúcia é portadora da Síndrome dos Olhos Secos. A doença surge quando há algum problema na produção de lágrimas ou nas suas características de origem, alterando assim sua qualidade. O fenômeno causa ressecamento na superfície do olho, na córnea e na conjuntiva e, se não tratado, pode levar à perda da visão. Ela descobriu que sofria da doença quando tratava um problema de hipotireoidismo. Ana Lúcia passou a enxergar com dificuldade e por isso consultou um oftalmologista. Desde então, faz o tratamento diário com o uso de colírio lubrificante.- Pesquisa traz nova esperança de cura para o Alzheimer
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“Às vezes, tenho a impressão de ter areia nos olhos. Eles ficam vermelhos, geralmente ardem um pouco, mas só quando esqueço de pingar o colírio”, diz. A cada duas horas, ela precisa usar o remédio, mas apesar disso, afirma que a rotina não a deixa abalada. “Não sou de me abater com doença. Temos que enfrentar o que aparecer em nosso caminho e seguir em frente, ao invés de ficar chorando”, ressalta.
O Dr. José Álvaro Pereira Gomes, médico oftalmologista e presidente científico da APÓS (Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco), explica que os sintomas relatados por Ana Lúcia estão entre os principais da doença e a pessoa que apresentar qualquer um destes sinais deve procurar imediatamente um médico. “Geralmente, quem sente ardência nos olhos tem duas atitudes: ir à farmácia e pedir um colírio ou ir a um médico. A receita de um colírio incompatível com o problema pode piorar o quadro e aumentar os sintomas. Somente um médico oftalmologista poderá fazer o diagnóstico correto”, alerta.
Além do olho seco por deficiência aquosa, que é o caso de Ana Lúcia, existe também o olho seco evaporativo. O primeiro está ligado a doenças sistêmicas e autoimunes e é caracterizado pela disfunção na qualidade e quantidade do filme lacrimal. Este último acontece quando há aumento da perda do filme lacrimal por evaporação, e pode surgir em diversas situações do cotidiano, seja por conta do ar condicionado, da poluição ou da exposição frequente em frente à TV e ao computador.
Uma das causas do olho seco evaporativo é a exposição excessiva em frente à TV ou ao computador
Assim, se você estiver exposto a qualquer uma dessas situações, faça um exercício de prevenção: pisque mais vezes. Uma das causas do olho seco evaporativo está ligada à diminuição no número de piscadas. É muito comum, por exemplo, o ressecamento dos olhos quando se está concentrado em alguma atividade em frente ao computador. “Quando você abre o olho, a lágrima cobre a superfície, mas conforme o tempo passa, ela vai secando. Ao piscar, você manda essa lágrima velha embora e traz uma nova. É um processo de renovação”, alerta o doutor.
Apesar da maior causa do olho seco ainda ser o processo natural de envelhecimento, toda a população está sujeita a desenvolver a doença. Um estudo inédito na América Latina, que está sendo realizado pela após, indica que cerca de 10% da população do país pode ser portadora da doença, número que no Brasil, representaria algo em torno de 18 milhões de pessoas. O cuidado em pessoas mais velhas, no entanto, deve ser redobrado, principalmente nas mulheres, que passam a produzir menos lágrimas após a menopausa.
Portanto, se você sente os olhos vermelhos, irritados ou com ardor, tem a sensação de areia nos olhos, enxerga embaçado ou com dificuldade, procure imediatamente um oftalmologista.
Tratamento
Normalmente, existem quatro tipos de tratamento para o olho seco. O uso de colírios lubrificantes, colírios anti-inflamatórios, medicamentos orais que aumentam a produção de lágrima ou medicamentos nutritivos para melhorar a qualidade da lágrima (uso de substâncias ricas em ômega 3, óleo de peixe ou óleo de linhaça). Se nenhum destes tratamentos surtirem efeito pode haver o tamponamento do canalículo lacrimal, um canal bem pequeno que fica no canto da pálpebra, perto do nariz. Este método evita que a lágrima escorra e deixa o olho permanentemente umedecido. Para outros casos, existe a cirurgia. O transplante de glândula salivar tem surtido efeitos positivos nos pacientes com casos mais graves da síndrome.
Uma das opções de tratamento para o olho seco é o tamponamento dos canais lacrimais. Este método evita que a lágrima escorra e,assim, o olho permanece hidratado.
Abaixo, alguns fatores que podem contribuir para o olho seco:
Ambiente: O contato constante com o ar-condicionado, a poluição ou a exposição por um longo período em frente à TV ou ao computador podem causar a evaporação excessiva da lágrima.
Medicamentos: A utilização contínua de descongestionantes e anti-histamínicos, tranquilizantes, antidepressivos, pílulas para dormir, diuréticos, pílulas anticoncepcionais, alguns anestésicos, medicamentos para tratamento da hipertensão arterial (betabloqueadores) e para transtornos digestivos (anticolinérgico).
Lentes de Contato: as lentes de contato diminuem a quantidade de oxigênio sobre a córnea, podendo causar irritação e sensação de olho seco.
Doenças Sistêmicas: Algumas doenças sistêmicas e autoimunes podem contribuir com a diminuição da quantidade de lágrimas, pois erroneamente as células de defesa atacam as glândulas produtoras de lágrimas e saliva do organismo.