Ebola: exército de Serra Leoa cerca os hospitais

Medida drástica do presidente Ernest Bai Koroma determinou patrulhamento dos hospitais e clínicas onde estão internados doentes e suspeitos de terem sido infectados pelo vírus, sobretudo no leste do país

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Correio Braziliense Publicação:06/08/2014 08:51Atualização:06/08/2014 08:58
Voluntários carregam corpos de vítimas do vírus: epidemia avança (Tarik Jasarevic/Reuters)
Voluntários carregam corpos de vítimas do vírus: epidemia avança
Em uma medida drástica para conter o avanço da epidemia de ebola, o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, determinou ontem que o Exército faça o patrulhamento dos hospitais e clínicas onde estão internados doentes e suspeitos de terem sido infectados pelo vírus, sobretudo no leste do país. Com a ação, que mobilizou centenas de militares, Koroma tenta garantir que as medidas de quarentena sejam respeitadas, impedindo familiares e amigos de retirar os pacientes sem autorização médica.

Ontem, depois da segunda confirmação de infecção por ebola, a Nigéria registrou mais seis casos suspeitos. Todos tiveram contato com a primeira vítima da doença no país, o cidadão liberiano-americano Patrick Sawyer, que morreu mês passado pouco depois de chegar ao aeroporto de Lagos. O outro doente confirmado foi o médico que tratou de Sawyer. Diante disso, as autoridades de saúde nigerianas estão monitorando todos os que tiveram alguma aproximação com ele. Mesmo os que não apresentaram os sintomas foram colocados em quarentena.

Também ontem, a Arábia Saudita registrou um caso suspeito: um homem que voltou de Serra Leoa foi internado em Jidá e colocado em quarentena com sintomas idênticos de contaminação. Por medida de precaução, a companhia aérea britânica British Airways anunciou a suspensão até pelo menos 31 de agosto de seus voos com destino à Libéria e a Serra Leoa, após uma decisão parecida da Emirates, em vigor desde sábado.

“Milagre”
Em Atlanta, nos Estados Unidos, o médico Kent Brantly e a missionária Nancy Writebol, que desembarcou ontem no país, estão sendo tratados com anticorpos experimentais nunca testados antes em seres humanos. Aparentemente, segundo médicos citados pela emissora americana CNN, o medicamento teve um efeito “milagroso” ao atenuar rapidamente os sintomas. Ambos contraíram o vírus na Libéria. Em Nova York, a direção do Hospital Monte Sinai considerou pequeno o risco de que um homem, internado desde o domingo na área de isolamento, esteja com o vírus.

Segundo o balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), desde março 887 mortes foram registradas entre 1.603 casos de ebola (confirmados, suspeitos e prováveis): 358 pessoas morreram na Guiné; 255, na Libéria; 273, em Serra Leoa e uma na Nigéria. Em alguns lugares, a febre hemorrágica levou famílias inteiras. Foi o que aconteceu com o ex-ministro serra-leonês Lansana Nyallah, que perdeu nove familiares. “Nossa casa está vazia, ninguém mais vive lá”, disse, apresentando-se como a “prova viva” da realidade avassaladora da epidemia.

887
Total de mortes registradas na África Ocidental desde março

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