Ministro da Saúde da Turquia polemiza ao afirmar que única carreira da mulher deve ser a maternidade

Críticas que pipocaram nas redes sociais não mudaram parecer de Mehmet Müezzinoglu, que insistiu: "A maternidade não é uma carreira aberta a todos (...) é uma carreira indiscutível e sagrada"

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AFP - Agence France-Presse Publicação:02/01/2015 16:57Atualização:03/01/2015 20:52
Mehmet Müezzinoglu (ao centro) tenta pegar criança (AFP PHOTO / ADEM ALTAN )
Mehmet Müezzinoglu (ao centro) tenta pegar criança
O ministro da Saúde turco relançou a polêmica iniciada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan sobre o lugar "natural" da mulher, ao considerar nesta sexta-feira (02/01) que a maternidade deve ser a única "carreira" das mulheres uma vez que elas se tornam mães. "As mães não devem colocar outras carreiras que não a maternidade no centro de suas vidas. Educar as novas gerações deve estar no centro de suas preocupações", afirmou Mehmet Müezzinoglu, segundo a imprensa local.

A declaração foi feita durante uma visita às maternidades dos hospitais de Istambul para visitar os primeiros bebês do ano.  Não demorou para que a fala do ministro fosse alvo de críticas nas redes sociais. "A maternidade não é uma carreira", reagiu a escritora turca Eli Saf no Twitter. "As mulheres turcas devem decidir por elas mesmas seu próprio caminho na vida".

A deputada opositora Aylin Nazliaka sugeriu que Müezzinoglu "deixasse de falar". "Há motivos ocultos por trás dessas declarações. Seu objetivo é converter as mulheres em cidadãs de segunda classe", escreveu na rede social.

Mas as críticas não mudaram o parecer do ministro, que reforçou sua opinião.  "A maternidade não é uma carreira aberta a todos (...) é uma carreira indiscutível e sagrada", insistiu.

Acostumado dar declarações polêmicas, Erdogan protagonizou outra série de impropérios sobre a mesma questão - causando a indignação de integrantes do movimento feminista.

No final de novembro passado, o presidente turco declarou que a igualdade entre homens e mulheres era algo "contra a natureza" e ressaltou que o Islã "definiu um lugar para as mulheres: a maternidade".

No mês passado, o chefe de Estado, que defende com afinco um mínimo de três filhos por casal, comparou os métodos contraceptivos a uma "traição".

O islamo-conservador Erdogan, à frente do governo turco durante 11 anos antes de ser eleito presidente em agosto de 2014, é acusado com frequência de querer islamizar a sociedade turca e de limitar os direitos das mulheres.

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