Plantas que curam: livro cataloga quase 400 espécies medicinais encontradas em Minas
Obra traz informações sobre aplicação, toxicidade e a melhor forma de preparo
Paula Takahashi
Publicação:03/12/2014 10:00Atualização: 02/12/2014 12:41
Quem poderia imaginar que Minas Gerais abriga, pelo menos, 383 espécies de plantas medicinais? A farmacêutica Telma Sueli Mesquita Grandi decidiu reunir cada uma delas no livro digital 'Tratado das plantas medicinais mineiras' e presta um grande serviço para os adeptos dessa alternativa milenar de tratamento de doenças.
Além da descrição minuciosa dos exemplares nativos ou cultivados no estado, o livro traz informações detalhadas sobre aplicação, toxicidade, a melhor forma de preparo, a possibilidade de ser incompatível com alguns medicamentos, os nomes populares e até contraindicações. “Aponto inclusive a parte que pode ser usada, já que, em muitos casos, não é a planta toda que contém as propriedades desejadas, mas apenas a folha ou a semente, por exemplo”, acrescenta a autora.
Outra orientação importante é quanto à forma de preparo, muitas vezes equivocada. “As pessoas acham que tudo é preparado do mesmo jeito, mas não é. Se a parte medicinal está na essência, por exemplo, ao se cozinhar perde-se essa essência e, consequentemente, os benefícios”, explica Telma.
A obra também tem a intenção de desmistificar a máxima de que, por serem medicinais, essas plantas podem ser consumidas à vontade. “As pessoas acham que elas não são tóxicas e muitas delas são venenosas sim. A diferença entre o medicamento e o veneno muitas vezes está na dosagem”, alerta a especialista, que partiu da experiência de quase 40 anos na área para consolidar o trabalho. Com 1,2 mil páginas, o livro digital ainda traz imagens de cada uma das espécies descritas para auxiliar na identificação do exemplar.
O grande diferencial é que o registro dessas imagens foi feito por meio de aquarela e não das tradicionais fotografias. “São obras de artistas mineiros. Coletava as plantas com flor e as levava para eles desenharem e pintar”, conta. Arte que demorou cerca de três anos para ser finalizada. O início exato do levantamento completo Telma não sabe precisar com muita certeza.
HISTÓRIA
O que se sabe é que a farmacêutica especializada em plantas medicinais foi a precursora do herbário montado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Comecei a dar aula na Faculdade de Farmácia em 1968 e fazia parte da disciplina montar um herbário, que é uma coleção de folhas secas”, conta. Os alunos iam para o interior do estado em busca dos exemplares e levavam para a faculdade para que fossem determinadas suas características. “Identificávamos a família, gênero, espécie, nome vulgar, entre outras informações”, lembra. Além da UFMG, onde estão catalogadas 100 mil espécies, Telma foi responsável por iniciar herbários em Uberaba, na Fundação Zoobotânica e na Newton Paiva.
Do registro histórico surgiu o interesse em prestar um serviço não apenas para a sociedade em geral, como também para a comunidade acadêmica. “Há uma carência de materiais botânicos e os próprios alunos começaram a pedir por esse livro”, conta a autora. A descrição minuciosa da família, nome científico e demais características da planta, como folhagem e área onde é encontrada, auxilia ainda no estudo dessas espécies. “É muito vasta a utilização e vale não apenas para estudantes de farmácia, mas até para outras disciplinas de botânica.”
ALFAZEMA-VERDADEIRA
» Partes usadas: flores e sumidades floridas
» Formas farmacêuticas: infuso, decocto, alcoolatura, cataplasma ou óleo
» Indicação: reumatismo, anúria, aperitivo, cãimbras, asma, sinusite e afecções do fígado e do baço
» Preparo: Usa-se o infuso de 3 a 5 gramas de flor seca em 1 xícara de água fervente, de três a quatro vezes ao dia. Decocto: 50 gramas de flores secas por litro; de 4 a 6 xícaras das de café para asma. Externamente é usada em loções estimulantes antissépticas e cicatrizantes
» Interações medicamentosas e associações: pode ser associada ao alecrim para auxiliar em casos de depressão. Com a valeriana e rabo-de-tatu para a cefaleia. Evite o uso concomitante com álcool, benzodiazepínicos e narcóticos, que podem potencializar seus efeitos.
