Boa para cálculo renal, quebra-pedra é também um ótimo analgésico
Brasileiros avaliam planta usada para cálculo renal e atestam que ela tem poder 20 vezes maior que famoso remédio mundial, podendo ser usada ainda como antiespasmódico
Bertha Maakaroun
Publicação:10/10/2015 14:43Atualização: 10/10/2015 14:53
Muito empregado no tratamento de cálculo renal, pesquisadores identificaram no popular chá de quebra-pedra, da espécie de planta Phyllanthus, importante ação anti-úlcera, antiespasmódica e analgésica – que apresentou potência 20 vezes superior à Aspirina. Tal poder foi atribuído a substâncias químicas como flavonoides e taninos isoladas da planta.
“Há 700 espécies diferentes do quebra-pedra no mundo. Estudamos 12 delas e confirmamos com modelos experimentais todos esses efeitos”, sustenta Valdir Cechinel Filho, vice-reitor da Universidade do Vale do Itajaí de Santa Catarina (Univali), e professor de pós-graduação, pesquisa, extensão e cultura da instituição.
Responsável pelo desenvolvimento do estudo sobre a química, farmacologia e potencial terapêutico da espécie de planta Phyllanthus, Valdir diz que os trabalhos são realizados em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A ação da planta sobre as chamadas pedras nos rins não é apenas crendice popular, mas cientificamente demonstrada. “Uma das espécies mais estudadas é o Phyllanthus niruri, abundante em vários países, incluindo o Brasil. Para essa espécie, comprovamos sua eficácia para atuação direta em cálculos renais, tanto diminuindo o tamanho da pedra como relaxando o canal da uretra, o que facilita sua eliminação”, acrescenta o vice-reitor.
CHÁ
Segundo o professor, que acaba de apresentar seu trabalho no 1º Congresso Mundial de Fitoterapia e 4º Simpósio Ibero-americano de Fitoterapia, em Lima, no Peru, além de estudos pré-clínicos em animais, o efeito do quebra-pedra já foi amplamente confirmado em seres humanos, demonstrando que o uso de chá, especialmente do Phyllanthus niruri, é benéfico para o tratamento de afecções renais.
O extrato de Phylanthus niruri também normaliza os níveis altos de cálcio urinário, diminuindo a formação dos cálculos em pacientes, provavelmente por interferir nos primeiros estágios de formação de pedra nos rins.
FITOTERAPIA
O termo fitoterapia deriva do grego – phyton significa vegetal, e therapeia quer dizer tratamento. Consiste no uso interno ou externo de vegetais para o tratamento de doenças, sejam eles in natura ou sob a forma de medicamentos. A prática de usar as plantas para a cura é tão antiga quanto a mais antiga das civilizações: estudos arqueológicos em ruínas na região do Irã sugerem que há 60 mil anos eram empregadas plantas para fins medicinais. Os primeiros registros de fitoterápicos datam da China, do período de 3.000 a.C.: foram catalogadas a pedido do imperador 365 ervas medicinais e venenos, no primeiro herbário de que se tem notícia. No Brasil, a utilização de ervas medicinais tem na prática indígena o seu maior legado.
Conheça algumas plantas medicinais estudadas pela Universidade do Vale do Itajaí de Santa Catarina (Univali)
Sebastiania schottiana Muell. Arg. (Euphorbiaceae)
Conhecida como sarandi-negro, branquicho, branquilho ou simplesmente quebra-pedra, cresce nas pequenas ilhas das corredeiras do Rio Itajaíaçu, em Santa Catarina. É usada pela população como remédio para combater afecções renais e infecções.
Os extratos das partes aéreas da planta têm ação antiespasmódica em diferentes preparações in vitro, efeito relacionado à presença de uma substância chamada xantoxilina, presente com bom rendimento na planta. Essa substância, usada como protótipo, originou inúmeros derivados com importantes ações farmacológicas, como antiespasmódicas, analgésicas, anti-inflamatórias e antifúngicas. Os estudos fitoquímicos realizados com as partes aéreas e com as raízes de S. schottiana revelaram também a presença de substâncias com notável ação analgésica em diferentes modelos de dor, os quais foram identificados como o glutinol e a moretenona, todos mostrando-se várias vezes mais potentes do que o extrato bruto de
alguns fármacos.
Epidentrum mosenii Rchb. F (Orchidacense)
Conhecida popularmente como orquídea-da-praia, a E. mosenii cresce na Região Sul do país, especialmente no litoral catarinense. É empregada para fins ornamentais e, algumas vezes, usada na medicina popular com finalidade terapêutica contra as patologias relacionadas aos processos dolorosos e infecciosos. A família Orchidacea contém várias plantas com variada ação farmacológica, mas os estudos relativos ao gênero Epidendrum são raros, e a E. mosenii foi investigada pela primeira vez pela Univali.
