Pesquisa contraria estudos que mostram que o leite tem papel importante na prevenção da osteoporose

Estudo mostrou também que tanto em homens quanto em mulheres observados por anos, o índice de mortalidade foi maior entre aqueles que tomavam mais de três copos de leite por dia (média de 680 ml) do que entre os que consumiam até um copo

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Agência Estado Publicação:29/10/2014 14:36Atualização:29/10/2014 15:32
Cientistas dizem que os resultados do estudo devem ser interpretados de forma cautelosa (Reprodução Internet)
Cientistas dizem que os resultados do estudo devem ser interpretados de forma cautelosa
Contrariando hipótese bem aceita e difundida na medicina, um estudo sueco divulgado nesta terça-feira (28/10) aponta que o alto consumo de leite não reduz a ocorrência de fraturas ósseas e pode até aumentar o risco de morte. A pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Uppsala, na Suécia, e publicada no periódico The British Medical Journal, do Reino Unido, mostrou que, tanto em homens quanto em mulheres observados por anos, o índice de mortalidade foi maior entre aqueles que tomavam mais de três copos de leite por dia (média de 680 ml) do que entre os que consumiam até um copo.

Além disso, não foi observada a redução do risco de fraturas em nenhum dos participantes, resultado que contraria estudos que mostram que o leite tem papel importante na prevenção da osteoporose.

Os cientistas suecos ressaltam, porém, que os resultados do estudo devem ser interpretados de forma cautelosa, uma vez que a pesquisa foi observacional e ainda não fornece evidências suficientes para provar a relação de causa e efeito entre o consumo do leite e a ocorrência de fraturas e mortes.

Eles defendem que, a partir desse resultado, novos estudos sejam feitos sobre o tema para avaliar a real necessidade de mudar as recomendações sobre a quantidade de produto que deve ser consumida diariamente.

Razões
Embora a pesquisa ainda não permita conclusões definitivas, a hipótese dos pesquisadores suecos é de que o consumo de leite possa ser prejudicial por causa dos altos índices de lactose e galactose, tipos de açúcar presentes na bebida, que, de acordo com estudos anteriores feitos em animais, aumentam o estresse oxidativo no organismo e os processos inflamatórios crônicos.

A hipótese de que os açúcares seriam os vilões do leite ganha força com outra constatação da pesquisa: houve queda no número de fraturas e de mortes entre o grupo que consumia altos índices de produtos fermentados derivados do leite que têm baixos níveis de lactose, incluindo alguns tipos de iogurte e queijo.

Metodologia
Para avaliar a relação entre o consumo de leite e a ocorrência de fraturas e mortes, os cientistas da Universidade de Uppsala acompanharam um grupo de 61.433 mulheres por 20 anos, período no qual foram registradas 15.541 mortes e 17.252 fraturas. O outro grupo foi formado por 45.339 homens, acompanhados por 11 anos, quando ocorreram 10.112 óbitos e 5.066 fraturas.

De acordo com a pesquisa, a não redução do risco de fraturas e o aumento da mortalidade foram mais relevantes entre as participantes do sexo feminino. O estudo mostrou ligação entre o consumo do produto e o aumento do estresse oxidativo.

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