Veja análise de algumas das principais dietas testadas por aí

Todos os entrevistados que relataram ter emagrecido e mantido o novo peso procuraram orientação de profissionais e contaram ter feito uma verdadeira reeducação alimentar, além de terem passado a fazer exercícios físicos de maneira regular

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Revista do CB - Correio Braziliense Publicação:04/08/2014 15:02Atualização:01/08/2014 09:38
Com histórico de obesidade na família, a advogada Marcela Carvalho, de 29 anos, chegou a pesar 145kg quando tinha 23 anos e hoje tem 65kg. Ela conta que naquela época sofria com problemas de saúde, como a pré-diabetes, problemas no fígado e no pâncreas, colesterol alto, resistência à insulina e pressão alta. Um alerta do médico, dizendo que ela não passaria dos 30 anos naquele ritmo, a fez procurar uma nutricionista para perder peso e conseguir fazer uma cirurgia de redução de estômago. Antes disso, ela já havia tentado diversas dietas para emagrecer, mas sem sucesso. Sob orientação da profissional, ela cortou da dieta o glúten, a lactose, frituras, alimentos processados, enlatados e com corantes, além do álcool e da carne vermelha. Com 20kg a menos, fez a cirurgia, mas voltou a ganhar peso. Procurou novamente a nutricionista.

Marcela Carvalho, 29 anos Chegou a pesar 145kg quando tinha 23 anos; hoje, tem 65kg 'Durante um ano, fui para a academia emburrada, com raiva, mas fui!' (Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Marcela Carvalho, 29 anos Chegou a pesar 145kg quando tinha 23 anos; hoje, tem 65kg "Durante um ano, fui para a academia emburrada, com raiva, mas fui!"
“Tomei a atitude de seguir a dieta que ela me passou antes e também resolvi entrar na academia e me forçar a ir todos os dias. Tive a sorte de conseguir um personal trainer que me motivou bastante e não me deixou faltar aos treinos. Ai, como eu odiava exercícios físicos! Durante um ano, fui para a academia emburrada, com raiva, mas fui! Depois, peguei amor pelos esportes, como a corrida de rua e a musculação.”

Antes da mudança, a alimentação era baseada em fast-food. Marcela comia pizza quase todos os dias, bebia dois litros de refrigerante diariamente. Nos fins de semana, a bebida era caipirosca com energético açucarado. Massas e leite condensado completavam o cardápio. Era tão viciada em açúcar que costumava ir a uma distribuidora de doces para comprar barras de chocolate de 1kg para comer.

“Hoje, minha alimentação é totalmente natural, eu cozinho tudo o que como, levo marmita para todos os lugares e não me permito sair do meu esquema de alimentação. Não como industrializados, lactose, processados, corantes, açúcar, glúten, nem frituras. Só consumo alimentos que têm alguma função no meu organismo, não como mais calorias vazias e sem utilidade. Controlo a quantidade de carboidratos ingeridas também, pois o excesso no consumo de carboidratos eleva o peso”, relata.

Depois dessa mudança, a pele de Marcela melhorou, assim como o ânimo. Com mais energia e o controle do peso, a depressão acabou. “Não acredito em dietas que fazem as pessoas passar fome. Essas dietas não funcionam e detonam com o organismo. Não existe milagre, não existe caminho fácil e nem atalho. O segredo é reeducação alimentar e atividade física”, conta Marcela.

Restrições só para os intolerantes
O glúten e a lactose são dois nutrientes que têm sido evitados por muita gente, mas ainda não há consenso em relação às vantagens dessa exclusão. O médico especializado em emagrecimento Sérgio Barrichello acredita que a retirada desses alimentos pode ser benéfica para alguns pacientes, porém as vantagens não são proeminentes em todo mundo. “Costumo tirar o glúten e a lactose da dieta de um paciente somente em casos de intolerância.” A endocrinologista Flaviene Prado avalia que não há base para a exclusão. “Para que ocorra a perda de peso saudável e posterior manutenção, a indicação é de uma alimentação balanceada, com controle de calorias, que garanta a ingestão dos diversos grupos alimentares”, explica. Para ela, nenhum alimento pode ser considerado vilão para o emagrecimento, para uma dieta ou para a própria saúde se estiver presente na quantidade e na proporção adequada. “É importante salientar as individualidades de cada paciente, se existem intolerâncias, alergias ou outros problemas relacionados.” Os profissionais também dizem que é preciso prestar atenção nos alimentos que entram na moda, como é o caso da goji berry. “São alimentos que não deveriam estar em tanta evidência porque, apesar de terem ótimas qualidades, não são milagrosos e devem entrar numa dieta balanceada para que sejam aproveitados”, afirma o médico nutrólogo Marcos Sandoval. “O consumo de frutas, verduras e legumes deve ser feito com regularidade, duas ou três vezes por dia”, ensina Marcos.

