Pobreza perpetua vício em cigarro
Pesquisa mostra que os pobres e os menos escolarizados fumam mais, compreendem menos as mensagens de alerta à saúde e apresentam menores índices de abandono do cigarro
Correio Braziliense
Publicação:30/11/2013 14:46
De acordo com o estudo, o percentual de fumantes de todos os produtos de tabaco com pelo menos 15 anos e menos de sete anos de escolaridade é duas vezes maior do que o identificado entre aqueles que cursaram no mínimo um ano do ensino superior. Em todo o período analisado, a diferença no risco de morrer por doenças fortemente associadas ao tabagismo, como o câncer de pulmão, foi pelo menos duas vezes maior entre as pessoas com menos de oito anos de estudo em comparação àquelas que frequentaram os bancos escolares por mais tempo.
O estudo, com dados de 1989 a 2008, foi feito simultaneamente no México e no Uruguai. No Brasil, o Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública fez a sondagem e contou com a parceria da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para a diretora executiva da ACT, Paula Johns, os dados indicam a necessidade de novas ações de combate ao tabagismo. “Além de avançar na implementação das políticas públicas clássicas, como aumento de preços, ambientes livres de fumo e proibição de publicidade e de aditivos nos cigarros, é necessário pensar em iniciativas que cheguem às camadas populacionais mais vulneráveis, tratando-as como um determinante social de saúde.” Os resultados foram apresentados na última terça, na UFF, durante a Jornada Internacional sobre Impostos, Preços e Políticas de Controle do Tabaco.
Os mais pobres têm dificuldade de entender as campanhas antitabagismo
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A queda no número de fumantes no Brasil tem sido expressiva — de 1989 a 2010, chegou a 45%, segundo o Instituto Nacional de Câncer —, mas uma análise social dessa transformação revela que há um grupo que tem sido menos beneficiado pelas políticas públicas de combate ao tabagismo. Os resultados do estudo 'Impostos sobre o tabaco e políticas para o controle do tabagismo no Brasil, México e Uruguai' indicam que, nesses países, os pobres e os menos escolarizados fumam mais, compreendem menos as mensagens de alerta à saúde e apresentam menores índices de abandono do cigarro.- Efeitos do cigarro são mais pronunciados na mulher e largar o vício também é mais difícil para elas
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De acordo com o estudo, o percentual de fumantes de todos os produtos de tabaco com pelo menos 15 anos e menos de sete anos de escolaridade é duas vezes maior do que o identificado entre aqueles que cursaram no mínimo um ano do ensino superior. Em todo o período analisado, a diferença no risco de morrer por doenças fortemente associadas ao tabagismo, como o câncer de pulmão, foi pelo menos duas vezes maior entre as pessoas com menos de oito anos de estudo em comparação àquelas que frequentaram os bancos escolares por mais tempo.
O estudo, com dados de 1989 a 2008, foi feito simultaneamente no México e no Uruguai. No Brasil, o Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública fez a sondagem e contou com a parceria da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para a diretora executiva da ACT, Paula Johns, os dados indicam a necessidade de novas ações de combate ao tabagismo. “Além de avançar na implementação das políticas públicas clássicas, como aumento de preços, ambientes livres de fumo e proibição de publicidade e de aditivos nos cigarros, é necessário pensar em iniciativas que cheguem às camadas populacionais mais vulneráveis, tratando-as como um determinante social de saúde.” Os resultados foram apresentados na última terça, na UFF, durante a Jornada Internacional sobre Impostos, Preços e Políticas de Controle do Tabaco.