Cardápio muito restrito é grande erro, dizem especialistas
Não tem segredo nem fórmula mágica. Veja o que médicos, psicólogos, nutricionistas e profissionais de educação física dizem sobre cardápios muito restritivos
Revista do CB - Correio Braziliense
Publicação:04/08/2014 15:00Atualização: 04/08/2014 15:27
Se todo mundo já sabe que a fórmula para emagrecer é algo que combine alimentação saudável e prática de exercícios físicos, por que ainda há tanta gente lutando contra a balança? Como escolher a melhor dieta para se fazer se elas entram e saem de moda? A confusão não para por aí, já que alimentos com supostas propriedades milagrosas no favorecimento da perda de peso surgem como novidade quase que periodicamente. Nos últimos tempos, o desafio tem sido encontrar quem não tenha ouvido falar maravilhas da fruta goji berry, originária do sul da Ásia. Por outro lado, nutrientes ganham má fama e muita gente decide retirá-los da alimentação com apoio de um mercado em que proliferam opções de artigos sem glúten e sem lactose, os vilões da vez.
Para entender melhor tudo isso e descobrir o que está por trás de um processo saudável de perda duradoura de peso, a Revista conversou com nutricionistas, nutrólogos, endocrinologistas, médicos especializados em emagrecimento e com uma psicóloga. Os profissionais foram unânimes ao falar da importância de uma reeducação alimentar benfeita. Também é consenso que essa mudança de hábitos pesa tanto na balança quanto o controle de problemas emocionais relacionados à alimentação. É o caso da depressão, do estresse e da ansiedade, que podem levar as pessoas a excessos e a escolhas erradas na hora de comer.
É preciso saciar a mente
A ideia de que se deve analisar o papel da comida na vida quando se quer perder peso tem um defensor célebre. Autor do livro Você tem fome de quê?, lançado neste ano no Brasil pela Editora Alaúde, o médico endocrinologista indiano Deepak Chopra assina outros best-sellers, como Supercérebro e As sete leis espirituais do sucesso. Nas páginas da obra, que promete na capa ser a “solução definitiva para perder peso, ganhar confiança e viver com leveza”, antes de propor uma contagem de calorias ou a retirada de alimentos prejudiciais à saúde e ao emagrecimento, Chopra convida o leitor a refletir a respeito da felicidade e a buscar satisfação a partir de uma abordagem holística.
Ele alerta logo que o “importante é não fazer regime, porque eles não funcionam”. Nas palavras do médico, “o ato de comer envolve a imagem que temos de nós mesmos, os nossos hábitos, condicionamentos e memória. A mente é a chave para a perda de peso, e, quando ela está satisfeita, o corpo para de ansiar por mais comida”. Dessa forma, antes de apresentar receitas, também inclusas no livro, Chopra ensina o leitor a meditar profundamente sobre os motivos que o fazem comer com o objetivo de ensiná-lo a fazer escolhas acertadas ao se alimentar, sem cair em excessos ou usar a comida como solução quando um problema surge.
O médico e psicanalista argentino Maximo Ravenna, criador do famoso método de emagrecimento que leva seu sobrenome, também dá grande importância para a mente ao propor o conjunto de mudança de hábitos que leva os pacientes a perderem peso. “Quando nós comemos, o cérebro ativa mecanismos de prazer e recompensa. A ingestão de um hambúrguer causa a liberação de dopamina, que atua como droga estimulante no cérebro. É um hedonismo e um circuito muito difícil de cortar”, explica.
Por isso, o tratamento nas clínicas espalhadas pelo mundo que aplicam o método Ravenna conta com grupos de terapia acompanhados por psicólogos, além da orientação de nutricionista, médicos e um profissional de educação física. “É preciso construir uma atitude diferente em relação à maneira que se come. A comida deve estar no centro do prato, não no centro da vida”, afirma. Depois de uma avaliação física completa baseada em exames médicos do paciente, é traçada uma meta de perda de peso e é hora de cortar alimentos com efeito de repetição compulsiva, entre eles, pães, farinha, batata e arroz. O sal e o açúcar, da maneira que são usados pela indústria alimentícia, também representam um perigo, de acordo com Ravenna. “É tudo muito forte, a pessoa ingere muita insulina e tem cada vez mais fome.”
A percepção de Chopra e Ravenna de que as pessoas têm se alimentado de maneira errada com a crescente oferta de alimentos cada vez mais processados e de baixo valor nutricional se sustenta em dados. Apesar de uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde no fim de abril deste ano ter apontado pela primeira vez em oito anos que a obesidade no Brasil parou de crescer, o estudo mostrou também que o número de brasileiros acima do peso ainda é maior que a metade (50,8%) do total e que muitos têm hábitos alimentares considerados inapropriados.
Foi registrado um índice de 16,5% de brasileiros que substituem o almoço ou o jantar por um lanche de baixo valor nutritivo, como uma pizza ou um sanduíche. O órgão também viu com preocupação o consumo excessivo de gordura saturada: 31% dos entrevistados não dispensam a carne gordurosa. Já a população que consome refrigerante pelo menos cinco dias por semana alcançou o alto índice de 23,3%.
“As facilidades calóricas e a falta de movimento contribuem com o aumento de peso. Andamos pouco, comemos muito, trabalhamos muito e a vida em grandes cidades geralmente é mais estressante, uma tríade mortal”, explica Giulliano Esperança, formado em educação física, sobre o quadro atual de obesidade. “O estresse, as poucas horas de sono, a indústria alimentícia e a falta de conexão afetiva” também estão na lista dos maus hábitos enraizados hoje, segundo Ravenna. O médico Fábio Cardoso, especialista em longevidade e emagrecimento, aponta quatro fatores determinantes para a redução de peso de maneira saudável. “Reeducação alimentar, hidratação correta, sono reparador e exercício físico regular e adequado. Esse é o conjunto de fatores mais importantes não só para emagrecer, mas para preservar o corpo de forma saudável.”