» Contraindicação: lactantes e pacientes em uso de agentes sedativos. Deve ser evitado o uso excessivo no início da gravidez devido ao efeito emenagogo (aumento do fluxo menstrual).
ERVA-DE-PASSARINHO
» Partes usadas: caules e folhas
» Formas farmacêuticas: infuso, decocto, extrato fluido, tintura, xarope e sumo
» Indicação: peitoral, usado nas afecções das vias respiratórias tais como tosse, bronquite, pneumonia. Modifica as secreções e com especial ação descongestionante.
» Preparo: o infuso e o decocto são usados a 5% e tomadas de 2 a 3 xícaras ao dia; e o extrato fluido, de 2ml a 10ml ao dia.
CONFREI
» Outros nomes: consólida, consólida-maior, orelha-de-burro, capim-roxo-da-rússia, erva-de-cardeal
» Partes usadas: raízes e folhas
» Formas farmacêuticas: infuso, decocto, pó, pomada, creme, sumo, salada e cataplasma
» Indicação: consolidação de fraturas ósseas, dores lombares, câncer, frieira, úlceras, hepatite, erisipela, hipertensão arterial, doenças do fígado e do estômago, azia e doenças de pele.
» Preparo: usar meia folha de 20 centímetros de comprimento em um copo com água ou suco de laranja. Bater no liquidificador e coar. Tomar durante, no máximo, 10 dias.
» Interações medicamentosas e associações: pode ser combinada com a alteia para aplicação externa em cremes. Evitar combinação com outras drogas que possam danificar o fígado.
Farmacêutica Telma Grandi partiu da experiência de quase 40 anos na área para consolidar o trabalho
Além da descrição minuciosa dos exemplares nativos ou cultivados no estado, o livro traz informações detalhadas sobre aplicação, toxicidade, a melhor forma de preparo, a possibilidade de ser incompatível com alguns medicamentos, os nomes populares e até contraindicações. “Aponto inclusive a parte que pode ser usada, já que, em muitos casos, não é a planta toda que contém as propriedades desejadas, mas apenas a folha ou a semente, por exemplo”, acrescenta a autora.
Outra orientação importante é quanto à forma de preparo, muitas vezes equivocada. “As pessoas acham que tudo é preparado do mesmo jeito, mas não é. Se a parte medicinal está na essência, por exemplo, ao se cozinhar perde-se essa essência e, consequentemente, os benefícios”, explica Telma.
Saiba mais...
Para tirar o maior proveito de cada uma das espécies, o tratado consolidado pela farmacêutica orienta sobre os casos em que se deve usar a infusão, cocção e até se é para uso externo ou ingestão. “No caso do infuso, por exemplo, deve-se jogar água fervente sobre a planta, enquanto no decocto a planta é colocada na água fria e levada à fervura até o cozimento”, descreve a especialista, mostrando que há diferenças para extrair o melhor de cada variedade. Detalhes sobre as formas de preparo estão disponíveis para os leitores.- Pesquisadores buscam plantas que tratam de doenças crônicas como diabetes
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A obra também tem a intenção de desmistificar a máxima de que, por serem medicinais, essas plantas podem ser consumidas à vontade. “As pessoas acham que elas não são tóxicas e muitas delas são venenosas sim. A diferença entre o medicamento e o veneno muitas vezes está na dosagem”, alerta a especialista, que partiu da experiência de quase 40 anos na área para consolidar o trabalho. Com 1,2 mil páginas, o livro digital ainda traz imagens de cada uma das espécies descritas para auxiliar na identificação do exemplar.
O grande diferencial é que o registro dessas imagens foi feito por meio de aquarela e não das tradicionais fotografias. “São obras de artistas mineiros. Coletava as plantas com flor e as levava para eles desenharem e pintar”, conta. Arte que demorou cerca de três anos para ser finalizada. O início exato do levantamento completo Telma não sabe precisar com muita certeza.
