Carlos Careqa transforma temas que são tabus na infância no projeto 'Palavrão Cantado'
Apesar de ter o tom infantil, o autor prefere classificar o novo trabalho como "música infantil para adultos"
Gláucia Chaves - Revista do CB
Publicação:15/10/2013 09:04
Você já tem mais de 30 anos de carreira, mas ainda não tinha nada voltado para crianças. Por que decidiu compor para elas agora?
Vários artistas chegam em um momento em que querem o nicho de música para crianças. Isso ficou muito chato, porque virou uma fábrica, um método de ganhar dinheiro. Como tenho um lado mais crítico com relação ao mercado, comecei a pensar em música infantil fora dos moldes estabelecidos.
Por que define o trabalho como “música infantil para adultos”?
Não separo música para crianças e para adultos. Faço e mostro do meu jeito. Claro que, pedagogicamente, não posso dizer que (o projeto) é de música infantil, por isso digo que é música infantil para adultos. Mas as crianças acham engraçado porque toco em temas que os adultos não têm coragem, como morte, sexo, excrementos. Os adultos preferem deixar que a criança aprenda sozinha ou por amigos.
Como está sendo a repercussão do público até agora?
O CD só será lançado em dezembro, mas já estou sendo criticado. As pessoas não entendem e não gostam que exista um material exclusivo para isso. Mas, no passado, já aconteceram coisas assim, como os Mamonas Assassinas, que não tinham a intenção de serem infantis e caíram nas graças das crianças. Não tenho medo, porque sei que uma parte vai entender. Como já trabalho na linha tênue entre o fracasso e o sucesso, não me preocupo com isso.
Quais críticas recebeu, especificamente?
No site da Folha de S. Paulo, no qual saiu uma matéria sobre o projeto, as pessoas comentaram de tudo. Que eu precisava ouvir mais Imagine, do John Lennon, para saber o que é música de qualidade, que nossas crianças não precisavam desse tipo de produto cultural... O engraçado é que a matéria teve mais de 2 mil comentários e ninguém usou a expressão “politicamente incorreto”. As pessoas não querem usar isso porque sabem que é uma coisa que está caindo de moda, então ninguém assume que o é. Eu sou direto e objetivo.
O que acha do conceito de politicamente correto?
Alguns pais procuram criar os filhos dessa maneira, mas acho um erro, um tiro no pé. Você está enganando a criança, sendo que ela vai crescer e saber o que existe. Ela pode até cair na mão de uma pessoa mal intencionada. Quando acontece de se deparar com uma situação constrangedora, tem que explicar e tirar a maldade daquilo. Criar uma criança em uma redoma é uma bobagem. Acredito na inteligência do ser humano.
Saiba mais...
Arroto, masturbação, fezes... Certamente, esses não são temas comuns em músicas infantis. Porém, o que muitos consideram tabu virou matéria-prima para o Projeto Palavrão Cantado, do cantor, compositor e ator Carlos Careqa. Apesar de ter o tom infantil, o autor prefere classificar o novo trabalho como “música infantil para adultos”.- Proteção em excesso pode prejudicar as crianças
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Você já tem mais de 30 anos de carreira, mas ainda não tinha nada voltado para crianças. Por que decidiu compor para elas agora?
Vários artistas chegam em um momento em que querem o nicho de música para crianças. Isso ficou muito chato, porque virou uma fábrica, um método de ganhar dinheiro. Como tenho um lado mais crítico com relação ao mercado, comecei a pensar em música infantil fora dos moldes estabelecidos.
Por que define o trabalho como “música infantil para adultos”?
Não separo música para crianças e para adultos. Faço e mostro do meu jeito. Claro que, pedagogicamente, não posso dizer que (o projeto) é de música infantil, por isso digo que é música infantil para adultos. Mas as crianças acham engraçado porque toco em temas que os adultos não têm coragem, como morte, sexo, excrementos. Os adultos preferem deixar que a criança aprenda sozinha ou por amigos.
O CD que só será lançado em dezembro já está sendo criticado
O CD só será lançado em dezembro, mas já estou sendo criticado. As pessoas não entendem e não gostam que exista um material exclusivo para isso. Mas, no passado, já aconteceram coisas assim, como os Mamonas Assassinas, que não tinham a intenção de serem infantis e caíram nas graças das crianças. Não tenho medo, porque sei que uma parte vai entender. Como já trabalho na linha tênue entre o fracasso e o sucesso, não me preocupo com isso.
Quais críticas recebeu, especificamente?
No site da Folha de S. Paulo, no qual saiu uma matéria sobre o projeto, as pessoas comentaram de tudo. Que eu precisava ouvir mais Imagine, do John Lennon, para saber o que é música de qualidade, que nossas crianças não precisavam desse tipo de produto cultural... O engraçado é que a matéria teve mais de 2 mil comentários e ninguém usou a expressão “politicamente incorreto”. As pessoas não querem usar isso porque sabem que é uma coisa que está caindo de moda, então ninguém assume que o é. Eu sou direto e objetivo.
O que acha do conceito de politicamente correto?
Alguns pais procuram criar os filhos dessa maneira, mas acho um erro, um tiro no pé. Você está enganando a criança, sendo que ela vai crescer e saber o que existe. Ela pode até cair na mão de uma pessoa mal intencionada. Quando acontece de se deparar com uma situação constrangedora, tem que explicar e tirar a maldade daquilo. Criar uma criança em uma redoma é uma bobagem. Acredito na inteligência do ser humano.