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Malhação com ou sem ajuda suplementar?

O melhor suplemento é aquele receitado por um nutricionista, juntamente com uma dieta balanceada e de acordo com a necessidade de cada malhador

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Revista do CB - Correio Braziliense Publicação:26/02/2014 15:00Atualização:26/08/2014 11:25
Quando se trata do assunto suplementos proteicos, são várias as opções encontradas: barrinhas, albumina, proteína da soja, proteína do arroz, até chegar aos wheys. É impossível entrar em qualquer academia e não encontrar um malhador sem um desses produtos em mãos, na esperança de ganhar músculos de forma mais rápida. Polêmicos, os suplementos são alvos constantes de fiscalização. Na semana passada, a Anvisa chegou a retirar do mercado quatro produtos de marca importada (leia quadro). Mas, afinal, qual é a função de cada um deles?

De acordo com a nutricionista esportiva Narayana Reinehr Ribeiro, no caso específico do whey protein, tão em moda entre os malhadores, ele pode ser concentrado (WPC) — mais barato, tem uma boa concentração de proteínas e apresenta lactose —; isolado (WPI) — superior ao WPC quanto à concentração de proteínas, no processo de filtração, tem a lactose retirada —; ou hidrolisado (WPH). Nesse caso, é o WPI que foi hidrolisado. “Quando esse processo acontece, as proteínas são ‘quebradas’, perdendo, dessa forma, muitos macropeptídeos alergênicos, como a lactoglobulina, permitindo que pessoas alérgicas à proteína do leite possam consumir esse suplemento”, explica a nutricionista.

Narayana alerta, porém, que nenhuma proteína em forma de suplemento deve substituir as refeições. “Trocar uma refeição por apenas proteína transforma essa refeição em uma fonte pobre em fibras, carboidratos e gorduras, que são importantes fontes de várias vitaminas e minerais”, detalha.

Antes de iniciar o treino, há oito meses, Vitor Manuel Mendes procurou um nutricionista: aumento de 9kg de massa magra (Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Antes de iniciar o treino, há oito meses, Vitor Manuel Mendes procurou um nutricionista: aumento de 9kg de massa magra
A carne é uma excelente fonte de proteína, o whey também. Mas não é uma substituição tão lógica. Afinal, existem várias outras fontes alimentares de proteína. No caso de uma dieta montada por um profissional, explica Narayana, inicialmente, seria inserida uma maior quantidade de proteínas animais e vegetais antes de ser prescrito um suplemento.

A proteína é um macronutriente, assim como o carboidrato e a gordura. Cada grama de proteína nos fornece 4kcal; cada grama de carboidrato também 4kcal; e de gordura, 9kcal. “Não costumo rotular os alimentos como bons ou ruins, que emagrecem ou que engordam, pois tudo depende da quantidade, de acordo com a necessidade e a demanda do indivíduo. Mas proteína em excesso pode engordar”, garante a nutricionista, alertando ainda que o mais importante é ter uma alimentação balanceada, rica em nutrientes que auxiliam na manutenção, digestão e ingestão de vitaminas, aminoácidos e minerais.

Além da proteína, existem outros queridinhos daqueles que malham e são adeptos da suplementação. Os aminoácidos glutamina e os BCAAs são alguns deles. Também receitada por um nutricionista, a glutamina pode ser produzida pelo organismo a partir do ciclo do ácido cítrico. A sua prescrição tem como foco principal a saúde do intestino. Os enterócitos — células intestinais — são grandes consumidores de glutamina no nosso corpo, assim como os linfócitos(células de defesa). O aminoácido de maior concentração nos nossos músculos é o BCAA.

