Doulas se dedicam a amenizar a dor de parturientes
Num mundo em que o ser humano está cada vez mais voltado para si, as acompanhantes de parto se dedicam a amenizar a dor do outro
Estado de Minas
Publicação:26/12/2013 11:00Atualização: 24/12/2013 10:20
A ideia surgiu a partir do curso de formação de doulas que ela fez no Grupo de Apoio à Maternidade Ativa (Gama). Após voltar para o hospital, Juliana repassou as técnicas aprendidas para um grupo de mulheres voluntárias, que tinham o desejo de ajudar gestantes em trabalho de parto e foi aí que nasceu o Projeto Doulas. Funcionando há três anos no Hospital Nossa Senhora das Graças, o projeto já realizou mais de 20 treinamentos, capacitou cerca de 94 voluntárias e hoje conta com 20 doulas, que trabalham uma vez por semana em plantões de 12 horas.
De acordo com a coordenadora da maternidade, quando a Lei Nº 11.108 (que permite à parturiente ter um acompanhante durante o trabalho de parto) entrou em vigor, em 2005, poucas gestantes levavam acompanhante para a sala de parto. Então, as doulas passaram a ficar com futuras mamães durante os momentos de tensão que antecedem o parto. “As voluntárias estão lá para ouvir e relaxar a gestante, conversar, orientar sobre a respiração para amenizar as dores, além de ensinar movimentos que facilitam o parto”, diz.
Maria Cristina de Oliveira, de 48 anos, ficou sabendo do projeto por meio de uma amiga e há dois anos atua como doula. Como sempre teve vontade de trabalhar na área de obstetrícia e ajudar as gestantes, ela viu no projeto uma boa oportunidade para exercer sua solidariedade. “O momento do parto é muito difícil para todas as mulheres e para mim também foi. Nessa hora sentimos muito medo e insegurança e quando estamos sozinhas parece que todos esses sentimentos aumentam. Precisamos ter alguém do nosso lado para nos confortar, segurar a nossa mão e dizer que vai ficar tudo bem. E eu gosto de ajudar as pessoas”.
Jobem Lúcia Martins Oliveira é voluntária no Doulas há mais de dois anos e desde o início se encantou com a causa. “Fico feliz em ver que um aperto de mão, um sorriso ou uma palavra tem o poder de ajudar a aliviar a dor das gestantes”. E não é só a voluntária que se sente tocada com o trabalho das doulas. Segundo Jobem, em alguns casos a gratidão de parentes da gestante é tão grande que eles a presenteiam com alguma lembrancinha, como forma de retribuir o carinho. “Como criamos um vínculo muito forte, nós costumamos partilhar as dores e alegrias com a gestante e seus familiares”. Alguns laços de afeição criados durante o Doulas são tão profundos que acabam extrapolando as salas do hospital. “Algumas mães me mandam mensagem no celular contando sobre o dia a dia, agradecendo a minha ajuda, pedindo conselhos e até desabafando. Vira uma amizade mesmo”.
O projeto trouxe benefícios para todo o hospital. De acordo com Juliana, houve uma diminuição do ritmo agitado nas salas de operações e desespero das gestantes. “Ficou um clima mais tranquilo. Apesar de a futura mamãe passar por momentos de dor, ela está mais consciente de todo o processo, pois já foi preparada pela doula para enfrentar essa ocasião. O parto é mais rápido e menos sofrido”, afirma.
Trabalho voluntário
Atualmente, o hospital está com vagas abertas para quem deseja trabalhar como voluntária no projeto. Os pré-requisitos são: mulheres maduras que tenham amabilidade e disponibilidade para trabalhar 12 horas por dia, uma vez por semana. As participantes irão receber treinamento psicológico, teórico e prático antes de trabalharem no hospital. As interessadas podem entrar em contato pelo telefone (31) 2107-6037 e fazer a inscrição.
Maria Cristina de Oliveira, doula
Saiba mais...