Buhinia splendens HBK (leguminosa) e Wedelia paludosa D.C. (compositae)
É uma planta nativa, encontrada em abundância na mata atlântica de diversas regiões do Brasil, sendo conhecida como cipó-unha-de-boi, escada-de-macaco ou escada-de-jabuti, devido a uma peculiaridade de sua casca, muito similar a uma escada. É amplamente empregada na medicina popular para combater diversas patologias, principalmente as associadas a processos infecciosos e dolorosos. Os estudos de laboratório demonstraram que a planta tem princípios ativos que atuam como analgésicos e extratos contra distintas bactérias patogênicas, como Staphylococus aureus e Salmonella typhimurium.
Equipe da Universidade do Vale do Itajaí de Santa Catarina analisou 12 espécies da Phyllanthus, que tem mais de 700 tipos no mundo
“Há 700 espécies diferentes do quebra-pedra no mundo. Estudamos 12 delas e confirmamos com modelos experimentais todos esses efeitos”, sustenta Valdir Cechinel Filho, vice-reitor da Universidade do Vale do Itajaí de Santa Catarina (Univali), e professor de pós-graduação, pesquisa, extensão e cultura da instituição.
Responsável pelo desenvolvimento do estudo sobre a química, farmacologia e potencial terapêutico da espécie de planta Phyllanthus, Valdir diz que os trabalhos são realizados em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A ação da planta sobre as chamadas pedras nos rins não é apenas crendice popular, mas cientificamente demonstrada. “Uma das espécies mais estudadas é o Phyllanthus niruri, abundante em vários países, incluindo o Brasil. Para essa espécie, comprovamos sua eficácia para atuação direta em cálculos renais, tanto diminuindo o tamanho da pedra como relaxando o canal da uretra, o que facilita sua eliminação”, acrescenta o vice-reitor.
CHÁ
Segundo o professor, que acaba de apresentar seu trabalho no 1º Congresso Mundial de Fitoterapia e 4º Simpósio Ibero-americano de Fitoterapia, em Lima, no Peru, além de estudos pré-clínicos em animais, o efeito do quebra-pedra já foi amplamente confirmado em seres humanos, demonstrando que o uso de chá, especialmente do Phyllanthus niruri, é benéfico para o tratamento de afecções renais.
O extrato de Phylanthus niruri também normaliza os níveis altos de cálcio urinário, diminuindo a formação dos cálculos em pacientes, provavelmente por interferir nos primeiros estágios de formação de pedra nos rins.
FITOTERAPIA
O termo fitoterapia deriva do grego – phyton significa vegetal, e therapeia quer dizer tratamento. Consiste no uso interno ou externo de vegetais para o tratamento de doenças, sejam eles in natura ou sob a forma de medicamentos. A prática de usar as plantas para a cura é tão antiga quanto a mais antiga das civilizações: estudos arqueológicos em ruínas na região do Irã sugerem que há 60 mil anos eram empregadas plantas para fins medicinais. Os primeiros registros de fitoterápicos datam da China, do período de 3.000 a.C.: foram catalogadas a pedido do imperador 365 ervas medicinais e venenos, no primeiro herbário de que se tem notícia. No Brasil, a utilização de ervas medicinais tem na prática indígena o seu maior legado.
Conheça algumas plantas medicinais estudadas pela Universidade do Vale do Itajaí de Santa Catarina (Univali)
Conhecida como sarandi-negro, branquicho, branquilho ou simplesmente quebra-pedra, cresce nas pequenas ilhas das corredeiras do Rio Itajaíaçu, em Santa Catarina. É usada pela população como remédio para combater afecções renais e infecções.
Os extratos das partes aéreas da planta têm ação antiespasmódica em diferentes preparações in vitro, efeito relacionado à presença de uma substância chamada xantoxilina, presente com bom rendimento na planta. Essa substância, usada como protótipo, originou inúmeros derivados com importantes ações farmacológicas, como antiespasmódicas, analgésicas, anti-inflamatórias e antifúngicas. Os estudos fitoquímicos realizados com as partes aéreas e com as raízes de S. schottiana revelaram também a presença de substâncias com notável ação analgésica em diferentes modelos de dor, os quais foram identificados como o glutinol e a moretenona, todos mostrando-se várias vezes mais potentes do que o extrato bruto de
alguns fármacos.
Conhecida popularmente como orquídea-da-praia, a E. mosenii cresce na Região Sul do país, especialmente no litoral catarinense. É empregada para fins ornamentais e, algumas vezes, usada na medicina popular com finalidade terapêutica contra as patologias relacionadas aos processos dolorosos e infecciosos. A família Orchidacea contém várias plantas com variada ação farmacológica, mas os estudos relativos ao gênero Epidendrum são raros, e a E. mosenii foi investigada pela primeira vez pela Univali.
É uma planta nativa, encontrada em abundância na mata atlântica de diversas regiões do Brasil, sendo conhecida como cipó-unha-de-boi, escada-de-macaco ou escada-de-jabuti, devido a uma peculiaridade de sua casca, muito similar a uma escada. É amplamente empregada na medicina popular para combater diversas patologias, principalmente as associadas a processos infecciosos e dolorosos. Os estudos de laboratório demonstraram que a planta tem princípios ativos que atuam como analgésicos e extratos contra distintas bactérias patogênicas, como Staphylococus aureus e Salmonella typhimurium.