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Carência de vitaminas pode influenciar a fertilidade masculina

Conheça alguns micronutrientes e sua importância para a saúde do homem

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Carolina Samorano - Revista do CB Publicação:08/08/2014 08:32Atualização:06/08/2014 14:15
Geralmente, são elas que procuram os médicos preocupadas com os níveis de ferro, angustiam-se em repor as vitaminas essenciais e observam as prateleiras de suplementos vitamínicos das farmácias. Eles, no entanto, precisam tanto das reposições quanto elas. E, porque tendem a resistir mais a visitas periódicas ao médico, é comum que os exames acusem carências nutricionais ocultas e níveis baixos de vitaminas. Tanto que já há no mercado polivitamínicos específicos para eles e para elas. Alguns especialistas afirmam que não existe tanta diferença assim entre as vitaminas essenciais para homens e mulheres — o que manda não é o sexo, mas sim o organismo, o estilo de vida e a alimentação de cada um. Outros vão mais longe: a carência de alguns micronutrientes poderia até influenciar na fertilidade dos homens.

“Essa coisa de vitaminas e outros micronutrientes está super na moda agora na medicina, especialmente na área da fertilidade”, confirma Conrado Alvarenga, urologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, especialista em fertilidade do homem. Segundo o médico, os estudos das últimas três décadas vêm mostrando que a fertilidade masculina tem caído no mundo inteiro. A culpa é de uma série de fatores, como o consumo de tabaco e outras drogas recreativas, o sedentarismo, a obesidade e até a baixa exposição ao sol, que compromete a ativação da vitamina D. O último aspecto preocupa porque, segundo o médico, a hipovitaminose D — nome que se dá à baixa concentração do nutriente no sangue — poderia estar relacionada a problemas tanto na produção de espermatozoides quanto de testosterona. Por isso, hoje, a dosagem da vitamina D é quase obrigatória quando um paciente chega ao consultório com problemas para engravidar a companheira.

Em segundo plano ficam as vitaminas que agem como antioxidantes, como a C e a E. “A vitamina C é um potente agente na melhora da qualidade da produção dos espermatozoides. Já a E, presente em alguns óleos e castanhas, como nozes e amendoins, está associada ao reparo nas mutações durante a síntese de espermatozoides. Ela age como uma reparadora de danos, ou seja, sua falta pode estar relacionada à produção de espermatozoides ‘com defeito’. Por isso, elas também são medidas nos pacientes”, explica. Além disso, outros micronutrientes, como zinco e ácido fólico, também entram em cena quando o casal tem dificuldade em engravidar. “O zinco está relacionado ao aumento da concentração de espermatozoides no sêmen e é perdido na ejaculação. Como quando se está tentando engravidar se ejacula mais, normalmente se faz a suplementação dele durante o processo também”, acrescenta Alvarenga.

Mas, se por um lado, a vitamina E é aliada da fertilidade, por outro pode ser inimiga da estética. De acordo com o dermatologista Gilvan Alves, o nutriente, muito receitado para as mulheres, acaba ficando de fora das fórmulas dos pacientes masculinos. “O homem tende a ter a pele naturalmente mais oleosa, e a vitamina E estimula ainda mais a oleosidade. Assim, para eles, investe-se mais naquelas que combatem a acne, como o retinol, que é a vitamina A, e a vitamina C”, esclarece.

A queda de cabelos — que nas mulheres pode estar associada a fatores como estresse e falta de micronutrientes — quase nunca encontra solução na suplementação nutricional para eles. “Nos homens, a reposição de vitaminas não costuma dar resultado. O tratamento para a calvície tende a ser medicamentoso, com maior sucesso.”

 (Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Melhora na imunidade
O professor de educação física Diego Renato, de 28 anos, passou a tomar um complexo multivitamínico formulado por uma nutricionista há um ano e sete meses, depois de passar por uma série de exames. A mudança ocorreu também no cardápio: a alimentação passou a ser mais equilibrada e rica em grãos. A princípio, a ideia era acompanhar a rotina de exercícios na academia — ele treina seis vezes por semana —, mas as mudanças foram além do esperado. “O sono, a pele, o bem-estar, tudo melhorou”, enumera o personal trainer. “Mas, principalmente, senti diferença na minha imunidade. Desde que comecei a reposição, não fico doente. Sempre tive muita amigdalite e, no último ano, não tive nem coriza. A diferença é impressionante”, conclui.

Eles e as vitaminas

Alguns micronutrientes e sua importância para a saúde do homem

  • VITAMINA D
    Relacionada à produção de espermatozoides e testosterona. Produzida pelo organismo por meio da radiação solar
  • VITAMINA C
    Melhora a qualidade da produção de espermatozoides. Encontrada nos alimentos cítricos e nas frutas vermelhas.
  • VITAMINA E
    Melhora a qualidade dos espermatozoides, já que auxilia a reparar danos nas mutações na espermatogênese. Para quem não tem problemas de fertilidade, os dermatologistas alertam que ela tende a aumentar a oleosidade da pele, já naturalmente maior nos homens.
  • ZINCO
    Tem papel importante também na espermatogênese. Aumenta a concentração de espermatozoides no sêmen.
  • ÔMEGA 3
    Estudos sugerem que está relacionada à motividade dos espermatozoides, ou seja, melhoram a sua movimentação. Alguns mostraram que, usada por um longo período de tempo, a substância conseguiu reverter o quadro de infertilidade de ratos.
O que deve ser levado em conta
Ponderações e casos específicos à parte — como a dificuldade de engravidar —, é consenso entre os especialistas que não existe tanta diferença assim entre nutrientes que eles e elas precisam. Mais do que o sexo do paciente, o que manda na suplementação, segundo médicos e nutricionistas, são os exames laboratoriais e o estilo de vida de cada um.

“No caso das mulheres, elas têm um sangramento mensal, com perda maior de ferro e ácido fólico, então precisam de um aporte maior desses nutrientes. Além disso, alguns trabalhos mostram que, na TPM, os níveis de magnésio costumam estar mais baixos. No caso do homem, não há necessidade desse ferro ou do magnésio”, argumenta o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia.

A nutricionista Camila Mognatti endossa: “Não existe muita diferença, a importância dessa ou daquela vitamina para sexos diferentes. Na verdade, a falta de algumas vitaminas pode evoluir para problemas encontrados mais em homens, como a obesidade, relacionada à vitamina D. Mas dizer isso é generalizar. A diferenciação ocorre no consultório, por meio de uma análise do paciente. Um atleta, por exemplo, vai precisar de nutrientes que outras pessoas precisam menos”, explica a especialista.

O nutrólogo Ribas Filho concorda que a suplementação é um processo personalizado. “Esses multivitamínicos para homens e para mulheres são baseados em estudos que definem que mulheres precisam de um aporte maior de certas coisas e homens de outras, mas é percentual. A diferença é essa dose ajustada. São os exames que detectam a necessidade maior ou menor de um nutriente”, complementa o nutrólogo Ribas Filho.

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