Praticantes de artes marciais desenvolvem habilidades como segurança, disciplina e autoconfiança
Segredo é usar a agressividade alheia a seu favor
Paula Takahashi
Publicação:23/03/2014 08:00Atualização: 22/03/2014 15:20
Força física e mental se unem na prática das artes marciais essencialmente voltadas para a autodefesa. “A pessoa desenvolve uma outra maneira de estar no mundo. A prática corporal envolve um sentido ético que é corporificado”, explica o psicólogo Cristiano Barreira, membro da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp).
A reportagem continua; leia também:
Krav magá e kombato preparam para situações reais de briga ou ameaças com armas brancas
Sensação de insegurança leva adultos, idosos e crianças a desenvolver técnicas de defesa pessoal
Além do desenvolvimento físico, os praticantes são estimulados a perceber o KI, que seria a energia presente no universo. “O praticante de artes marciais tradicionais desenvolve uma sensibilidade em relação ao outro. Faz parte do processo o fato de ele ser capaz de identificar a tensão energética do oponente, inclusive em termos de agressividade”, avalia o especialista, que também é 3º dan de karatê.
No aikido não é diferente. “O treinamento tradicional das técnicas é muito importante para fortalecer as pessoas, principalmente para que elas se sintam mais seguras. Por meio desse exercício regular, elas também são capazes de disciplinar a mente e, a partir daí, harmonizar com o universo”, explica o sensei Rômulo Lagares, faixa preta 3º dan em aikido.
A metologia tradicional da arte marcial japonesa não prevê competição e não trabalha a derrota do oponente. Por isso as técnicas não envolvem ataque a pontos vitais. “O pensamento ideal é não entrar em guerra. Buscamos então uma forma mais cuidadosa de harmonizar conflitos. A gente não quer derrotar pessoas, mas devemos ter técnicas para controlar aquelas que são agressivas”, explica Rômulo. São estudadas então as várias formas de ataque utilizadas para que sejam fortalecidas as defesas de quem está sob ameaça. “Conduzimos o ataque do agressor, como forma de esvaziá-lo. A ênfase não é atacar, jamais”, reconhece Rômulo.
O estudante de graduação em jogos digitais Alessandro Russo, de 22 anos, encontrou no aikido a arte marcial que sempre buscava. “Antes fiz kung fu. Sempre gostei de artes marciais, mas não de violência e achei isso no aikido. É possível usar a técnica para não ter que partir para a força física. Quando vi que segurando um dedo poderia imobilizar uma pessoa, resolvi começar”, conta. O fato de conseguir direcionar a energia do agressor a seu favor também contou pontos para seguir os conhecimentos da arte marcial japonesa.
Não importa se são socos, chutes, projeções, luta de solo, uso de armas, imobilizações ou torções. Todas essas técnicas podem ser encontradas, de uma só vez, no hapkido, arte marcial proveniente da Coreia (veja quadro). “Trabalhamos as defesas, mas também os ataques. Temos situações em que vamos atingir o oponente visando aos pontos vitais, pontos de pressão e golpes traumáticos”, explica o mestre Joubert Rodrigues de Araújo, presidente e fundador da Federação Mineira de Hapkido e proprietário da academia Sadja.
Para Joubert, que é faixa preta 5º dan, a presença de diversas técnicas numa única atividade permite dizer que o hapkido é um exercício completo. “A pessoa consegue se adaptar a qualquer situação”, garante. O fim da necessidade de autoafirmação está entre os pontos citados pelo professor como benefícios provenientes da prática de artes marciais. “Diante deste trabalho de autoconfiança a pessoa passa a perceber que, no convívio social, ela não precisa provar nada para ninguém. Isso gera um impacto muito grande”, garante. Principalmente no controle da agressividade e na percepção do melhor momento para recuar.
Conheça mais sobre cada uma das técnicas
Krav magá
Nasceu no auge dos confrontos da Segunda Guerra Mundial, na primeira metade da década de 1940, como uma alternativa para proteção. A iniciativa veio de Israel pelas mãos do mestre Imi Lichtenfeld que compreendeu que os movimentos naturais poderiam ser trabalhados não apenas para defesa pessoal como também para combate. A mente e o corpo seriam as únicas armas do praticante.
Kombato
Técnica de segurança criada em 1989 no Rio de Janeiro por Paulo Albuquerque, faixa preta de krav magá. Embasado em princípios das forças militares, o kombato utiliza uma combinação de chutes, socos, projeções, alavancas e torções. O treinamento ainda envolve o uso de armas brancas – especialmente facas e bastões – e de fogo.
Aikido
Fundado no Japão no início do século passado, significa “caminho da harmonização das energias.” Criada pelo mestre Morihei Ueshiba, a arte marcial surgiu com o objetivo de encerrar um conflito e não de vencer ou destruir um inimigo. O termo aiki refere-se ao princípio da luta de absorver o movimento dos atacantes para controlar suas ações com o mínimo esforço.
