Mineira com esclerose lateral amiotrófica (ELA) convida para #desafiodogelo no próximo sábado em BH

A Associação Pró-Cura da ELA, que iniciou a campanha no Brasil, arrecadou R$ 330 mil, valor é trinta e três vezes maior ao que foi doado no ano inteiro de 2013. Ministério da Saúde anunciou liberação de R$ 6 milhões para pesquisas clínicas em doenças neurodegenerativas

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Valéria Mendes - Saúde Plena Publicação:27/08/2014 08:30Atualização:27/08/2014 09:05

A professora Loraine Souza, 55 anos, e sua filha única Débora, 22, que está à frente da campanha em BH (Arquivo Pessoal)
A professora Loraine Souza, 55 anos, e sua filha única Débora, 22, que está à frente da campanha em BH
Autopromoção, desperdício de água. As críticas ao desafio do balde de gelo podem até ser válidas, mas para quem está à frente das campanhas, que têm o objetivo de arrecadar dinheiro para pesquisar a cura da esclerose lateral amiotrófica (ELA) ou melhorar a qualidade de vida dos pacientes que têm a doença degenerativa, a iniciativa é considerada um sucesso.

A ALS Association, nos Estados Unidos, que iniciou a ‘brincadeira’, já arrecadou quase U$ 80 milhões entre 29 de julho a 25 de agosto. No mesmo período do ano passado, foram doados à instituição U$ 2,5 milhões.

Já a Associação Pró-Cura da ELA, que trouxe o desafio para o Brasil, soma R$ 330 mil em doações, valor que é trinta e três vezes mais o que arrecadaram no ano inteiro de 2014. “Isso nunca aconteceu, estamos muito felizes, saímos do anonimato”, afirma a diretora da associação brasileira, Andreza Diaferia Kulmann.

 

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O desafio tem agora uma versão mineira protagonizada por uma família que, de nove irmãos, seis receberam o diagnóstico de ELA. A professora Loraine Souza, 55 anos, que convive há sete anos com a doença que já paralisou os movimentos de suas pernas, convida os belo-horizontinos a participarem.



A ação na capital mineira acontece no próximo sábado, 30 de agosto, às 15h, na Praça do Papa. A iniciativa é da relações públicas Débora Souza, 22 anos, filha única de Loraine. “As informações que temos sobre a doença são vagas. Não sabemos se é uma informação científica ou não, mas filho de quem tem ELA teria 80% de chance de ter a doença. Vivo em constante medo e insegurança. Na minha família, já fizemos reuniões em que decidimos (os primos por parte de mãe) não ter filhos. É uma decisão muito difícil. Porém, obviamente, estamos sempre buscando informações e meios de acelerar a busca pela cura de todos os que já têm ELA e possíveis pacientes”, diz.

A professora do ensino fundamental Loraine Souza é a caçula da família e continua exercendo a profissão ajudando estudantes com aulas particulares. “Enquanto eu tiver forças continuarei lecionando e não apenas por que me foi indicado por terapeutas, e sim por que amo, é umas das coisas que me faz sentir viva”, fala. Quando a professora começou a perder o movimento nas pernas, aos 48 anos, uma de suas irmãs já havia falecido e os outros quatro (um homem e três mulheres) já tinham o diagnóstico de ELA. “A irmã mais velha da minha mãe, que faleceu quando eu tinha 6 anos, nem chegou a ser diagnosticada, os médicos nem conheciam a doença”, relata Débora.

A mãe de Débora usa um aparelho respiratório para dormir, para descansar o pulmão. Desde que foi diagnosticada, Loraine toma um medicamento que retarda o agravamento do quadro de saúde e vive com a esperança de que a cura seja encontrada. Ela ainda mantém os movimentos da cabeça e do tronco. “Tenho duas tias que já estão com dificuldade para mexer mãos e braços e meu tio, já não mexe nem a cabeça. A evolução da ELA está levando os movimentos da minha mãe, assim como de quase todos os meus tios”, desabafa a jovem. Clique aqui e saiba mais sobre a doença.