Segundo o professor de educação física Pedro Neto, o mais importante para quem busca emagrecer é a combinação de exercícios com foco na melhoria cardiovascular, na resistência e na força. Tudo isso por meio da musculação. “Há outros tipos de treinos, como o metabólico. Ele é composto de intervalos curtos, séries pesadas, normalmente com várias repetições, que exigem mais do organismo e promovem um alto gasto calórico. Nem sempre treinos como esse precisam do uso de suplementos. Já para treinos de resistência, explica Pedro Neto, é necessário que a pessoa passe por todas as fases de treinamento. “São elas: a adaptação neural, coordenação motora com o desenvolvimento de resistência, força e hipertrofia”, enumera.

Thessa Vieira usa whey, vitaminas e minerais prescritos por um nutricionista: malhação pesada (CB/D.A Press)
Thessa Vieira usa whey, vitaminas e minerais prescritos por um nutricionista: malhação pesada
A grande dúvida dos que querem perder peso e ganhar músculos é saber qual é o melhor exercício e qual tem maior gasto calórico. Dieta, musculação e noites bem dormidas são os melhores remédios para quem quer perder peso, esclarece o professor. Ele ressalta que o uso de proteínas de forma irregular pode, inclusive, surtir efeito contrário. “Se a pessoa não tem uma dieta correta e toma whey, ela engorda em vez de emagrecer.” Portanto, ressalta Pedro, é muito importante o acompanhamento com um nutricionista para especificar a alimentação. Além disso, é preciso trabar a parte aeróbica.

Vitor Manuel Gonçalves Mendes, 35 anos, é manobrista e há oito meses começou a treinar. Após consulta com a nutricionista e com o foco de ganhar massa muscular, ele aumentou em 9kg a massa magra, aliando dieta e suplementos. “Tomo dois tipos de proteína três vezes ao dia: após treino, a isolada e, pela manhã e à noite, a concentrada e a hidrolisada. Também tomo o BCAA e a glutamina quatro vezes ao dia”, conta Vitor. Já a bancária Thessa Vieira, 31 anos, malha há cinco anos e há um ano trata uma lesão no ombro devido a um acidente de trabalho que a deixou afastada da função. Com a musculação voltada para a reabilitação, o exercício a ajudou a melhorar os movimentos e as dores. A nutricionista que a atende também recomendou o uso de whey, vitaminas e minerais.

Pedro Neto ressalta que o grande mal atual é a indicação proteínas e wheys por pessoas leigas. Se um amigo toma, não quer dizer que esse mesmo produto vá servir para você. “Para todos os meus alunos, eu indico que se consulte com um nutricionista esportivo”, enfatiza. O uso inadequado de qualquer suplemento pode trazer efeitos colaterais e danos à saúde.

Venda proibida

Na semana passada, a Anvisa proibiu a venda de quatro suplementos alimentares para atletas. Segundo a agência, os produtos apresentam irregularidades. O primeiro deles, Alimento para Atletas da marca ISOFAST-MHP, fabricado por Maximum Human Performance Inc. e importado por Macroex Comercial Importadora e Exportadora Ltda, foi suspenso por apresentar BCAA e não se enquadrar em nenhuma das classificações previstas pela agência. Já o Suplemento de Cafeína para atletas, marca ALERT 8-HOUR-MHP, fabricado por Maximum Human Performance Inc. e importado por Macroex Comercial Importadora e Exportadora Ltda, foi suspenso por conter taurina em sua composição. O Carnivor, fabricado por MuscleMeds e distribuído por Nutrition Import Comércio Atacadista de Suplemento Ltda, foi suspenso por apresentar teores de vitamina B12 e B6 acima da ingestão diária recomendada e por apresentar as substâncias glutamina alfa-cetoglutarato (GKC), ornitina alfa-cetoglutarato (OKG), alfa-cetoisocaproato (KIC), que não foram avaliadas quanto à segurança de consumo como alimentos. Por fim, o Probolic-SR-MHP, fabricado por Maximum Human Performance Inc. e importado por Commar Comércio Internacional Ltda, foi suspenso por não haver comprovação de segurança de uso.

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