Hapkido
Arte marcial de origem coreana organizada em sete áreas básicas. São elas: técnicas de bloqueios, de amarrações, de arremesso, de armas, de chutes e socos, internas (meditação, respiração) e terapêuticas (massagem, acupuntura).
O professor de aikido Rômulo Lagares demonstra golpe em que conduz, em proveito próprio, o ataque do agressor, no caso o aluno Marcelo Mendes
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Além do desenvolvimento físico, os praticantes são estimulados a perceber o KI, que seria a energia presente no universo. “O praticante de artes marciais tradicionais desenvolve uma sensibilidade em relação ao outro. Faz parte do processo o fato de ele ser capaz de identificar a tensão energética do oponente, inclusive em termos de agressividade”, avalia o especialista, que também é 3º dan de karatê.
No aikido não é diferente. “O treinamento tradicional das técnicas é muito importante para fortalecer as pessoas, principalmente para que elas se sintam mais seguras. Por meio desse exercício regular, elas também são capazes de disciplinar a mente e, a partir daí, harmonizar com o universo”, explica o sensei Rômulo Lagares, faixa preta 3º dan em aikido.
A metologia tradicional da arte marcial japonesa não prevê competição e não trabalha a derrota do oponente. Por isso as técnicas não envolvem ataque a pontos vitais. “O pensamento ideal é não entrar em guerra. Buscamos então uma forma mais cuidadosa de harmonizar conflitos. A gente não quer derrotar pessoas, mas devemos ter técnicas para controlar aquelas que são agressivas”, explica Rômulo. São estudadas então as várias formas de ataque utilizadas para que sejam fortalecidas as defesas de quem está sob ameaça. “Conduzimos o ataque do agressor, como forma de esvaziá-lo. A ênfase não é atacar, jamais”, reconhece Rômulo.
O estudante de graduação em jogos digitais Alessandro Russo, de 22 anos, encontrou no aikido a arte marcial que sempre buscava. “Antes fiz kung fu. Sempre gostei de artes marciais, mas não de violência e achei isso no aikido. É possível usar a técnica para não ter que partir para a força física. Quando vi que segurando um dedo poderia imobilizar uma pessoa, resolvi começar”, conta. O fato de conseguir direcionar a energia do agressor a seu favor também contou pontos para seguir os conhecimentos da arte marcial japonesa.
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Não importa se são socos, chutes, projeções, luta de solo, uso de armas, imobilizações ou torções. Todas essas técnicas podem ser encontradas, de uma só vez, no hapkido, arte marcial proveniente da Coreia (veja quadro). “Trabalhamos as defesas, mas também os ataques. Temos situações em que vamos atingir o oponente visando aos pontos vitais, pontos de pressão e golpes traumáticos”, explica o mestre Joubert Rodrigues de Araújo, presidente e fundador da Federação Mineira de Hapkido e proprietário da academia Sadja.
Para Joubert, que é faixa preta 5º dan, a presença de diversas técnicas numa única atividade permite dizer que o hapkido é um exercício completo. “A pessoa consegue se adaptar a qualquer situação”, garante. O fim da necessidade de autoafirmação está entre os pontos citados pelo professor como benefícios provenientes da prática de artes marciais. “Diante deste trabalho de autoconfiança a pessoa passa a perceber que, no convívio social, ela não precisa provar nada para ninguém. Isso gera um impacto muito grande”, garante. Principalmente no controle da agressividade e na percepção do melhor momento para recuar.
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Krav magá
Nasceu no auge dos confrontos da Segunda Guerra Mundial, na primeira metade da década de 1940, como uma alternativa para proteção. A iniciativa veio de Israel pelas mãos do mestre Imi Lichtenfeld que compreendeu que os movimentos naturais poderiam ser trabalhados não apenas para defesa pessoal como também para combate. A mente e o corpo seriam as únicas armas do praticante.
Kombato
Técnica de segurança criada em 1989 no Rio de Janeiro por Paulo Albuquerque, faixa preta de krav magá. Embasado em princípios das forças militares, o kombato utiliza uma combinação de chutes, socos, projeções, alavancas e torções. O treinamento ainda envolve o uso de armas brancas – especialmente facas e bastões – e de fogo.
Aikido
Fundado no Japão no início do século passado, significa “caminho da harmonização das energias.” Criada pelo mestre Morihei Ueshiba, a arte marcial surgiu com o objetivo de encerrar um conflito e não de vencer ou destruir um inimigo. O termo aiki refere-se ao princípio da luta de absorver o movimento dos atacantes para controlar suas ações com o mínimo esforço.
Hapkido
Arte marcial de origem coreana organizada em sete áreas básicas. São elas: técnicas de bloqueios, de amarrações, de arremesso, de armas, de chutes e socos, internas (meditação, respiração) e terapêuticas (massagem, acupuntura).