Testes de vacina contra o Ebola serão acelerados; novo balanço da OMS registra 1.552 mortes
O anúncio coincide com a advertência da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o vírus Ebola pode afetar a médio prazo até 20.000 pessoas
O anúncio coincide com a advertência da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o vírus Ebola pode afetar a médio prazo até 20.000 pessoas, mas que espera deter a progressão da doença nos próximos três meses. Os testes para medir a segurança e efetividade da vacina acontecerão, entre outros centros médicos, no Instituto Jenner da Universidade de Oxford.
Ao mesmo tempo em que os testes serão realizados, a GlaxoSmithKline produzirá 10.000 doses para que, no caso de êxito dos testes, a OMS possa iniciar imediatamente um programa de vacinação de emergência nas comunidades mais afetadas.
Os testes devem ser concluídos ao fim de 2014. "Os acontecimentos trágicos na África exigem uma resposta urgente", disse o professor Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner.
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Os tratamentos disponíveis
Vários medicamentos antivirais e vacinas experimentais estão sendo preparados como resposta inicial à epidemia sem precedentes de Ebola que assola o oeste da África, embora não necessariamente em grandes quantidades.
Nenhum deles foi homologado para tratar o Ebola. Segundo o epidemiologista da Universidade de Oxford Olivier Brady, pelo menos 30.000 pessoas precisam de tratamento ou vacina.
TRATAMENTOS
- O ZMapp é um coquetel de três anticorpos "monoclonais" desenvolvidos pela Mapp Bio (Biopharmaceutical), em parte derivado do tabaco, graças ao laboratório Kentucky BioProcessing (filial da fabricante de cigarros) e à engenharia genética.
Nunca testado anteriormente em humanos, apesar de ter obtido resultados relativamente bons com os macacos, este medicamento foi administrado a pelo menos sete pessoas: dois americanos ficaram curados, um padre espanhol e um médico liberiano faleceram, e um médico e um doente liberiano, assim como um doente britânico repatriado de Serra Leoa, estão sendo tratados.
Mas as reservas deste tratamento já se esgotaram, indicou a empresa em 12 de agosto. Seriam necessários vários meses antes de obter uma "quantidade inclusive modesta", segundo Anthony Fauci, diretor do instituto americano de alergias e doenças infecciosas NIAID/NIH.
- O Avigan (favipiravir ou "T-705"), antiviral homologado para a gripe da Toyama Chemical (filial do grupo FujiFilm) está na etapa de testes clínicos nos Estados Unidos. Ele inibe a reprodução do vírus nas células e foi testado com sucesso em roedores infectados com Ebola.
Vantagem: são comprimidos mais fáceis de usar em regiões com infraestrutura médica limitada.
O grupo japonês, que diz estar "disposto a responder aos pedidos individuais" dos trabalhadores da saúde, recebeu solicitações do exterior e assegura dispor de "reservas suficientes para mais de 20.000 pessoas".
- O TKM-Ebola da empresa canadense Tekmira foi objeto de um contrato de 140 milhões de dólares do Departamento americano de Defesa para ser desenvolvido. A empresa, que tinha retomado um teste clínico suspenso, está à espera da luz verde da FDA para sua utilização em pacientes afetados. Indicou que também está em discussões com outras agências governamentais, ONGs e a OMS.
- O GBV006, da Globavir Biosciences, é um coquetel de moléculas já aprovadas individualmente pela autoridade americana que regula medicamentos, a FDA, que o testou em roedores. A empresa informou à AFP, no entanto, que "é possível fazer pesquisas diretas nos pacientes". Ela não apresentou solicitação de testes finais à FDA, embora tenha garantido que pode produzir rapidamente uma centena de doses deste tratamento "em semanas".
- O AVI-7537, da Sarepta Therapeutics, desenvolvido por contrato com o Pentágono em 2010, mostrou-se eficaz em macacos com Ebola, com uma taxa de cura de 60% a 80% contra nenhuma no grupo de controle. O produto foi bem tolerado em um teste clínico com uma pequena quantidade de indivíduos saudáveis (não infectados), primeira etapa do processo de testes anteriores à comercialização.
O laboratório disse estar "disposto" a fabricar seu produto "para tê-lo disponível em caso de necessidade" e precisa dispor atualmente de suficiente AVI-7537 para tratar duas dezenas de pacientes.
- Soro de convalescença (anticorpos de gente curada) que faz parte das opções.
VACINAS
Entre as vacinas, está a da empresa inglesa GSK, cujo estudo de inocuidade (primeira etapa de testes com humanos) está previsto para setembro, "primeiro nos Estados Unidos e certamente em um país africano", segundo Jean-Marie Okwo-Bele, diretor do departamento de vacinas e imunização da OMS. Ela pode estar disponível para os funcionários de saúde a partir de 2015, segundo Fauci.
A vacina GSK é feita com um vetor viral inofensivo na qual foram inseridos dois genes - não infecciosos - do Ebola. Este preparo desencadeia a fabricação de uma proteína contra a qual o organismo aprenderá a se defender.
O Canadá anunciou que doará à OMS entre 800 e 1.000 doses de uma vacina (o VSV-EBOV), que por enquanto está armazenada em Winnipeg.
O NIAID/NIH americano apoia, entre outras, a empresa farmacêutica Crucell (Johnson & Johnson) no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus Ebola/Marburg, já testada em humanos. Um novo teste clínico de fase 1 (provas em voluntários saudáveis) está previsto para entre o final de 2015 e o início de 2016, segundo o NIAID.
Novo balanço da OMS registra 1.552 mortes
A OMS anunciou nesta quinta-feira que até 26 de agosto morreram 1.552 pessoas das 3.069 que contraíram o vírus Ebola em quatro países da África ocidental. O balanço anterior da organização, que destaca um avanço de forma acelerada da epidemia, registrava a morte de 1.427 pessoas e 2.615 casos de Ebola até 20 de agosto.