Jéssica Nunes da Silva  passou dos 113kg para 90kg (Arquivo Pessoal)
Jéssica Nunes da Silva passou dos 113kg para 90kg
Simples, mas não fácil
Depois de tentar emagrecer tomando remédios e experimentar diversas dietas restritivas, a estudante Jéssica Nunes da Silva, de 22 anos, passou dos 113kg para 90kg, mas apenas quando procurou uma nutricionista e passou por uma reeducação alimentar. “As dietas exigiam sacrifício demais, não conseguia manter. Ela garante que não precisou fazer nada de extraordinário para deixar os quilos para trás. “Passei a comer de três em três horas, comer mais frutas e salada e tomar mais sucos naturais, além de controlar melhor a quantidade dos alimentos.”

Entenda melhor
Algumas dietas ganharam notoriedade por serem populares e outras até foram parar em laboratórios de pesquisadores interessados em atestar a eficácia delas. Confira abaixo uma análise de algumas das principais dietas testadas por aí.

1. Dieta Dukan

    Criada pelo nutrólogo francês Pierre Dukan, autor do livro Eu não consigo emagrecer, a dieta é rica em proteínas e legumes, e é alvo de muita polêmica. Em 2011, o método foi apontado como uma das 15 dietas mais desequilibradas pela agência nacional de alimentos francesa. A Associação Dietética Britânica a classificou como uma das cinco piores de 2011. Em sua defesa, Dukan afirma que suas concepções foram distorcidas pela mídia — e que o mais importante é comer legumes. O especialista diz ainda que o açúcar é o principal vilão dos rins e acusa a indústria açucareira de fazer lobby para esconder isso. O médico Sérgio Barrichello alerta que o excesso de proteínas pode, sim, ocasionar problemas renais.

2. Dieta Atkins

    O método surgiu na década de 1960 e leva o nome do cardiologista americano Robert Atkins. Ele defende a restrição do consumo de carboidratos, o que levaria o corpo a um processo que tira a fome do paciente e favorece o emagrecimento. Sem limites para o consumo de proteínas, é apontada a mesma preocupação com possíveis problemas renais. Alimentos como arroz, massas e leguminosas saem do prato. Em seu lugar, entram carnes, ovos, embutidos e verduras à vontade. Os nutricionistas obervam que a retirada de carboidratos pode causar tontura e desmaios.

3. Dieta Ortomolecular

    Atribuída ao emagrecimento de algumas celebridades, a medicina ortomolecular é uma visão de tratamento que tem como princípio a manutenção de equilíbrio das células. São necessários vários exames para atestar as necessidades individuais e, a partir daí, receitar suplementos. O custo alto e a falta de estudos que comprovem a eficácia dessa abordagem são as principais críticas feitas à medicina ortomolecular.

4. Homem das cavernas

    Recebe esse nome por ser baseada nos hábitos alimentares do homem pré-histórico, que viveu quando ainda não havia agricultura. Nesse método, o consumo de frutas, verduras e carnes magras é alto, em detrimento de pães, massas e derivados do leite. Um estudo de pesquisadores da Suécia, publicado no European Journal of Clinical Nutrition, mostrou que a dieta é duas vezes mais eficiente na redução do peso corporal que as dietas convencionais. O método guarda semelhanças com a orientação do governo australiano para que as pessoas comam todos os dias duas porções de fruta e cinco legumes, o chamado 2 + 5.

5. Dieta do Mediterrâneo

    Uma pesquisa publicada no periódico The New England Journal of Medicine em 2012 atestou que a dieta baseada na alimentação dos países mediterrâneos, como a Itália e a Grécia, foi a melhor opção para a perda e manutenção de peso num grupo acompanhado durante 6 anos. As outras duas dietas testadas faziam restrição de carboidratos e gorduras, enquanto a Dieta do Mediterrâneo é caracterizada pela riqueza do consumo de frutas, hortaliças, cereais, leguminosas, oleaginosas (amêndoas e azeitonas), além de peixes, leite e derivados, vinho, azeite de oliva e uma variedade de ervas. Nessa dieta, é baixo o consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, produtos industrializados e doces.

6. Dieta Ravenna

    O método tem num caráter multidisciplinar, em que as áreas médica, psicológica, nutricional e de educação física são integradas. Tem como característica a elaboração de planos específicos de dietas hipocalóricas e a ingestão de quatro refeições por dia. Três conceitos norteiam a dieta. O Corte se refere ao excesso alimentar, levando em conta as porções e a frequência da alimentação. A Medida é a ideal para o corpo e para o prato. A Distância é o período entre as refeições e de alimentos que causam compulsão.

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