Cirurgia de pálpebra retira acúmulo de gordura e deixa o semblante mais leve

Mais comum entre 45 e 55 anos, problema é associado ao avanço da idade, mas tem forte peso genético e pode se manifestar mais cedo que o esperado

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Paula Takahashi Publicação:30/06/2014 14:30Atualização:26/06/2014 09:49
A artesã Maria Meire de Souza Ribeiro diz que o problema nas pálpebras já estava prejudicando seu trabalho  (Jair Amaral/EM/D.A Press)
A artesã Maria Meire de Souza Ribeiro diz que o problema nas pálpebras já estava prejudicando seu trabalho
Vista cansada, redução do campo de visão e peso nos olhos são sinais claros de que aquele excesso de pele depositado nas pálpebras deixou de ser apenas um incômodo estético para se tornar um caso de saúde. Apesar de rapidamente associado ao avanço da idade, o problema provocado pela flacidez e o acúmulo de gordura na região também tem um forte peso genético e pode se manifestar mais cedo que o esperado. “Os casos mais frequentes, entre 80% e 90%, ocorrem entre 45 e 55 anos, quando o fator idade influencia mais, mas há quem precise tomar providências com 30 a 35 anos. Em situações como essas, a genética fala mais alto”, explica Antônio Carlos Vieira, cirurgião plástico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), regional Minas Gerais.

Qualquer que seja a situação, a cirurgia reparadora tem se revelado a alternativa mais eficiente para conter o avanço dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Entre as mulheres, o simples ato de maquiar pode se transformar em martírio quando o quadro está em fase avançada. Conhecido no jargão médico como blefaroplastia, o procedimento pode ser protelado, mas dificilmente evitado.

Entre as medidas que ajudam a adiar a intervenção, está o uso frequente de cremes rejuvenescedores. “Pode postergar por dar uma tonicidade maior para a pele, mas mais cedo ou mais tarde será preciso recorrer à cirurgia”, alerta Antônio Carlos. Evitar fatores de envelhecimento precoce, como sol em excesso e cigarro, também pode ajudar. Mas a verdade é que, quando chega o momento em que a visão fica comprometida, não há escapatória. A artesã Maria Meire de Souza Ribeiro, de 71 anos, sabe bem disso. “Tinha orientação da oftamologista para fazer a cirurgia há cerca de três anos. Fui deixando e só fiz agora, há pouco mais de um mês”, conta.

Especializada em personalizar vidros e porcelanas, Meire já estava sentindo os efeitos da pálpebra caída no próprio trabalho. “De manhã, quando acordava com o olho mais inchado, não conseguia fazer nada. Já estava me prejudicando”, conta. Depois que fez o procedimento, comemorou o resultado. “Vi a diferença imediatamente. Meu campo de visão aumentou demais. E ainda nem é definitivo. Só depois de três meses”, comemora.

SEM MEDO
Apesar de ainda estar rodeada de receios e até mitos – muito acham que vai eliminar os pés de galinha, o que não acontece –, a cirurgia é simples, rápida e não exige internação. “A sedação é anestésica e a intervenção dura cerca de 1h30, no caso de ser apenas a pálpebra superior, e duas horas, no total, se também incluir a inferior. A pessoa ainda fica em observação por mais uma ou duas horas e é liberada”, detalha o cirurgião plástico Cláudio Salum, diretor do Departamento de Ação Social (DAS) da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Durante o procedimento, além do excesso de pele, também são retiradas duas bolsas de gordura na parte superior e, se necessário, outras três na inferior. Para reduzir os riscos de cicatriz aparente, a incisão é realizada rente às dobras das pálpebras e o ponto é contínuo. “Existe a possibilidade de uso de uma cola, mas os pontos costumam ter uma qualidade de cicatriz melhor e podem ser retirados de cinco a sete dias depois”, afirma Antônio Carlos. Portanto, os receios quanto à aparência da cicatriz e até a possibilidade de alterar a expressão facial, como algumas pessoas questionam, são descartados pelos especialistas.

Rápida recuperação
Em casa, o paciente deve aplicar compressas frias e úmidas na região quatro vezes ao dia por cerca de 20 minutos. “Pode ser utilizada uma gaze. Vale lembrar que fria e úmida é diferente de gelada e molhada. O gelo pode até queimar a área já que a pele é muito fina”, alerta Cláudio. Com a vasoconstrição provocada pela temperatura baixa, a roxidão é reduzida gradualmente. A expectativa é de que em três dias a mancha ganhe aspecto mais amarelado. Drenagem linfática e massagem pós-operatória podem funcionar como importantes aliadas na redução do edema provocado pelo trauma cirúrgico, porém, só depois de retirados os pontos.

Antônio Carlos Vieira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que o efeito do procedimento é percebido três meses depois (Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
Antônio Carlos Vieira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que o efeito do procedimento é percebido três meses depois
No pós-operatório, é indicado dormir com a cabeça mais elevada e tomar analgésicos indicados pelo profissional responsável para aliviar a dor. “Em alguns casos, ainda prescrevemos colírio, já que a pessoa fica com o olho mais aberto, o que acaba provocando um ressecamento da lágrima”, diz. Sem contar que, diante da dor, o ato de piscar pode ficar mais difícil e muitos chegam a evitá-lo, o que pode agravar o quadro de ressecamento.

Quem pensa que, com a eliminação dos sinais da cirurgia, os resultados definitivos aparecerão, se engana. “O efeito só será visto por completo depois de três meses”, afirma Antônio Carlos. Não se trata de uma cirurgia definitiva, já que a pele da pálpebra vai continuar seu curso de envelhecimento. “Pode durar de 10 a 15 anos.”

QUANDO É RECOMENDADA
» Para remoção do excesso de depósito de gordura que aparece como inchaço nas pálpebras superiores
» Eliminação de frouxa ou flacidez que cria dobras ou incomoda o contorno natural da pálpebra superior, podendo comprometer a visão
» Quando há bolsas sob os olhos e excesso de pele na pálpebra inferior

SIMPLES
» O procedimento dura cerca de uma hora e meia se realizado apenas nas pálpebras superiores e até duas horas no caso de também ser feita intervenção nas pálpebras inferiores
» A anestesia é local e a cirurgia é ambulatorial

RECUPERAÇÃO
» Compressas frias de 20 minutos a cada quatro horas até que os pontos sejam retirados, o que deve ocorrer a partir do quinto dia
» São receitados analgésicos e colírio, que deve ser aplicado no caso de ressecamento dos olhos

IMPERCEPTÍVEL
» As linhas de incisão da cirurgia são planejadas para deixar as cicatrizes bem escondidas dentro das estruturas e dobras naturais da região das pálpebras

RESULTADOS
» Surgem à medida que o inchaço e o edema desaparecem. O resultado final deve ser percebido em cerca de três meses

CUSTOS
» O procedimento nas pálpebras superiores pode ser coberto pelo plano de saúde, uma vez que o problema pode comprometer a visão e a cirurgia é considerada reparadora. Já no caso das inferiores, enquadra-se como cirurgia estética e por isso não é coberta pelo convênio

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e cirurgiões

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