O que se sabe é que a farmacêutica especializada em plantas medicinais foi a precursora do herbário montado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Comecei a dar aula na Faculdade de Farmácia em 1968 e fazia parte da disciplina montar um herbário, que é uma coleção de folhas secas”, conta. Os alunos iam para o interior do estado em busca dos exemplares e levavam para a faculdade para que fossem determinadas suas características. “Identificávamos a família, gênero, espécie, nome vulgar, entre outras informações”, lembra. Além da UFMG, onde estão catalogadas 100 mil espécies, Telma foi responsável por iniciar herbários em Uberaba, na Fundação Zoobotânica e na Newton Paiva.
Do registro histórico surgiu o interesse em prestar um serviço não apenas para a sociedade em geral, como também para a comunidade acadêmica. “Há uma carência de materiais botânicos e os próprios alunos começaram a pedir por esse livro”, conta a autora. A descrição minuciosa da família, nome científico e demais características da planta, como folhagem e área onde é encontrada, auxilia ainda no estudo dessas espécies. “É muito vasta a utilização e vale não apenas para estudantes de farmácia, mas até para outras disciplinas de botânica.”
» Partes usadas: flores e sumidades floridas
» Formas farmacêuticas: infuso, decocto, alcoolatura, cataplasma ou óleo
» Indicação: reumatismo, anúria, aperitivo, cãimbras, asma, sinusite e afecções do fígado e do baço
» Preparo: Usa-se o infuso de 3 a 5 gramas de flor seca em 1 xícara de água fervente, de três a quatro vezes ao dia. Decocto: 50 gramas de flores secas por litro; de 4 a 6 xícaras das de café para asma. Externamente é usada em loções estimulantes antissépticas e cicatrizantes
» Interações medicamentosas e associações: pode ser associada ao alecrim para auxiliar em casos de depressão. Com a valeriana e rabo-de-tatu para a cefaleia. Evite o uso concomitante com álcool, benzodiazepínicos e narcóticos, que podem potencializar seus efeitos.
» Contraindicação: lactantes e pacientes em uso de agentes sedativos. Deve ser evitado o uso excessivo no início da gravidez devido ao efeito emenagogo (aumento do fluxo menstrual).
ERVA-DE-PASSARINHO
» Partes usadas: caules e folhas
» Formas farmacêuticas: infuso, decocto, extrato fluido, tintura, xarope e sumo
» Indicação: peitoral, usado nas afecções das vias respiratórias tais como tosse, bronquite, pneumonia. Modifica as secreções e com especial ação descongestionante.
» Preparo: o infuso e o decocto são usados a 5% e tomadas de 2 a 3 xícaras ao dia; e o extrato fluido, de 2ml a 10ml ao dia.
» Outros nomes: consólida, consólida-maior, orelha-de-burro, capim-roxo-da-rússia, erva-de-cardeal
» Partes usadas: raízes e folhas
» Formas farmacêuticas: infuso, decocto, pó, pomada, creme, sumo, salada e cataplasma
» Indicação: consolidação de fraturas ósseas, dores lombares, câncer, frieira, úlceras, hepatite, erisipela, hipertensão arterial, doenças do fígado e do estômago, azia e doenças de pele.
» Preparo: usar meia folha de 20 centímetros de comprimento em um copo com água ou suco de laranja. Bater no liquidificador e coar. Tomar durante, no máximo, 10 dias.
» Interações medicamentosas e associações: pode ser combinada com a alteia para aplicação externa em cremes. Evitar combinação com outras drogas que possam danificar o fígado.
Serviço:
Baixe o livro gratuitamente no site www.plantasmedicinaismineiras.com.br.
Para ter acesso à versão que poderá ser impressa, peça o DVD (R$ 35) no site ou na própria editora (Rua Rio Grande do Sul 1.040, sala 16, Santo Agostinho/BH)
Informações: (31) 3291-0711 ou pelo e-mail plantasmedicinaismineiras@gmail.com
Baixe o livro gratuitamente no site www.plantasmedicinaismineiras.com.br.
Para ter acesso à versão que poderá ser impressa, peça o DVD (R$ 35) no site ou na própria editora (Rua Rio Grande do Sul 1.040, sala 16, Santo Agostinho/BH)
Informações: (31) 3291-0711 ou pelo e-mail plantasmedicinaismineiras@gmail.com