Problema de Andressa Urach tem origem na aplicação de polimetilmetacrilato e não apenas de hidrogel
Quadro de saúde da modelo de 27 anos é grave. Ela segue internada na UTI do Hospital Conceição, em Porto Alegre
Valéria Mendes - Saúde Plena
Publicação:02/12/2014 16:29Atualização: 02/12/2014 17:14
Liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o hidrogel é uma mistura composta por 98% de água e 2% de poliamida, é absorvível pelo corpo e indicado para preencher pequenos volumes, no máximo 4ml, como por exemplo, no rosto. O efeito seria similar ao do ácido hialurônico, muito usado para o preenchimento facial.
No caso da modelo, que está internada em estado grave e respirando com a ajuda de aparelhos, as complicações são consequência de um procedimento feito para a retirada de polimetilmetacrilato na região da perna após a necrose do músculo. A substância, que não é absorvida pelo organismo, é chamada popularmente de acrílico. O produto é também liberado pela Anvisa, mas tem indicações precisas como o uso em cirurgias ortopédicas para colar osso e uso estético em pacientes HIV positivos que apresentam deformação no rosto.
"O hidrogel foi usado como vetor base para a aplicação do polimetilmetracrilato, mas as pessoas estão associando o problema de saúde da modelo a essa substância por causa do caso de Goiânia”, afirma o Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional Minas Gerais (SBCP-MG), Antônio Carlos Vieira. Ele cita a morte de Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, após procedimento estético para aumentar o volume do bumbum.
O complicador, segundo Antônio Carlos Vieira, é que para retirar o polimetilmetracrilato do corpo precisa fazer uma grande cicatriz já que a substância gruda na musculatura ou adere ao tecido gorduroso. Possivelmente para evitar essa marca, Urach optou por um processo de aspiração, que é similar à técnica de lipoaspiração. “A tentativa por aspiração de retirar o produto do corpo da modelo não está errada, mas o método mais eficaz seria cortar e abrir”, diz.
Problemas começam a aparecer
Há cinco anos, o Brasil viveu um boom na aplicação de injeção de polimetilmetracrilato para aumentar, principalmente, o volume do bumbum - procedimento comumente realizado por profissionais da Medicina Estética. “As consequências estão aparecendo agora”, afirma o presidente da SBCP-MG. Ele relata que recebe pacientes em seu consultório pedindo para retirar a substância do corpo e conta que, na época do frio, o acrílico fica tão gelado que as mulheres sentem dor. “Para retirar o produto do bumbum, por exemplo, a cicatriz é enorme, pode causar uma grande ferida”, detalha o presidente da SBCP.
Antônio Carlos Vieira diz que a Anvisa proíbe a manipulação do polimetilmetracrilato, mas laboratórios clandestinos alteram o produto. “Esperamos (a SBCP) o resultado do inquérito do caso de Goiânia para termos ideia do que está sendo injetado por esse mercado ilegal nas mulheres”, declara. Ele suspeita, inclusive, que silicone industrial esteja misturado a essa injeção de polimetilmetracrilato. “Os problemas, as deformidades aparecem entre três e cinco anos após o procedimento”, afirma.
Para ele, é pouco provável que o hidrogel – usado também no tratamento de feridas - tenha sido usado para aumentar o volume do bumbum da goiana Maria José Medrado de Souza Brandão. Antônio Carlos Vieira explica que 1ml de ácido hialurônico, substância similar ao hidrogel, tem custo aproximado de R$ 400 e, por ser absorvível, tem duração aproximada no corpo de um ano. Dessa forma, para dar volume ao bumbum, como era o objetivo de Maria José, o valor de 300ml da substância, por exemplo, chegaria a R$ 120 mil.
O cirurgião plástico ressalta que mulheres e homens que desejarem injetar algum produto para melhorar o aspecto da pele ou as formas do corpo, devem se informar sobre o que será usado para conseguir esse resultado. Após a morte de Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, em Goiânia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) também alertou que procedimentos invasivos devem ser feitos apenas por médicos. “O alerta vale para casos de preenchimento de partes do corpo com finalidade estética”, declarou em nota enviada à imprensa.