Esta matéria está dividida em três partes; leia abaixo:
Controlar as emoções é o primeiro passo para perder peso
Veja a análise de algumas das principais dietas testadas por aí
Controlar as emoções é o primeiro passo para perder peso
Veja a análise de algumas das principais dietas testadas por aí
Para entender melhor tudo isso e descobrir o que está por trás de um processo saudável de perda duradoura de peso, a Revista conversou com nutricionistas, nutrólogos, endocrinologistas, médicos especializados em emagrecimento e com uma psicóloga. Os profissionais foram unânimes ao falar da importância de uma reeducação alimentar benfeita. Também é consenso que essa mudança de hábitos pesa tanto na balança quanto o controle de problemas emocionais relacionados à alimentação. É o caso da depressão, do estresse e da ansiedade, que podem levar as pessoas a excessos e a escolhas erradas na hora de comer.
"Reeducação alimentar, hidratação correta, sono reparador e exercício físico regular e adequado. Esse é o conjunto de fatores mais importantes não só para emagrecer, mas para preservar o corpo de forma saudável.” - Fábio Cardoso, médico especialista em longevidade e emagrecimento
A ideia de que se deve analisar o papel da comida na vida quando se quer perder peso tem um defensor célebre. Autor do livro Você tem fome de quê?, lançado neste ano no Brasil pela Editora Alaúde, o médico endocrinologista indiano Deepak Chopra assina outros best-sellers, como Supercérebro e As sete leis espirituais do sucesso. Nas páginas da obra, que promete na capa ser a “solução definitiva para perder peso, ganhar confiança e viver com leveza”, antes de propor uma contagem de calorias ou a retirada de alimentos prejudiciais à saúde e ao emagrecimento, Chopra convida o leitor a refletir a respeito da felicidade e a buscar satisfação a partir de uma abordagem holística.
Ele alerta logo que o “importante é não fazer regime, porque eles não funcionam”. Nas palavras do médico, “o ato de comer envolve a imagem que temos de nós mesmos, os nossos hábitos, condicionamentos e memória. A mente é a chave para a perda de peso, e, quando ela está satisfeita, o corpo para de ansiar por mais comida”. Dessa forma, antes de apresentar receitas, também inclusas no livro, Chopra ensina o leitor a meditar profundamente sobre os motivos que o fazem comer com o objetivo de ensiná-lo a fazer escolhas acertadas ao se alimentar, sem cair em excessos ou usar a comida como solução quando um problema surge.
O médico e psicanalista argentino Maximo Ravenna, criador do famoso método de emagrecimento que leva seu sobrenome, também dá grande importância para a mente ao propor o conjunto de mudança de hábitos que leva os pacientes a perderem peso. “Quando nós comemos, o cérebro ativa mecanismos de prazer e recompensa. A ingestão de um hambúrguer causa a liberação de dopamina, que atua como droga estimulante no cérebro. É um hedonismo e um circuito muito difícil de cortar”, explica.
Por isso, o tratamento nas clínicas espalhadas pelo mundo que aplicam o método Ravenna conta com grupos de terapia acompanhados por psicólogos, além da orientação de nutricionista, médicos e um profissional de educação física. “É preciso construir uma atitude diferente em relação à maneira que se come. A comida deve estar no centro do prato, não no centro da vida”, afirma. Depois de uma avaliação física completa baseada em exames médicos do paciente, é traçada uma meta de perda de peso e é hora de cortar alimentos com efeito de repetição compulsiva, entre eles, pães, farinha, batata e arroz. O sal e o açúcar, da maneira que são usados pela indústria alimentícia, também representam um perigo, de acordo com Ravenna. “É tudo muito forte, a pessoa ingere muita insulina e tem cada vez mais fome.”
A percepção de Chopra e Ravenna de que as pessoas têm se alimentado de maneira errada com a crescente oferta de alimentos cada vez mais processados e de baixo valor nutricional se sustenta em dados. Apesar de uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde no fim de abril deste ano ter apontado pela primeira vez em oito anos que a obesidade no Brasil parou de crescer, o estudo mostrou também que o número de brasileiros acima do peso ainda é maior que a metade (50,8%) do total e que muitos têm hábitos alimentares considerados inapropriados.
Foi registrado um índice de 16,5% de brasileiros que substituem o almoço ou o jantar por um lanche de baixo valor nutritivo, como uma pizza ou um sanduíche. O órgão também viu com preocupação o consumo excessivo de gordura saturada: 31% dos entrevistados não dispensam a carne gordurosa. Já a população que consome refrigerante pelo menos cinco dias por semana alcançou o alto índice de 23,3%.
“As facilidades calóricas e a falta de movimento contribuem com o aumento de peso. Andamos pouco, comemos muito, trabalhamos muito e a vida em grandes cidades geralmente é mais estressante, uma tríade mortal”, explica Giulliano Esperança, formado em educação física, sobre o quadro atual de obesidade. “O estresse, as poucas horas de sono, a indústria alimentícia e a falta de conexão afetiva” também estão na lista dos maus hábitos enraizados hoje, segundo Ravenna. O médico Fábio Cardoso, especialista em longevidade e emagrecimento, aponta quatro fatores determinantes para a redução de peso de maneira saudável. “Reeducação alimentar, hidratação correta, sono reparador e exercício físico regular e adequado. Esse é o conjunto de fatores mais importantes não só para emagrecer, mas para preservar o corpo de forma saudável.”