Quem nunca usou a desculpa da Páscoa para comer chocolate? Basta uma novidade chegar às prateleiras para surgir uma vontade incontrolável de experimentar mais e mais ovos. Abandonar o chocolate não é a melhor alternativa para escapar do ganho de peso nesta época do ano. Afinal, o cacau oferece muitos benefícios para a saúde. O segredo está em consumir chocolate com moderação e tentar sempre fazer as escolhas mais nutritivas e menos calóricas.

Na hora de comprar o ovo de Páscoa, lembre-se de que o chocolate amargo é o mais indicado. Quanto maior a concentração de cacau, mais saudável será o produto. “Pensando em benefícios para a saúde, o ideal é comer chocolate com acima de 70% de cacau, pois ele contém menos açúcar, menos leite e cacau mais puro”, orienta a médica especialista em nutrição Maria Isabel Correia, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O fruto que dá origem ao saboroso alimento é rico em substâncias antioxidantes, que combatem os radicais livres, responsáveis por desencadear doenças em geral. Isabel acrescenta que o cacau contribui para a contração e dilatação das artérias, promovendo controle da pressão arterial. Em países onde há grande consumo de chocolate observa-se menor incidência de doenças cardiovasculares.

Enquanto o chocolate amargo é considerado o queridinho por oferecer mais nutrientes, o chocolate branco leva a fama de ser o inimigo da saúde. Nele, a concentração de cacau é zero. “O chocolate branco não contém a parte boa do fruto, que está no pó. Tem apenas a manteiga de cacau, que é a gordura. Ele pode até ser consumido única e exclusivamente por prazer, mas você não tira nada de bom para a saúde e ainda vai ingerir muitas calorias”, pontua a médica especialista em nutrição.

A concentração de cacau não deve ser a única preocupação de quem não abre mão de comer chocolate na Páscoa. É importante conhecer todas as opções de ovos saudáveis para não errar na escolha. O termo light, por exemplo, indica que o produto tem teor reduzido (no mínimo 25%) de determinado ingrediente, como açúcar e gordura. Já o chocolate diet não contém um grama de açúcar. “Mas não necessariamente ele é menos calórico. Ao tirar o açúcar, para dar sabor ao alimento, aumenta-se a quantidade de gordura”, alerta a nutricionista Bruna Murta, da rede Mundo Verde. Por isso, ele é indicado apenas para diabéticos. Os amantes de chocolate com intolerância a lactose ou alergia a leite podem se deliciar com os ovos à base de soja. Na mistura com o cacau, o leite em pó é substituído por extrato de soja. Bruna informa que o teor de colesterol é menor, mas a quantidade de calorias não necessariamente vai ser diminuída.

Menos conhecidos, os ovos de Páscoa orgânicos ganham adeptos no Brasil. A vantagem é que a maior parte dos ingredientes de sua composição, incluindo o cacau, são livres de agrotóxicos e fertilizantes. “Se você escolhe um chocolate, principalmente se for com 70% de cacau, totalmente isento de contaminação química, vai ingerir um alimento com mais propriedades nutricionais, pois os antioxidantes do cacau ficam concentrados”, destaca a nutricionista da Mundo Verde.

AMINOÁCIDO
Não é surpresa saber que chocolate engorda. O que poucos imaginam é que, se ele for incluído em uma dieta balanceada, pode proporcionar um efeito "emagrecedor". Isso porque o cacau contém um aminoácido chamado triptofano, que é precursor de serotonina, neurotransmissor que proporciona sensação de bem-estar e relaxamento. “O chocolate controla mais a ansiedade, evitando que a pessoa tenha compulsão por comida. Além disso, o cacau tem fenilalanina, que pode auxiliar no controle do apetite e do peso. Mas, claro, isso deve ocorrer dentro de uma alimentação equilibrada”, esclarece a nutricionista funcional do Instituto Mineiro de Endocrinologia, Hanna Vita.