Trabalhar o emocional de mães em trabalho de parto e proporcionar a elas um clima mais calmo durante os momentos que antecedem a chegada do bebê. Esse é o trabalho das doulas, acompanhantes de parto que buscam dar um maior conforto físico e emocional às parturientes por meio de conversas, massagens e técnicas de respiração. A coordenadora da maternidade do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Sete Lagoas (MG), Juliana Almeida, tinha vontade de transformar o ambiente da maternidade em algo mais tranquilo, mas não sabia por onde começar.- Documentário 'A dor além do parto' denuncia que maioria dos erros médicos estão ligados à obstetrícia
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A ideia surgiu a partir do curso de formação de doulas que ela fez no Grupo de Apoio à Maternidade Ativa (Gama). Após voltar para o hospital, Juliana repassou as técnicas aprendidas para um grupo de mulheres voluntárias, que tinham o desejo de ajudar gestantes em trabalho de parto e foi aí que nasceu o Projeto Doulas. Funcionando há três anos no Hospital Nossa Senhora das Graças, o projeto já realizou mais de 20 treinamentos, capacitou cerca de 94 voluntárias e hoje conta com 20 doulas, que trabalham uma vez por semana em plantões de 12 horas.
De acordo com a coordenadora da maternidade, quando a Lei Nº 11.108 (que permite à parturiente ter um acompanhante durante o trabalho de parto) entrou em vigor, em 2005, poucas gestantes levavam acompanhante para a sala de parto. Então, as doulas passaram a ficar com futuras mamães durante os momentos de tensão que antecedem o parto. “As voluntárias estão lá para ouvir e relaxar a gestante, conversar, orientar sobre a respiração para amenizar as dores, além de ensinar movimentos que facilitam o parto”, diz.
Maria Cristina de Oliveira, de 48 anos, ficou sabendo do projeto por meio de uma amiga e há dois anos atua como doula. Como sempre teve vontade de trabalhar na área de obstetrícia e ajudar as gestantes, ela viu no projeto uma boa oportunidade para exercer sua solidariedade. “O momento do parto é muito difícil para todas as mulheres e para mim também foi. Nessa hora sentimos muito medo e insegurança e quando estamos sozinhas parece que todos esses sentimentos aumentam. Precisamos ter alguém do nosso lado para nos confortar, segurar a nossa mão e dizer que vai ficar tudo bem. E eu gosto de ajudar as pessoas”.
Jobem Lúcia Martins Oliveira é voluntária no Doulas há mais de dois anos e desde o início se encantou com a causa. “Fico feliz em ver que um aperto de mão, um sorriso ou uma palavra tem o poder de ajudar a aliviar a dor das gestantes”. E não é só a voluntária que se sente tocada com o trabalho das doulas. Segundo Jobem, em alguns casos a gratidão de parentes da gestante é tão grande que eles a presenteiam com alguma lembrancinha, como forma de retribuir o carinho. “Como criamos um vínculo muito forte, nós costumamos partilhar as dores e alegrias com a gestante e seus familiares”. Alguns laços de afeição criados durante o Doulas são tão profundos que acabam extrapolando as salas do hospital. “Algumas mães me mandam mensagem no celular contando sobre o dia a dia, agradecendo a minha ajuda, pedindo conselhos e até desabafando. Vira uma amizade mesmo”.
O projeto trouxe benefícios para todo o hospital. De acordo com Juliana, houve uma diminuição do ritmo agitado nas salas de operações e desespero das gestantes. “Ficou um clima mais tranquilo. Apesar de a futura mamãe passar por momentos de dor, ela está mais consciente de todo o processo, pois já foi preparada pela doula para enfrentar essa ocasião. O parto é mais rápido e menos sofrido”, afirma.
Trabalho voluntário
Atualmente, o hospital está com vagas abertas para quem deseja trabalhar como voluntária no projeto. Os pré-requisitos são: mulheres maduras que tenham amabilidade e disponibilidade para trabalhar 12 horas por dia, uma vez por semana. As participantes irão receber treinamento psicológico, teórico e prático antes de trabalharem no hospital. As interessadas podem entrar em contato pelo telefone (31) 2107-6037 e fazer a inscrição.