Caso inédito: laranja provoca grave crise alérgica em menina

A criança de 2 anos é o primeiro caso de reação alérgica com risco de vida, chamada anafilaxia, após comer a fruta

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Bruna Sensêve - Correio Braziliense Publicação:10/11/2014 09:30Atualização:07/11/2014 13:36
Pesquisadores fazem associação da alergia com asma para explicar a anafilaxia (SXC.hu)
Pesquisadores fazem associação da alergia com asma para explicar a anafilaxia
Na Pensilvânia, nos Estados Unidos, uma menina de apenas 2 anos e meio apavorou os pais ao sofrer uma reação alérgica grave inusitada. Os lábios e língua da garota incharam, a pele estourou em urticárias e uma dificuldade acentuada em respirar fizeram com que a família fosse imediatamente para uma sala de emergência e, em seguida, levada de helicóptero a uma unidade de terapia intensiva. Tudo isso, acredite, por causa de uma laranja. A criança é o primeiro caso de reação alérgica com risco de vida, chamada anafilaxia, após comer a fruta. A história foi relatada em um trabalho divulgado nesta quinta-feira (6/11), na Reunião Científica Anual do Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI), que acontece nesta semana em Atlanta.

Os pesquisadores trazem ainda como motivação para a reação alérgica alimentar uma associação comum, porém pouco conhecida, com a asma. Ainda que isso passe despercebido pela maioria das pessoas, alergias e asma andam lado a lado. Estima-se que cerca de 90% das crianças diagnosticadas com o problema respiratório também tenham algum tipo de alergia. A questão é ainda mais profunda uma vez que, se a doença não for diagnosticada, ou se for mal controlada, os pacientes mais novos podem estar em risco de desenvolver reações alérgicas alimentares bastante complicadas.

“Ela comeu uma laranja e, em poucos minutos, tinha desenvolvido anafilaxia grave”, relatou o alergista e membro do ACAAI Sigrid DaVeiga. “Após o tratamento e 48 horas de internação, a menina se recuperou e era confiável a liberação para casa”, completou. Com a situação sob controle, os especialistas se dedicaram a recolher o histórico médico detalhado da pequena paciente. Concluíram que, anteriormente, a criança não teve qualquer reação ao beber suco de laranja. Mais importante que isso: ela tinha sido diagnosticada com asma. Novos exames para comprovar a alergia revelaram que a forte reação também poderia acontecer quando a criança for exposta ao pêssego.

Diversas recomendações foram feitas após a superação do problema, como evitar ambas as frutas, obviamente. Porém, um dos pontos principais do tratamento deverá ser o início de uma terapia direcionada à asma. Juntas, as duas recomendações vão “manter as futuras reações alérgicas sob controle”, garantiu o alergista. De acordo com ACAAI, é muito raro alguém ter qualquer reação alérgica grave, ou disposição a ela, ligada a laranjas.

Reação fatal
Trata-se de uma reação alérgica aguda, generalizada, potencialmente grave e ocasionalmente mortal. Ela nunca ocorre na primeira exposição a um alergênio. A reação anafilática começa quando o alergênio entra na corrente sanguínea e reage com um anticorpo da classe imunoglobulina E (IgE). Esse contato incita as células a libertar a histamina e outras substâncias que participam das reações imunes inflamatórias. Como resposta, as vias respiratórias dos pulmões podem se fechar e provocar a asfixia; os vasos sanguíneos se dilatam e reduzem a pressão arterial; e as paredes dos vasos sanguíneos podem deixar sair líquido, causando edema e urticária. Além disso, o coração pode funcionar mal, bater de forma irregular e bombear sangue de forma inadequada.

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