Os chocólatras que estão de dieta devem observar o tamanho do ovo de Páscoa para não prolongar por muito tempo o consumo. “Se o produto for maior, que seja para dividir entre a família. Mas o ideal é não consumir tudo de uma vez. Parta em pedaços para comer um pouco a cada dia, de preferência como sobremesa ou em substituição ao lanche entre refeições”, orienta Hanna. A recomendação é consumir, no máximo, entre 25 e 30 gramas de chocolate por dia, o que representa uma barra pequena ou de dois a três quadrados de uma barra grande. Como sabe da importância dos antioxidantes para ajudar o organismo a funcionar melhor, a nutricionista funcional do Instituto Mineiro de Endocrinologia costuma incluir no cardápio dos pacientes uma porção diária de chocolate amargo.

Hanna Vita, nutricionista funcional, fala sobre os benefícios do cacau para a saúde

COMPARE E FAÇA UMA OPÇÃO CONSCIENTE

Veja qual é a composição dos três principais tipos de chocolate

Amargo: sementes de cacau, um mínimo de manteiga de cacau, pouco açúcar e sem adição de leite. O sabor amargo se deve à maior quantidade de massa de cacau, que compõe no mínimo 70% do produto.

Ao leite: contém licor e manteiga de cacau, açúcar, leite, leite em pó ou leite condensado. Tem menor teor
de cacau (entre 36% e 46%), grande quantidade de açúcar e maior
valor calórico.

Branco: as sementes de cacau não fazem parte da receita, logo não é rico em antioxidantes. Contém leite, açúcar, manteiga de cacau e lecitina. É mais calórico e mais gorduroso.

Fonte: Mundo Verde

O SUBSTITUTO DO CACAU
A cor é idêntica, o sabor é bem parecido ao chocolate amargo. Fruto da alfarrobeira, árvore nativa da Costa do Mediterrâneo, a alfarroba é uma vagem de cor marrom-escuro que, quando é torrada e moída, dá origem a uma farinha que substitui o cacau. Por ser naturalmente adocicada (com glucose, sucrose e frutose), dispensa o uso de açúcar industrializado na fabricação de seu ovo de Páscoa e não contém glúten, lactose ou cafeína. É rica em fibras, vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes, além de ter baixo teor de gordura e calorias. Enquanto 100 gramas de farinha de alfarroba contêm em média 0,7% de gordura e 220 calorias, a mesma quantidade de cacau em pó oferece 23% de gordura e 400 calorias.

A melhor escolha
Chocólatra assumida, a turismóloga Natália de Moura Leite Caldeira, de 29 anos, perdia a linha na época da Páscoa. “Comprava ovos um mês antes, ganhava muitos de presente e comprava depois na promoção. O incentivo era em função das novidades”, lembra. Depois de passar por uma reeducação alimentar, ela aprendeu a controlar o apetite por chocolate. Diz que já viu vários ovos no supermercado, mas sabe que ainda não está na hora. Para este ano, ela planeja comprar um ovo de Páscoa com percentual mais alto de cacau, pois sempre gostou de chocolate mais amargo. “Tudo na vida é equilíbrio. Não vou me privar de um alimento que gosto, mas vou comer menos e fazer a melhor escolha.”

O que mais chama a atenção no rótulo dos ovos de Páscoa é a quantidade de calorias. A nutricionista estética Fernanda Molina alerta, no entanto, que nem sempre o valor calórico deve definir a compra. Na visão da especialista, os consumidores precisam considerar em primeiro lugar o número referente à gordura saturada. “É uma gordura de origem animal que está envolvida na maior parte dos problemas cardíacos. Ela pode estar presente em creme de leite, leite ou outro tipo de ingrediente”, ressalta. Fernanda também sugere observar a lista de ingredientes, que estão sempre em ordem decrescente. Ou seja, fuja dos ovos em que o primeiro colocado é o açúcar e prefira consumir quando o número um for o cacau.

O chocolate não deve ser saboreado em qualquer horário. Segundo Fernanda, a dica para não ganhar peso é comer o doce depois do almoço ou do horário de atividade física, momentos do dia em que o gasto calórico é maior. “Consumindo chocolate à noite, quando o metabolismo está mais lento, a tendência é absorver mais a gordura do alimento”, esclarece a nutricionista estética.