De acordo com a assessoria do hospital, Andressa está sedada e respira com o auxílio de aparelhos
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Aumentar o volume de alguma parte do corpo há tempos já é moda no Brasil e a recomendação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é clara: o método mais seguro é usar a gordura do próprio corpo ou o implante de silicone (clique e saiba mais). Mesmo com todos os alertas, é rotina no noticiário nacional complicações e até morte devido a procedimentos estéticos. O caso mais recente, o da modelo Andressa Urach, 27 anos, ganhou grande repercussão, mas a informação amplamente divulgada - a de que as complicações estão associadas unicamente à aplicação de hidrogel -, está equivocada. Liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o hidrogel é uma mistura composta por 98% de água e 2% de poliamida, é absorvível pelo corpo e indicado para preencher pequenos volumes, no máximo 4ml, como por exemplo, no rosto. O efeito seria similar ao do ácido hialurônico, muito usado para o preenchimento facial.
No caso da modelo, que está internada em estado grave e respirando com a ajuda de aparelhos, as complicações são consequência de um procedimento feito para a retirada de polimetilmetacrilato na região da perna após a necrose do músculo. A substância, que não é absorvida pelo organismo, é chamada popularmente de acrílico. O produto é também liberado pela Anvisa, mas tem indicações precisas como o uso em cirurgias ortopédicas para colar osso e uso estético em pacientes HIV positivos que apresentam deformação no rosto.
"O hidrogel foi usado como vetor base para a aplicação do polimetilmetracrilato, mas as pessoas estão associando o problema de saúde da modelo a essa substância por causa do caso de Goiânia”, afirma o Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional Minas Gerais (SBCP-MG), Antônio Carlos Vieira. Ele cita a morte de Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, após procedimento estético para aumentar o volume do bumbum.
Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, morreu Goiânia depois de ter sido submetida à aplicação de um tipo de hidrogel nas nádegas
Problemas começam a aparecer
Há cinco anos, o Brasil viveu um boom na aplicação de injeção de polimetilmetracrilato para aumentar, principalmente, o volume do bumbum - procedimento comumente realizado por profissionais da Medicina Estética. “As consequências estão aparecendo agora”, afirma o presidente da SBCP-MG. Ele relata que recebe pacientes em seu consultório pedindo para retirar a substância do corpo e conta que, na época do frio, o acrílico fica tão gelado que as mulheres sentem dor. “Para retirar o produto do bumbum, por exemplo, a cicatriz é enorme, pode causar uma grande ferida”, detalha o presidente da SBCP.
Antônio Carlos Vieira diz que a Anvisa proíbe a manipulação do polimetilmetracrilato, mas laboratórios clandestinos alteram o produto. “Esperamos (a SBCP) o resultado do inquérito do caso de Goiânia para termos ideia do que está sendo injetado por esse mercado ilegal nas mulheres”, declara. Ele suspeita, inclusive, que silicone industrial esteja misturado a essa injeção de polimetilmetracrilato. “Os problemas, as deformidades aparecem entre três e cinco anos após o procedimento”, afirma.
Para ele, é pouco provável que o hidrogel – usado também no tratamento de feridas - tenha sido usado para aumentar o volume do bumbum da goiana Maria José Medrado de Souza Brandão. Antônio Carlos Vieira explica que 1ml de ácido hialurônico, substância similar ao hidrogel, tem custo aproximado de R$ 400 e, por ser absorvível, tem duração aproximada no corpo de um ano. Dessa forma, para dar volume ao bumbum, como era o objetivo de Maria José, o valor de 300ml da substância, por exemplo, chegaria a R$ 120 mil.
O cirurgião plástico ressalta que mulheres e homens que desejarem injetar algum produto para melhorar o aspecto da pele ou as formas do corpo, devem se informar sobre o que será usado para conseguir esse resultado. Após a morte de Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, em Goiânia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) também alertou que procedimentos invasivos devem ser feitos apenas por médicos. “O alerta vale para casos de preenchimento de partes do corpo com finalidade estética”, declarou em nota enviada à imprensa.