Feliz que a doença passou a ser conhecida dos brasileiros, Débora decidiu que era hora de agir e fazer uma campanha em Belo Horizonte. O primeiro passo foi criar uma página no Facebook para divulgar o evento e depoimentos dos pacientes, além de incentivar a solidariedade com as doações. No sábado, os mineiros estão convidados a doar R$ 20, além de jogar o balde de gelo sob as cabeças para um vídeo que vai compilar todas as participações. O valor arrecado será doado para a Associação Brasileira de Esclorese Lateral Amiotrófica (ABRELA).

Quem não puder comparecer, pode ainda depositar o valor para a instituição mineira ARELA/MG.
Banco: 756
Agência: 4027
Conta Corrente: 28 859 115-1
CNPJ: 10.888.532/0001-60

Para doar para a Associação Pró-Cura da ELA:
CNPJ – 18.989.225/0001-88
Banco – Bradesco (237)
Agência – 2962-9
Conta Corrente – 2988-2

Outra boa notícia foi dada na última quinta-feira (21). Após ser desafiado pela Associação Pró-Cura da ELA, o ministro da saúde, Arthur Chioro anunciou a liberação de R$ 6 milhões para pesquisas clínicas em doenças neurodegenerativas, grupo em que a esclerose lateral amiotrófica está inserida. “Parabenizo a iniciativa que vem dando notoriedade, por meio das redes sociais, à discussão sobre a doença. Mobilizações como essa trazem mais esclarecimentos sobre o assunto e solidariza com todos os pacientes e seus familiares”, declarou em nota. Chioro chamou o desafio do balde de gelo de corrente de bem e reforçou a importância de a ciência avançar na busca de respostas sobre a enfermidade.

Ainda segundo o MS, a rede pública de saúde oferta 44 procedimentos para a doença, incluindo o diagnóstico genético, tratamentos e acompanhamento dos pacientes, inclusive acompanhamento em casa.

Atriz da série 'House' derrubou um balde de leite materno sobre si mesma  (Reprodução Youtube)
Atriz da série 'House' derrubou um balde de leite materno sobre si mesma
Desdobramentos
O impacto do desafio do balde de gelo é tão grande, que a discussão sobre outros temas “pegaram carona” na campanha como, por exemplo, a amamentação. No Brasil, a taxa de aleitamento materno exclusivo é de 54 dias enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o bebê se alimente somente do leite da mãe até os 6 meses de idade. No entanto, a iniciativa da atriz da série “House”, Olivia Wilde, que derrubou um balde de leite materno sobre si mesma, foi considerada controversa. Wilde é mãe de um bebê de 4 meses. No vídeo que ela postou no Youtube, escreveu: “Não encontrei água, por isso vou usar o leite materno. Levei a noite toda para fazer isso”. Para se ter uma ideia, um litro de leite materno dá para amamentar dez bebês.



Doe uma porção de arroz para a pessoa necessitada mais próxima. Essa é a ideia do #ricebucketchallenge (desafio do balde de arroz), da indiana Manju Kalanidihi (Reprodução Facebook)
Doe uma porção de arroz para a pessoa necessitada mais próxima. Essa é a ideia do #ricebucketchallenge (desafio do balde de arroz), da indiana Manju Kalanidihi
Já a jornalista indiana Manju Kalanidihi, incorporou a ideia para lançar uma campanha de combate à fome. Ao invés, de gelo, uma porção de arroz para ser entregue à pessoa necessitada mais próxima. O gesto também deve ser registrado e postado em alguma rede social acompanhado da hashtag #ricebucketchallenge (desafio do balde de arroz). Lançada no último domingo, a página no Facebook já supera as 30 mil curtidas. Veja.

Desafiando prognósticos
A esclerose lateral amiotrófica (ELA) não tem cura, não se conhece a causa e a expectativa de vida é variável, mas a maioria vive três anos após o diagnóstico. No entanto, o físico inglês Stephen William Hawking, 72 anos, convive com a doença há décadas, desafia o prognóstico e sua história virou filme. A Teoria do Tudo ainda não foi lançado no Brasil. Assista ao trailer:


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