Criança pode ter iniciado surto de Ebola

A criança, que morreu em 6 de dezembro, teria contaminado a mãe, a irmã de 3 anos e a avó, que também não resistiram à doença

Diminuir Fonte Aumentar Fonte Imprimir Corrigir Notícia Enviar
Correio Braziliense Publicação:12/08/2014 08:13Atualização:12/08/2014 08:20
Viajantes protegem mãos e rosto em aeroporto de Lagos, Nigéria: país confirmou ontem um novo caso de Ebola na sua capital financeira (AFP PHOTO/PIUS UTOMI EKPEI )
Viajantes protegem mãos e rosto em aeroporto de Lagos, Nigéria: país confirmou ontem um novo caso de Ebola na sua capital financeira
Cientistas franceses, alemães e africanos rastrearam a evolução da atual epidemia do vírus Ebola. De acordo com os dados levantados durante a pesquisa, o provável primeiro caso do surto foi de um menino de 2 anos em Guéckédou, na Guiné, em dezembro do ano passado. A criança, que morreu em 6 de dezembro, teria contaminado a mãe, a irmã de 3 anos e a avó, que também não resistiram à doença. Uma das suspeitas dos pesquisadores é de que o garoto teria sido infectado após comer frutas contaminadas por fezes de morcegos com a cepa do vírus.

Publicado na revista New England Journal of Medicine, o estudo começou com o intuito de diferenciar a cepa do vírus atual da de outras epidemias. Mas, ao avaliar documentações hospitalares e entrevistar famílias afetadas pela doença, pacientes possivelmente infectados e habitantes de aldeias afetadas, os pesquisadores acabaram conseguindo traçar o caminho percorrido pelo ebola, chegando ao provável primeiro caso da doença. Um agente de saúde que trabalhava em um hospital da região é considerado o responsável por levar o vírus para Macenta, Nzérékoré e Kissidougou, cidades também de Guiné, contaminado outras pessoas e disseminando a doença.

As amostras obtidas de 20 pacientes com sintomas da enfermidade (febre, diarreia, vômito e hemorragia) foram analisadas pelos cientistas, que, observando o genoma do vírus, concluíram que ele não corresponde às cepas já conhecidas da doença. A Organização Mundial da Saúde (OSM) realizou ontem um painel com especialistas em ética médica para debater o uso de medicamentos experimentais para tratar o surto de ebola no Oeste da África.

“É ético utilizar medicamentos não autorizados para tratar as pessoas? Em caso afirmativo, que critérios devem cumprir e em que condições, bem como quem deve ser tratado são as questões a serem respondidas”, disse Marie-Paule Kieny, diretora-geral-assistente da OMS.

Uma droga do tipo, a Zmapp foi ministrada em um médico e uma enfermeira dos EUA infectados pelo vírus na Libéria e apresentou resultados promissores. Até então, a substância criada pela Mapp Biopharmaceutical só havia sido testada em animais. A substância foi importada dos EUA pela Espanha para tratar um missionário que também foi contaminado na Libéria.

Quarentena
De acordo com informações do último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado na sexta-feira, mais de 900 pessoas morreram dentro dos mais de 1,7 mil casos confirmados, prováveis ou suspeitos. A Nigéria confirmou ontem um novo caso de ebola na sua capital financeira, Lagos. São 10 pessoas infectadas com o vírus no país, de acordo com o governo. O número não bate com o da OMS, que contabiliza 13 suspeitas. O Ministério da Saúde nigeriano, porém, não comentou a diferença.

O governo da Libéria colocou mais uma província em quarentena após restringir a entrada e a saída de pessoas vindas das outras províncias em estado de emergência. Apesar de ainda não ter reportados casos de infecção pelo vírus letal, a Costa do Marfim adotou, como medida preventiva, a suspensão de voos para os países vizinhos afetados, Libéria e Guiné.

Em menores proporções
Descoberto em 1976, o vírus do ebola tem diferentes estirpes e já desencadeou outros surtos. No ano em que chegou ao conhecimento da comunidade científica, foram registrados 602 casos e 431 mortes no Sudão e na República do Congo. Até então, essa era a maior epidemia provocada pelo vírus letal. Houve outros episódios em escala menor, resultando, no máximo, em 200 mortes anuais.

COMENTÁRIOS

Os comentários são de responsabilidade exclusiva dos autores.